'A má informação se combate com boa e constante informação' Edson Fachin

Páginas24-32
24 REVISTA BONIJURIS I ANO 32 I EDIÇÃO 664 I JUN/JUL 2020
ENTREVISTA
A MÁ INFORMAÇÃO
SE COMBATE COM
BOA E CONSTANTE
INFORMAÇÃO”
EDSON FACHIN
MINISTRO DO STF
Penúltimo dos ministros a tomar posse na composição atual do Supremo Tribunal Fe-
deral, o professor Luiz Edson Fachin enfrentou uma dura sabatina em 2015, após ser
indicado por Dilma Roussef‌f. Acenando com um desfecho imprevisível, a imprensa
noticiou que havia mais de um século o Senado não rejeitava uma indicação presi-
dencial à corte suprema. Os tempos eram estranhos. Fachin arrostou nuvens escuras
e tempestades, mas singrou ileso os mares revoltos. Sua atuação no , desde a posse, é
considerada irretocável. Ele não só assumiu a relatoria da Lava-Jato na corte como, em curto
espaço de tempo, demonstrou que suas convicções orbitavam um mundo onde o partidaris-
mo não tem lugar (Lula que o diga).
Gaúcho, nascido na interiorana Rondinha de 5 mil habitantes, Fachin é paranaense de
coração. Foi em Curitiba, capital do Paraná, que se formou em direito, tornou-se professor,
procurador do estado e, com apenas 57 anos, ascendeu para o cargo de ministro do , ocu-
pando a cadeira que fora de Joaquim Barbosa.
Nesta entrevista, concedida por e-mail quando a pandemia do covid-19 ainda não havia
ganhado dimensões globais, Fachin não fugiu de nenhum tema que lhe foi apresentado. Ao
contrário, dissecou-os como faz um jurista experimentado, analisando-os pontos a ponto,
sem arroubos ou digressões. Já se disse que o comportamento sereno do ministro, mesmo
quando o  ferve em antagonismos que avançam limites, é exemplar. Ele não é afeito mes-
mo a exceder os decibéis. Quando lê o seu voto, o faz de modo contido e preciso. O que não
signif‌ica que não seja f‌irme em suas convicções. Desde que assumiu, ele já enfrentou inúme-
ros embates. No último deles, quando votou favoravelmente à prisão em segunda instância e
foi vencido, manteve o mesmo entendimento de julgamento anterior sobre a matéria, quan-
do foi vencedor. Instado a comentar acerca do número de partidos registrados no Brasil e
do acesso deles ao fundo partidário, o ministro af‌irmou que a questão não diz respeito aos
recursos que são destinados às siglas, mas à f‌iscalização de seu destino. “De qualquer modo,
em julgamentos recentes, o  [do qual o ministro também faz parte] tem adotado, à risca,
regras que f‌ixam limites para a criação de novos partidos.” O exemplo da Aliança Pelo Brasil,
sigla criada pelo presidente Bolsonaro, ilustra esse entendimento. Quanto ao fantasma das
fake news, que assombrou as eleições de 2018 e parece surgir como espectro renovado no
pleito deste ano (se ele vier a ocorrer), Fachin é inf‌lexível quando se trata de falar sobre leis
Giovana Tows
Rev-Bonijuris664.indb 24 19/05/2020 15:14:16

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