Introdução

AutorDanielle Portugal de Biazi
Páginas1-4
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INTRODUÇÃO
É muito possível que há alguns parcos anos o compartilhamento de moradias
se restringisse aos pensionatos e repúblicas estudantis. Seria bastante ousado, en-
tão, sugerir que algumas empresas no futuro se tornariam referência no mercado
imobiliário na locação de moradias conjuntas, incluindo facilidades como faxina,
canais de TV por assinatura e serviços de streaming. Seria ainda mais curioso dizer
que os moradores se aproximariam por aplicativos digitais que demonstram o grau
de compatibilidade entre os pretensos locatários a dividir um imóvel em comum. Pois
é justamente fornecendo estes serviços, que a empresa paulistana Yuca, fundada em
2019, noticiou em novembro de 2020, ao jornal O Estado de S. Paulo, o lançamento
de um fundo imobiliário no valor de R$ 40 milhões.
O sucesso da empresa e de outras similares no mercado é consequência de um
movimento chamado por Jeremy Rifkin de “era do acesso”, período em que a pres-
tação de serviços ganha corpo em detrimento da aquisição de produtos. Referido
movimento foi mais contundente em relação ao mercado do entretenimento e teve
seus ref‌lexos rapidamente expandidos para outros setores da economia.
Se no passado ter muitos discos e CD’s era indispensável ao bom apreciador
da música, hoje basta assinar um serviço de streaming e ouvir qualquer artista do
mundo, a qualquer hora, em qualquer lugar mediante o pagamento de uma única
assinatura mensal. O mesmo aconteceu com o mercado cinematográf‌ico após o
lançamento de serviços como Netf‌lix e Prime Amazon. Não é mais preciso aguardar
que os f‌ilmes cheguem às locadoras. Eles são lançados diretamente na rede ao custo
de uma assinatura mensal inferior ao ingresso dos cinemas no Brasil.
O transporte, aos poucos, também se transformou com estes impactos. Carros
já não são bens indispensáveis aos moradores dos grandes centros urbanos, uma vez
que empresas como a Uber e similares desenvolveram aplicativos de carona. Cada vez
menos as pessoas buscam adquirir automóveis para além do estritamente necessário.
Exemplo disso é o crescimento em 265% do lançamento de imóveis sem garagem,
segundo pesquisa divulgada pela Revista Época, realizada entre 2014 e 2018.
O desenvolvimento tecnológico tem provocado uma série de transformações
nas maneiras de experimentação da propriedade. Este movimento não deixou de
afetar o mercado imobiliário. Ficam cada vez mais claras as buscas por facilidades
na moradia com a redução dos custos, do tamanho dos imóveis, relativas às preo-
cupações com mobilidade urbana e proximidade com o trabalho.
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