Interlocucoes do Projeto eticopolitico do Servico Social brasileiro com o mundo: entrevista com Esther Luiza de Souza Lemos.
Autor | de Castro Matos, Maurilio |
Cargo | ENTREVISTA |
Entrevista com Esther Luiza de Souza Lemos, assistente social graduada pela UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste do Parana), mestra e doutora em Servico Social, respectivamente pela Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo e Universidade Federal do Rio de Janeiro, e pos-doutora em Politica Social pela Universidade de Brasilia. Desde 1994 leciona no Curso de Servico Social da UNIOESTE, com insercao na graduacao e pos-graduacao stricto senso. Tem tido uma intensa participacao nos debates da profissao e na sua organizacao politica, com destaque para sua participacao no Conjunto CFESS-CRESS. Foi conselheira do CFESS nas gestoes "Tempo de luta e resistencia" (2011-2014) e "Tecendo na luta a manha desejada" (2014-2017), tendo coordenado a comissao de relacoes internacionais nas duas gestoes e sendo vice-presidente da entidade na segunda gestao. Participou do Comite Mercosul de Servico Social e da sua transformacao em Coordenacao do Comite Latinoamericano e Caribenho de Organizacoes Profissionais de Trabalho Social/Servico Social (COLACATS), sendo sua primeira coordenadora ate 2017, quando se encerrou a gestao.
EP--Quais os antecedentes historicos da participacao do CFESS na articulacao internacional?
Podemos dizer que o marco inicial da participacao do CFESS na articulacao internacional deu-se com a deliberacao do seu conselho pleno, apos analise cuidadosa, de filiar-se a Internacional Federation Social Workers--IFSW, cuja sigla na lingua portuguesa e Federacao Internacional de Trabalhadores(as) Sociais--FITS em 1995.
A partir de 1998, o CFESS tem participado das Assembleias Gerais da FITS e dos Congressos Mundiais de Servico Social, espacos coletivos da categoria que permitem o encontro, intercambio e socializacao das experiencias profissionais e organizativas. Sendo ao mesmo tempo um encontro com a diversidade de concepcoes sobre a profissao, a participacao do CFESS nesse espaco visa construir a articulacao e defesa da concepcao de Servico Social a partir da experiencia brasileira, respeitando as posicoes diferentes e mesmo antagonicas. Esse foi sempre um desafio.
A participacao nos encontros mundiais permitiu a aproximacao com a representacao das organizacoes profissionais latino-americanas e caribenhas, e particularmente, pela aproximacao regional, com as organizacoes dos paises do cone sul num momento de enfrentamento do neoliberalismo e de critica ao projeto do Mercosul.
Neste contexto e com um projeto de critica a dimensao economica proposta pelos governos da epoca, foi criado o Comite Mercosul de Organizacoes Profissionais de Trabalho Social/Servico Social no ano de 1996. Seu objetivo era fortalecer as organizacoes a partir do cone sul e incidir com organicidade no debate internacional. O Comite Mercosul reunia-se duas vezes ao ano e passou a construir um campo de articulacao latinoamericana em torno dos temas demandados pela FITS bem como a emitir posicionamentos a partir de sua insercao na conjuntura regional. Na experiencia do Comite Mercosul a participacao da Assistente Social Elaine Behring e da gestao do CFESS a epoca foi muito importante.
Ao mesmo tempo, o CFESS ao longo das ultimas 8 (oito) gestoes manteve sua participacao compondo a representacao da FITS--America Latina e Caribe com as seguintes conselheiras como vogais no cargo da vice-presidencia na regiao: Valdete de Barros (1998-2002), Joaquina Barata Teixeira (2004 -2008) e Ivanete Boschetti (2008-2012).
Ao longo destes 22 anos, fazendo um caminho de volta, considero cinco grandes e importantes contribuicoes do Servico Social brasileiro no ambito das relacoes internacionais. A primeira refere-se ao voto contrario a aprovacao da Definicao de Servico Social na assembleia geral de Montreal em 2000. Deste processo, depois de 10 anos, na...
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