Mulheres encarceradas: dificuldades vivenciadas antes, durante e após a prisão

AutorTatiana Cavalcanti de Albuquerque Leal - Anielle Oliveira Monteiro
CargoMestra e doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba. Graduada em Psicologia e graduanda em Direito pela Universidade Federal da Paraíba. Atua principalmente nas áreas de Direitos Humanos, Psicologia Social e Psicologia Jurídica - Mestra em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas pela Universidade Federal da ...
Páginas151-172
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
V. 8 - Nº 03 - Ano 2019
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
151
MULHERES ENCARCERADAS: DIFICULDADES VIVENCIADAS
ANTES, DURANTE E APÓS A PRISÃO
Tatiana Cavalcanti de Albuquerque Leal
1
Anielle Oliveira Monteiro
2
Resumo: Reiteradas estatísticas revelam
um perfil bastante comum da população
carcerária feminina: mulheres jovens,
solteiras, não brancas, com baixa
escolaridade e que cometeram crimes
relacionados ao tráfico de drogas. Muitas
vieram de contextos de violência prévios
e a prisão se encaixa como mais um elo
na cadeia de violências vivida. Este ciclo
da violência se inicia na família e nas
instituições para crianças e adolescentes,
continua no casamento, desdobra-se na
ação tradicional das polícias e finaliza na
penitenciária. Isto porque a múltipla
penalização na prisão ultrapassa a pena
de reclusão, abarcando castigos
corporais, ambientes insalubres,
exposição às drogas, contágio de várias
doenças e abandono familiar. Assim, o
objetivo deste artigo foi conhecer quais
foram as maiores dificuldades
1
Mestra e doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba. Graduada em
Psicologia e graduanda em Direito pela Universidade Federal da Paraíba. Atua principalmente
nas áreas de Direitos Humanos, Psicologia Social e Psicologia Jurídica
2
Mestra em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas pela Univer sidade Federal da
Paraíba e doutoranda em Ciências Jurídicas pela Universidade Federal da Paraíba. Graduada em
Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Atua principalmente nas temáticas de Direitos
Humanos, Gênero e Diversidade
vivenciadas antes, durante e após o
cárcere para mulheres já em livramento
condicional. Trata-se de uma análise
documental de pareceres psicossociais
de mulheres realizados entre junho de
2013 e junho de 2014 na Vara de
Execuções Penais do Fórum Criminal de
João Pessoa/PB. Foram encontrados 12
pareceres, analisados por meio da técnica
de análise de conteúdo de Bardin. As
dificuldades vividas antes do cárcere
foram categorizadas como “Abandono
parental”, “Trabalho precoce”, “Doenças
crônicas na infância/adolescência”,
“Abuso sexual”, “Relacionamentos
abusivos” e “Aliciamento ao crime por
figuras masculinas”. Durante o cárcere,
as dificuldades encontradas foram
“Solidão” e “Estratégias de resistência”.
Depois da prisão, os problemas foram
classificados em “Saúde comprometida”
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
V. 8 - Nº 03 - Ano 2019
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
152
e “Dificuldade financeira ou de inserção
no mercado de trabalho”. O conjunto dos
resultados revelou, de fato, histórias
atravessadas por vulnerabilidades sociais
e um ciclo de violências que pode
começar com o abandono pelos pais na
infância, passando por abusos diversos,
aliciamento ao crime por homens
próximos e penalizações adicionais no
cárcere, e terminar com a condição
socioeconômica precária e exclusão do
mercado de trabalho depois da prisão.
Palavras-chave: Mulheres. Cárcere.
Dificuldades. Trajetórias de vida.
Abstract: Repeated statistics reveal a
fairly common profile of the female
prison population: young, single, non-
white, low-schooling women, who have
committed drug-related crimes. Many
have come from previous contexts of
violence and the prison fits as another
link in this chain of violence
experienced. This cycle of violence
begins in the family and institutions for
children and adolescents, continues in
marriage, unfolds in the traditional
action of the police and ends in prison.
That is because the multiple penalization
in prison exceeds the penalty of
imprisonment, including corporal
punishment, unhealthy environments,
exposure to drugs, contagion of various
diseases and family abandonment. Thus,
the aim of this article was to know which
were the greatest difficulties experienced
before, during and after jail for women
already on probation. It’s a documentary
analysis of psychosocial documents of
women carried out between June 2013
and June 2014 in the Court of Criminal
Executions of the Criminal Forum of
João Pessoa/PB. Twelve documents
were found, analyzed using the
technique of content analysis by Bardin.
The difficulties experienced before the
imprisonment were categorized as
"Parental Abandonment," "Early Work,"
"Childhood/Adolescence Chronic
Illness," "Sexual Abuse," "Abusive
Relationships," and "Enticement to
Crime by Male Figures." In jail, the
difficulties encountered were "Solitude"
and "Strategies of resistance". After their
release, the problems were classified in
"Health problems" and "Difficulty in
financial or labor market insertion". The
set of results revealed, in fact, histories
crossed by social vulnerabilities and a
cycle of violence that can begin with the
abandonment by the parents in the

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT