José Régio na Presença: arte viva, modernismo e crítica
| Autor | Julio Cesar Rodrigues Cattapan |
| Cargo | UFF / CNPq |
| Páginas | 58-77 |
http://dx.doi.org/10.5007/1984-784X.2013v13n20p58
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|b. pesq. nelic, florianópolis, v. 13, n. 20, p. 58-77, 2013|
JOSÉ RÉGIO NA PRESENÇA
ARTE VIVA, MODERNISMO E CRÍTICA
Julio Cesar Rodrigues Cattapan
UFF / CNPq
RESUMO
Este artigo apresenta uma análise das críticas e
ensaios assinados por José Régio na revista Pre-
sença, publicação influente na primeira metade
do século XX em Portugal no que se refere à divul-
gação e à crítica de arte e literatura, notadamente
poesia. A análise volta-se, principalmente, para os
valores defendidos por Régio no que se refere à
crítica e à criação artística, com ênfase para o que
ele entende por arte viva, arte moderna e crítica.
Régio defende a originalidade da obra de arte,
alcançável somente quando o artista expressa li-
vremente sua personalidade. Propõe também que
é necessário ao crítico analisar a personalidade e
o mundo interior do artista para se chegar à com-
preensão de sua obra.
PALAVRAS-CHAVE: Revista Presença. José Régio.
Crítica. Arte viva. Arte moderna.
ABSTRACT
This article presents an analysis of the critiques
and essays by José Régio in the magazine
Presença, an influent publication in Portugal in
the first half of the 20th century regarding the
publicity and criticism of art and literature, mainly
poetry. The analysis focuses on the values es-
poused by Régio concerning criticism and artistic
creation, with emphasis on what he understands
as living art, modern art and criticism. Régio
stands for the originality of the work of art, which
is attained only when the artists freely expresses
his personality. He also proposes that it is neces-
sary for the critic to analyse the personality and
the inner world of the artist in order to understand
his work.
KEYWORDS: Magazine Presença. José Régio. Criti-
cism. Living art. Modern art.
Julio Cesar Rodrigues Cattapan é mestrando em Estudos de Literatura na Universidade Federal Fluminense.
http://dx.doi.org/10.5007/1984-784X.2013v13n20p58
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|b. pesq. nelic, florianópolis, v. 13, n. 20, p. 58-77, 2013|
JOSÉ RÉGIO NA PRESENÇA
ARTE VIVA, MODERNISMO E CRÍTICA
Julio Cesar Rodrigues Cattapan
Neste artigo analiso os ensaios e críticas publicados por José Régio nos 56
números da revista Presença, de março de 1927 a fevereiro de 1940. A revista
Presença teve larga influência na crítica de arte e literatura na primeira metade
do século XX em Portugal, sendo um dos principais responsáveis pela divulga-
ção do Modernismo português, notadamente do fenômeno representado por
Orpheu e Fernando Pessoa. José Régio foi um dos fundadores e diretores da
revista, além de seu principal expoente, nela publicando uma quantidade bas-
tante significativa de ensaios e críticas sobre literatura e arte de um modo
geral, passando pelo teatro, pelo cinema e pelas artes plásticas. Procuro deli-
mitar neste artigo os valores defendidos por Régio nas páginas da Presença no
que se refere à crítica e ao processo de criação artística, com destaque para o
que ele entende por arte viva, por arte moderna e por crítica, temas que lhe
são caros. Com isso, chega-se a uma compreensão geral de sua crítica e tam-
bém do fenômeno presencista, além de uma aproximação a um dos modos de
abordagem crítica mais influentes na primeira metade do século XX em
Portugal.
RÉGIO E A ARTE VIVA
Para Régio, “a arte é expressão, sugestão, ou representação do mundo
(interior e exterior) através dum temperamento próprio, dum conhecimento
pessoal, duma alma individualizada”1. A arte, portanto, deve ser a expressão
da personalidade, do mundo psíquico e das experiências pessoais de quem a
produz. Na obra estariam manifestos todos os vícios e virtudes do artista, ser-
vindo de espelho para sua alma e sua intimidade; por consequência, pela obra
1 RÉGIO, José. Presença. Folha de arte e crítica, Coimbra, n. 45, p. 16, jun. 1935. Todas as
citações se referem à Presença. Edição facsimilada compacta. Lisboa: Contexto, 1993. 3 v.
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