Mauricio Godinho Delgado: Traçados e Ângulos de Vida e Trabalho
| Autor | Gabriela Neves Delgado - Marina Neves Delgado |
| Páginas | 15-18 |
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Memória, afeto e responsabilidade se entrecruzam na apresentação que nos foi solicitada para relatar os principais aspectos e ângulos de vida e trabalho de nosso Pai, Mauricio José Godinho Delgado. Os frutos falando da árvore... Vida que segue seu curso natural.
Com o espaço franqueado para apresentá-lo em obra coletiva comemorativa de seus sessenta anos de idade, procuramos dialogar com o passado para reordenar os passos de sua trajetória de vida pública, além de apontar características e momentos marcantes de sua caminhada.
Mauricio José Godinho Delgado nasceu no dia 13 de maio de 1953, em Lima Duarte, cidade próxima a Juiz de Fora, em Minas Gerais. É o quinto filho de Mauricio de Paula Delgado e Maria do Carmo Godinho Delgado, em uma família de onze irmãos.
Foi no convívio com sua família de origem cristã que aprendeu as primeiras lições de civilidade, respeito ao próximo, generosidade e solidariedade. Foi lá também que se sentiu especialmente estimulado a pensar as profundas diferenças sociais e econômicas e a debater os múltiplos aspectos de exercício da justiça social.
Como seu pai foi Juiz de Direito, morou, enquanto criança, em várias cidades da Zona da Mata de Minas Gerais: Lima Duarte; Senador Firmino; Miraí (terra de Ataulfo Alves, que foi seu paraninfo no Curso Ginasial); Mar de Espanha e, finalmente, Juiz de Fora.
Em Juiz de Fora cursou o Científico e depois o Curso Clássico, já na adolescência.
Às vésperas de passar para o segundo ano do Científico, decidiu cursar Direito. A escolha pelo Curso de Direito foi influenciada decisivamente por seu pai, que se tornou Juiz de Direito nos idos de 1960, após declinar do exercício da vida profissional como Cirurgião Dentista e Advogado.
Em 1970, Mauricio Godinho Delgado foi aprovado em primeiro lugar geral no Vestibular Unificado da Universidade Federal de Juiz de Fora, tendo ingressado na Faculdade de Direito no início de 1971.
Interrompeu o curso de graduação por um ano, para participar de programa de intercâmbio cultural, o American Field Service, em 1971/1972, com o objetivo de adquirir proficiência na língua inglesa e alguma experiência de vida1.
Ao retornar para a Universidade após o intercâmbio acadêmico, ainda como estudante de graduação, foi trabalhar como professor de curso supletivo das disciplinas OSPB (Organização Social e Política do Brasil) e História do Brasil, por um período de dois anos. Este foi o seu primeiro aprendizado sobre o magistério, o qual se tornaria, tempos depois, uma de suas efetivas funções profissionais.
Na graduação, foi monitor da disciplina Teoria Geral do Estado, em razão da preferência pelos debates constitucionais e de foro político sobre democracia, regimes de Estado e justiça social. Mas foi no Direito do Trabalho que encontrou sua verdadeira vocação jurídica, espaço privilegiado onde concretizou sua herança política e anseio familiar de justiça social. Assim, ainda nos últimos períodos do Curso de Direito, sistematizou suas leituras em torno do trabalho e do Direito do Trabalho, formulando texto escrito sobre a legislação trabalhista no Governo Castelo Branco. Este trabalho foi apresentado como hipótese de pesquisa no processo de seleção para o mestrado em Ciência Política, após a formatura2.
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Graduado em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora, em dezembro de 1975, mudou-se para Belo Horizonte logo em seguida, em janeiro de 1976, para cursar o mestrado em Ciência Política, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nesse período foi orientado pelo Professor Dr. Antônio Fernando Mitre, historiador e cientista político. Bolsista do CNPQ, defendeu sua dissertação de mestrado em 1980, sobre o tema da política trabalhista nos primeiros anos da ditadura militar no Brasil.
A mudança para Belo Horizonte foi compartilhada e decidida de comum acordo com Lucilia de Almeida Neves Delgado, sua até então namorada, que também seguiu para a capital mineira para cursar o mestrado em Ciência Política.
A travessia da cidade do interior de Minas para a capital do Estado foi feita em conjunto. A travessia da vida de Mauricio e de Lucilia também. Em julho de 1976, casaram-se. No tempo largo da vida entrelaçaram-se numa parceria de profundas raízes amorosas e intelectuais. Alcançaram a...
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