Investimento em capital fixo em Minas Gerais no período de 2005-2009: gargalo na infraestrutura de transporte rodoviário e na produção de bens de capital mais elaborados

AutorThiago Rafael Corrêa de Almeida
CargoBacharel em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro (FJP)
Páginas56-88
InvestImento em capItal fIxo em mInas
GeraIs no período de 2005-2009: GarGalo na
Infraestrutura de transporte rodovIárIo
e na produção de bens de capItal maIs
elaborados
Thiago Rafael Corrêa de Almeida1
Resumo
Este trabalho tem o objetivo de realizar um mapeamento dos investimentos
ou, na linguagem mais técnica, da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF)
em Minas Gerais no período 2005-2009. A metodologia utilizada para
esse propósito tem como referência os resultados do cálculo da FBCF pela
Fundação João Pinheiro (FJP) e outras fontes de dados complementares.
De forma resumida, pretende-se detalhar os investimentos com relação a
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do possível, buscou-se caracterizar o comportamento da FBCF por meio
das teorias econômicas dos determinantes do investimento.
Palavras-chave: Investimento, Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF),
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Economia de Minas Gerais.
 E22, E62, G11, G31.
1 Bacharel em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro (FJP), pós-graduado lato sensu em Estatística
com ênfase em indústria e mercado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Especialista em Políticas
Públicas e Gestão Governamental (EPPGG). Trabalha na Fundação João Pinheiro no Centro de Estatística e In-
formações (CEI) integrando a equipe de contas regionais (responsável pelo indicador do PIB trimestral de Minas
Gerais, estudos setoriais de conjuntura econômica e membro na elaboração da Tabela de Recursos e Usos de
Minas Gerais). Email: thiago.almeida@fjp.mg.gov.br
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Investimento em capital fixo em Minas Gerais no período de 2005-2009: gargalo na infraestrutura de
transporte rodoviário e na produção de bens de capital mais elaborados
Textos de Economia, Florianópolis, v.17, n.1, p.56-88, jan./jun.2014
1. IntRodução
Este trabalho tem o propósito de realizar uma análise descritiva e inter-
pretativa dos investimentos (ou da Formação Bruta de Capital Fixo – FBCF)
em Minas Gerais no período 2005-2009. Pretende-se caracterizar o padrão
e o comportamento dos investimentos no estado embasado nas diversas
teorias econômicas que tratam do assunto: desde a abordagem clássica e
neoclássica, passando pela teoria keynesiana, até as abordagens mais atuais
que tratam de outros fatores como a vulnerabilidade externa, a capacidade
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Assim, além de determinar a taxa de investimento total do estado em
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investimento cuja origem é importada (internacional ou interestadual) ou
que foi gerada dentro do próprio estado; detalhar, na medida do possível, os
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direta e a contribuição das empresas controladas pelo estado; analisar o
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os produtos que mais contribuíram para o nível de investimento em Minas
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ocorrência da crise econômica mundial (2008-2009). Portanto, as perguntas
que norteiam a realização do trabalho são: como estão os investimentos
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O artigo está estruturado em cinco partes. Além dessa seção introdutória
com o detalhamento dos objetivos, a seção seguinte (2) traz o referencial
teórico com os determinantes do investimento e será fundamental para o
diagnóstico e interpretação da FBCF estadual. A seção 3 evidencia a origem
das informações, das fontes de dados utilizadas e o nível de desagregação dos
produtos. Finalmente, a seção 4 traz a tabulação e a análise das informações
obtidas e os principais resultados e conclusões são apresentados na seção 5.
2. REfEREnCiaL TEóRiCo
Esta seção tem o intuito de elencar e descrever os fatores intervenientes
que afetam a decisão de realização do investimento e servirá como base para
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a interpretação da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) em Minas Gerais
no período de referência (2005-2009). Assim, pretende-se pontuar o conjunto
de variáveis ou de condicionantes que afetam a taxa de investimento tendo
como referencial as diversas teorias econômicas que abordam o assunto.
Com relação às teorias que elencam os fatores determinantes do inves-
timento podemos citar a visão clássica, a visão neoclássica, o pensamento
de Keynes e de Kalecki, passando pela abordagem pós-keynesiana até o
pensamento da aderência aos ciclos de liquidez internacional no que tange
à vulnerabilidade externa, que já se enquadra nos desenvolvimentos mais
recentes da teoria do investimento.
De acordo com a visão clássica acerca dos investimentos, toda produção
geraria uma renda de mesmo valor, de maneira que tudo que foi produzido
teria sua destinação garantida pela Lei de Say (GRASEL, 1996). Foi basea-
da nessa lei, de que a oferta agregada da economia determinaria o nível de
produção, que a escola clássica concluiu que o limite para a acumulação de
capital estaria relacionado com os recursos disponíveis interpretados como
a própria poupança. Assim, considerando que o investimento era realizado
com recursos próprios e de terceiros, os clássicos concluíram que a demanda
não representaria qualquer empecilho ao crescimento da produção (GRA-

sempre antecederiam os investimentos, isto é, na relação de causalidade entre
poupança e investimento conclui-se a precedência da taxa de poupança em
relação aos investimentos.
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quando foram postos em cheque a Lei de Say e os postulados da economia
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explicar os acontecimentos que antecederam a Grande Depressão (crise de
1929): Keynes e Kalecki. Com estes dois economistas o efeito de causalidade
entre poupança e investimento, destacado pela teoria clássica, se alterou: o
investimento passou a ser visto como criador e não exclusivamente como
resultante da poupança.
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e consumo dos capitalistas são os determinantes do lucro e, sendo assim,

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