Os movimentos sociais e as resoluões neoliberais para a crise capitalista: as experiências recentes na frana e no brasil

AutorAlexis Saludjian, Joana das Flores Duarte, Juliana Carvalho Miranda Teixeira, Marcos Ferreira da Costa Lima
Páginas533-555
OS MOVIMENTOS SOCIAIS E AS RESOLUÇÕES NEOLIBERAIS PARA A CRISE CAPITALISTA: as
experiências recentes na França e no Brasil
Alexis Saludjian1
Joana das Flores Duarte2
Juliana Carvalho Miranda Teixeira3
Marcos Ferreira da Costa Lima4
Resumo
A crise global desencadeada em 2008 trouxe resoluções de natureza reformista (sociais-liberais) e conservadoras
(ultraliberais) que implicam em novas estratégias de resistência dos movimentos sociais. Essa configuração contemporânea
suscita reflexões no sentido da atualização temporal e espacial da consciência de classe do proletariado, para além da
compreensão da dinâmica conjuntural dos tempos presente.
Palavras-chave: Crise econômica. França. Brasil. Luta de classes. Proletariado. Juventude.
SOCIAL MOVEMENTS AND NEOLIBERAL RESOLUTIONS FOR THE CAPITALIST CRISIS: recent experiences in
France and Brazil
Abstract
The global crisis triggered in 2008 brought reformist (social-liberal) and conservative (ultraliberal) resolutions that imply new
strategies for resistance from social movements. This contemporary configuration raises reflections in the sense of temporal
and spatial updating of the class consciousness of the proletariat, in addition to understanding the conjuncture dynamics of
present times.
Keywords: Economic crisis. France. Brazil. Class fight. Proletariat. Youth.
Artigo recebido em: 10/11/2019. Aprovado em: 10/02/2020
1 Doutor em Economia. Professor do Instituto de Economia (UFRJ/GAMA). GT CLACSO. E-mail: saludjian@ie.ufrj.br
2 Assistente Social. Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Serviço Social da PUC/RS.
Mestra em Serviço Social. E-mail: joana.fduarte@yahoo.com.br
3 Doutora em Sociologia. Professora do Departamento de Serviço Social UFMA. GERME-UFMA.
E-mail: juliana.cmt@gmail.com
4 Doutor em Ciências Sociais. Professor do Departamento de Ciência Política (UFPE) e coordenador do Instituto de Estudos
Asiáticos (UFPE). E-mail: marcosfcostalima@gmail.com
Alexis Saludjian, Juliana Carvalho Miranda Teixeira, Joana das Flores Duarte e Marcos Ferreira da Costa Lima
534
1 INTRODUÇÃO
Nesse momento histórico e social de aprofundamento das soluções capitalistas para a sua
mais recente crise, o conjunto do pr oletariado encontra-se, mais uma vez, diante de impasses
aviltantes de caráter naturalmente desumanizante e destrutivos.
A eleição de D. Trump, a saída do Reino Unido da União Europeia, a redução do
crescimento chinês e o “novo normal”, a volta de políticas de austeridade neoliberais (Argentina e Brasil
entre outros) se assemelham a um cenário com consequências catastróficas para o proletariado. Nessa
crise, as respostas e a orientação dos debates em torno das estratégias de desenvolvimento e inserção
na economia mundial merecem ser discutidas de maneira crítica, mostrando a heterogeneidade e
hierarquia entre países que definem o rumo da acumulação capitalista e os que são dependentes das
estratégias de tais países.
Países do centro do sistema capitalista (EUA, Reino Unido, países europeus com ideias
nacionalistas e xenófobas) estão promovendo medidas protecionistas num cenário de desglobalização
(redução significativa dos fluxos de exportações). Enquanto isso, países da periferia e, em particular, da
América Latina continuam promovendo uma inserção na economia mundial através de uma maior
liberalização, a exemplo da singularidade do Brasil, cuja trajetória de acumulação de capital, nos
remete a uma formação histórica predatória de desigualdades sociais, de violência e destruição da
natureza humana e não-humana que mostra, exaustivamente, os fracassos do capitalismo em escala
planetária.
Porém, outras saídas existem e uma apresentação crítica das estratégias diferenciadas e
da dependência (na dinâmica da acumu lação capitalista) se faz necessária para se pensar, nos termos
de uma “utopia concreta” (BLOCH, 1954; 19591), a superação do estado de coisas presente.
Esse artigo, tentativa de síntese das propostas apresentadas por cada autor na ocasião
da mesa temática coordenada da IX JOINPP, cujo título corresponde ao deste escrito, tentará
caracterizar a grande transformação social e histórica própria à globalização neoliberal , tanto do ponto
de vista das políticas econômicas mundiais que se estabelecem também no Brasil, quanto das reações
do conjunto dos oprimidos.
2 O BRASIIL DA REPÚBLICA E DO SÉCULO XX
O fim da escravidão em 1888 e a Proclamação da República no ano seguinte
demonstram, por um lado, a manutenção das oligarquias rurais e, por outro lado, as mudanças urbanas
que ocorrem no país. A necessidade de mão-de-obra para substituir os escravos faz com que o Estado

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT