Mulheres, liderança política e media

AutorMaria Helena Santos
CargoInstituto Universitário de Lisboa
Páginas211-217
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
V. 6 - Nº 01 - Ano 2017 Mídia, Gênero & Direitos Humanos
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
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MULHERES, LIDERANÇA POLÍTICA E MEDIA
Resenha: Carla Martins. 2015. Lisboa: Alêtheia Editores, 366 pp.
Maria Helena Santos
Instituto Universitár io de Lisboa (ISCTE/IUL). Centro de Investigação e de Inter venção Social
(CIS/IUL). Email: mhelena.rc.sa ntos@gmail.com
Resultado da tese de
doutoramento de Carla Martins,
realizada na Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade
Nova de Lisboa, o livro centra-se em
dois contextos marcadamente
masculinos - a política e os media - com
o intuito particular de analisar a
liderança política e o jornalismo numa
perspetiva de género. Um dos problemas
de partida da autora é a invisibilidade das
mulheres nos media. Sabendo que no
jornalismo a lógica subjacente à notícia
é a “notoriedade do agente principal do
acontecimento” (p.12), torna-se
percetível que, para que as mulheres
adquiram visibilidade mediática, não
basta que entrem nas instituições
políticas, têm de ocupar cargos de maior
responsabilidade e poder. o
desempenho destes cargos deverá
assegurar uma presença regular das
mulheres nos media. Tal significa,
salienta Carla Martins, que as lógicas
editoriais contribuem para agravar o
efeito do “teto de vidro”, já que dão mais
voz às pessoas que estão em cargos de
topo, onde continuam a chegar poucas
mulheres. Com o objetivo de aprofundar
os conhecimentos sobre esta
problemática, as seguintes questões
orientaram a autora: procurar saber se o
sexo dos atores políticos interfere nas
práticas discursivas do jornalismo e se a
política é genderizada aos olhos das/os
jornalistas (p.13).
O laço invisível entre ambos os
contextos é mostrado pela autora através
de dois estudos de caso: um centrado em
Maria de Lourdes Pintasilgo e outro em
Manuela Ferreira Leite. Tratam-se de
duas figuras com perfis e percursos
bastante diferentes, distanciando-se
nomeadamente no que diz respeito às
“questões das mulheres”. Como
desenvolverá, o percurso da primeira
esteve sempre ligado às lutas pelos
direitos das mulheres; no percurso da
segunda, tal não se verificou, tendo-se,
inclusivamente, manifestado contra as
políticas de promoção da igualdade,
como é o caso da “Lei das quotas”. O
facto de estas serem as primeiras
mulheres a conseguirem chegar a

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