Interdisciplinaridade: da totalidade à prática pedagógica

AutorFernando José Martins - Maristela Soldá - Noemi Ferreira Felisberto Pereira
CargoDoutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil - Mestranda em Sociedade, Cultura e Fronteiras na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, Brasil - Mestranda em Sociedade, Culturas e Fronteira na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, Brasil
Páginas1-18
http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2017v14n1p1
R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.14, n.1, p.01-18 Jan.-Abr. 2017
INTERDISCIPLINARIDADE: DA TOTALIDADE À PRÁTICA PEDAGÓGICA
Fernando José Martins
1
Maristela Soldá2
Noemi Ferreira Felisberto Pereira3
Resumo:
Este artigo faz reflexões sobre a interdisciplinaridade no intuito de contribuir na
compreensão de tal categoria. Partimos do pressuposto de que a realidade é
dinâmica, sendo os sujeitos que escrevem/desenham os circuitos da história,
influenciados pelo conjunto de relações sociais em que estão inseridos. Por isso, as
discussões teóricas tornam-se necessárias, pois buscam romper com a forma
tradicional do conhecimento e de escola. Assim, trabalhar na perspectiva da
interdisciplinaridade na proposta de uma escola pode propiciar uma formação para
emancipação humana, na qual os sujeitos inseridos têm a tarefa de tornar realidade
novas formas de organizar o espaço considerando a totalidade social. Baseada na
pesquisa bibliográfica de cunho qualitativa, discorreremos sobre a evolução da
ciência buscando apresentar os fatos que possibilitaram as mudanças de
paradigmas. Apresentamos, também, discussões sobre a interdisciplinaridade como
um caminho para compreensão dos fenômenos na perspectiva da totalidade e
finalizamos compreendendo o processo interdisciplinar na prática pedagógica.
Verificou-se que a interdisciplinaridade é uma necessidade decorrente da própria
evolução da ciência e da realidade social que é, ao mesmo tempo, una e diversa.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Totalidade. Historicidade. Realidade Social.
Prática Pedagógica.
1 INTRODUÇÃO
Entendemos que a produção do conhecimento cientifico não é prerrogativa
do homem contemporâneo. A evolução da ciência é um processo histórico que
desde a Grécia Antiga busca explicações sobre a natureza, o homem e o mundo
com pensadores como Sócrates, Platão, Aristóteles.
Na Idade Média a ciência era o estudo de Deus e, assim, a fé precedia o
conhecimento. Era a filosofia de Santo Agostinho, Boécio e Tomás de Aquino. Para
1 Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
Professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, PR, Brasil. E-mail:
fernandopedagogia2000@yahoo.com.br
2 Mestranda em Sociedade, Cultura e Fronteiras na Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
Cascavel, PR, Brasil. Professora da Rede Pública Municipal de Cascavel em Cascavel, PR, Brasil. E-
mail: maristelasolda@hotmail.com
3 Mestranda em Sociedade, Culturas e Fronteira na Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
Cascavel, PR. Técnica em Assuntos Educacionais na Universidade Federal da Integração Latino-
Americana, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. E-mail: naomiferreira@gmail.com
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Ranieri (2009) a ordem medieval, a sociedade dos nobres feudais, é naturalizada
por Agostinho como um reflexo da ordem dos céus.
Já no Renascimento o homem é o centro, apesar da religião manter seu
espaço de saber. Todavia a filosofia, a arte, a política e a moral possuíam os seus
respectivos lugares. Nesse sentido, o homem era um ser dinâmico, que faz sua
história, produz o seu destino. A atuação filosófica dos Renascentistas não abandou
a existência de um Deus, da religião, mas estipulou autonomia do conhecimento
humano.
O Iluminismo - que tinha em seu contexto o desenvolvimento vertiginoso do
capitalismo - marca o desenvolvimento da ciência moderna. Ranieri (2009) discorre
que é a época onde a razão é cultivada em busca do progresso do conhecimento e
da verdade. É a eterna suspeita sobre a natureza das coisas que requer um método
para responder as indagações da razão humana.
Tais passagens não se deram de forma cronológica e estanques, mas foi
um processo de idas e vindas que na contemporaneidade mostra a complexidade da
sociedade e torna necessária e imperiosa a investigação na sua essência.
Partindo desse pressuposto, qualquer análise no campo das ciências implica
tomá-las em relação inseparável entre o conjuntural e o estrutural. Em outras
palavras, impõe estudos sobre a categoria interdisciplinaridade e sua relação com a
prática pedagógica como uma necessidade que é resultado do próprio
desenvolvimento da ciência.
Baseado na pesquisa bibliográfica de cunho qualitativa os autores que
fundamentam este estudo na compreensão da categoria da interdisciplinaridade são
Alvarenga (2011), Etges (2011), Frigotto (2008 e 2012), Pombo (2008) e Fazenda
(2006). E para compreender a educação na perspectiva da totalidade, kosik (1986)
Marx (1982), Freitas (2012).
O artigo está organizado em três seções. A primeira destina-se a
contextualização da interdisciplinaridade a partir do desenvolvimento da ciência
moderna. Em seguida tratamos da relação interdisciplinaridade e totalidade. A
terceira seção interliga a interdisciplinaridade e a prática pedagógica no sentido de
trabalhar os conteúdos escolares a partir de construções interdisciplinares.

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