Macroeconomia

AutorAri Francisco de Araujo Jr. e Claudio Djissey Shikida
Ocupação do AutorMestre em Economia pela UFMG/Doutor em Economia pela PPFE-UFRGS
Páginas71-107
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MACROECONOMIA
Ari Francisco de Araujo Jr.
Mestre em Economia pela UFMG. Graduado em Economia pela USP. Professor dos
cursos de Economia e Administração de Empresas do Ibmec Minas. Pesquisador do
Centro de Economia Aplicada da mesma instituição. Diretor da Revista Associação
Mineira de Direito e Economia –AMDE. Economista.
Claudio Djissey Shikida
Doutor em Economia pela PPFE-UFRGS. Mestre em Economia pela IPE-USP. Professor
de Economia do Ibmec Minas Gerais. Pesquisador do Centro de Economia Aplicada e
coordenador do Núcleo de Estudos de Política Monetária – NEPOM. Diretor cientíco
da Associação Mineira de Direito e Economia – AMDE. Economista.
Sumário: 1. Introdução – 2. Estatísticas Macroeconômicas (PIB, Desemprego, Inação); 2.1. PIB –
Produto Interno Bruto; 2.2. Desemprego; 2.3. Inação – 3. Teoria da Determinação da Renda ou
Produto e Política Fiscal; 3.1. Componentes do PIB; 3.2. A Demanda Agregada por Bens (DA); 3.3.
Produto de Equilíbrio e Alterações no Equilíbrio; 3.4. Política Fiscal – 4. Teoria da Determinação
da Taxa de Juros e Política Monetária; 4.1. Demanda por Moeda; 4.2. Determinação da Taxa de
Juros; 4.3. Política Monetária; 4.4. Instrumentos de Política Monetária – 5. Setor Externo, Determi-
nação da Taxa de Câmbio e Política Cambial; 5.1. Taxa de Câmbio; 5.2. Determinação da Taxa de
Câmbio e Regimes Cambiais; 5.3. Taxa de Câmbio Nominal e Taxa de Câmbio Real; 5.4. Relação
entre Taxa de Câmbio e PIB – 6. O Problema da Inação; 6.1. Inação; 6.2. Causas da Inação;
6.3. Como uma Variação na Taxa de Câmbio afeta a Inação? – 7. Setor Público; 7.1. Algumas
Denições Úteis; 7.2. Setor Público e Atividade Econômica; 7.3. Funções do Setor Público; 7.4.
Comportamento de Política Econômica Governamental; 7.5. Por que os Governos Crescem? – 8.
Crescimento Econômico; 8.1. Fatos Estilizados; 8.2. Como Explicar os Fatos Estilizados?; 8.3. PIB
per capita como medida de Desenvolvimento Humano – 9. Referências Bibliográcas.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo principal deste capítulo é apresentar de forma introdutória o fun-
cionamento da economia do ponto de vista macroeconômico no curto e no longo
prazos. Paralelamente, outros objetivos são perseguidos:
– entendimento da determinação do produto, das taxas de juros, da taxa de
câmbio e da produtividade.
– efeitos das políticas f‌iscal, monetária e cambial.
– tópicos adicionais.
2. ESTATÍSTICAS MACROECONÔMICAS (PIB, DESEMPREGO, INFLAÇÃO)
O objetivo desta seção é apresentar uma breve introdução a algumas variáveis
econômicas que serão amplamente utilizadas até o f‌im deste capítulo.
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2.1. PIB – Produto Interno Bruto
Def‌inições
Uma medida importante e que terá merecido espaço ao longo deste capítulo
é o Produto Interno Bruto. Trata-se de uma variável que capta o nível de atividade
econômica de uma região. Existem basicamente três formas de entender (ou def‌inir)
o PIB de uma economia. Vamos a elas.
A def‌inição provavelmente mais conhecida é a que o PIB corresponde ao valor
de mercado dos bens e serviços f‌inais produzidos em uma economia em determinado
período de tempo. Desta def‌inição, um dos termos de maior importância é “f‌inais”.
De modo a evitar a dupla contagem dos insumos (bens intermediários), é somado
apenas o valor de mercado dos bens f‌inais. Entenda valor de mercado como preço
multiplicado pela quantidade produzida.
Vamos a um exemplo. Suponha que uma economia (país) tenha apenas duas em-
presas: uma siderúrgica e uma fábrica de navios. A Tabela 1 traz o balancete das empresas.
Tabela 1: Balancete/Exemplo Numérico
Qual é o valor do PIB deste país? Basta responder outra pergunta: qual é o bem
f‌inal desta economia? É claro que a resposta é navio já que o aço é bem intermedi-
ário na produção de navio. Basta pegarmos o valor de mercado dos navios (receita
de vendas) produzidos. Portanto, o PIB é de $ 420 unidades monetárias. Lembre-se
que não devemos somar o valor de mercado do aço ao valor dos navios pois estarí-
amos contabilizando duas vezes o aço, já que este é bem intermediário utilizado na
produção do bem f‌inal (não deve ser incluído no PIB).
Outra def‌inição alternativa seria que o PIB é a soma do valor agregado (adi-
cionado) na economia em determinado período. Aqui necessitamos da def‌inição
de valor agregado: valor que cada empresa adiciona durante o processo produtivo
que equivale ao valor da produção menos o valor dos bens intermediários utiliza-
dos (salários não entram no cálculo). Voltando ao exemplo da Tabela 1 temos que
o valor adicionado da primeira empresa é de $200 unidades monetárias já que não
utilizou nenhum insumo. A segunda empresa auferiu uma receita de $420 unidades
monetárias, mas gastou $220 de aço na produção dos navios, portanto, adicionando
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nesta etapa do processo $200 unidades monetárias. Somando os valores agregados
das duas empresas do país temos que o PIB sob tal def‌inição é de $420 unidades
monetárias (resumido na Tabela 2).
Tabela 2: Valor Adicionado/Exemplo Numérico
Finalmente podemos considerar, também, o PIB como a soma das rendas geradas
na economia em determinado período. As duas formas (def‌inições) para se calcular o
PIB apresentadas acima são ditas sob a ótica da produção. Esta terceira def‌inição está
de acordo com a ótica da renda. Para nosso propósito consideraremos como renda:
- aquela arrecadada pelo governo na forma de imposto sobre rendas: impostos
indiretos.
- paga aos trabalhadores: renda do trabalho (salários).
- renda do capitalista (lucro).
Tabela 3: Rendas/Exemplo Numérico
Como no nosso exemplo da Tabela 1 não há impostos, temos que somar salários
e lucros de modo a contabilizar o PIB do país. A siderúrgica paga $160 em salários
enquanto a fábrica de navios $140 enquanto a siderúrgica obteve lucro no valor de
$40 e o setor de navios $80 unidades monetárias. Somando tudo temos um PIB de
$420 unidades monetárias (ver Tabela 3). Vale ressaltar que o valor de $420 unidades
monetárias não é uma coincidência: as três formas de se calcular/def‌inir o PIB são
equivalentes, e, portanto, geram valores iguais.
PIB Nominal X PIB Real
Já dissemos que o PIB é calculado como a soma das quantidades de bens f‌inais
produzidos vezes seus preços correntes. Mais precisamente, este é o chamado PIB
Nominal. Este pode aumentar ao longo do tempo por duas razões:
- Produção dos bens aumenta ao longo do tempo (quantidades).
- Preço em $ da maioria dos bens também aumenta ao longo do tempo.
Portanto, se o objetivo é medir o crescimento físico (real) da produção faz-se
necessário eliminar o efeito do aumento dos preços. Para tanto def‌ine-se o PIB Real
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