Masculinidades "nossamericanas" em perspectivainterseccional.

AutorGuimaraes, Claudia Domingues
CargoRESENHA

VIVEROS, V. M. As cores da masculinidade: experiências interseccionais e práticas de poder na Nossa América. Tradução de Allyson de Andrade Perez. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens, 2018. 224 p.

Mara Viveros Vigoya é doutora em Antropologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris (EHESS), presidente da Latin American Sudies Association (LASA) e professora titular da Universidad Nacional de Colômbia no Departamento de Antropologia e na Escola de Estudos de Gênero. Seus interesses de pesquisa incluem relações entre diferenças e desigualdades sociais e as interseções de gênero, sexualidade, classe, raça e etnicidade nas dinâmicas sociais da América Latina.

O livro "As cores da masculinidade: experiências interseccionais e práticas de poder na Nossa América" é uma importante contribuição para o emergente campo de estudos sobre masculinidades e foi construído à luz das epistemologias pós-coloniais, atentas às particularidades da ordem de gênero no continente latinoamericano. Com esta perspectiva, a autora expressa sua originalidade, através das seguintes contribuições: 1 ) revisita o conceito de interseccionalidade (1), atribuindo-lhe a historicidade necessária para analisar as relações de sexo, raça e nacionalidade na construção das masculinidades, a partir de autores negros da diáspora, como Frantz Fanon e William Edward Burghardt Du Bois; 2) reivindica a denominação de Nossa América, em vez de América Latina, em reconhecimento à identidade mestiça dos povos americanos, apresentando um panorama da pesquisa sobre masculinidades na região e destacando a importância da solidariedade entre os racial e socialmente oprimidos para enfrentar a desigualdade de gênero neste continente; 3) supera a polaridade entre colonizador e colonizada (o)-muitas vezes presente na literatura decolonial-analisando o conjunto de transformações históricas subjacentes à construção das mas-culinidades sob opressão racial e de classe, desde a colonização até a atualidade no continente; 4) critica a noção de "multiculturalismo" como uma política de estado que incentiva a diferença, desconectada do poder e da exploração de classe e 5) reelabora o conceito de "masculinidade hegemônica" (CONNEL, 1995) para o con-texto pós-colonial.

Para atingir o objetivo de repensar as experiências de masculinidades latino-americanas do ponto de vista interseccional, a autora dividiu o livro em duas partes. Na primeira, intitulada "Teorias feministas e masculinidades" aborda...

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