O mundo d.C.: depois da Criminologia

AutorMayra Cotta Cardozo de Souza
CargoGraduanda em Direito pela UnB

Los nadies: los hijos de nadie, los dueños de nada.

Los nadies: los ningunos, los ninguneados, corriendo la liebre, muriendo la vida, jodidos, rejodidos:

Que non son, aunque sean

Que no hablan idiomas, sino dialectos.

Que no profesan religiones, sino supersticiones.

Que no hacen arte, sino artesanía.

Que no practican cultura, sino folklore.

Que no son seres humanos, sino recursos humanos.

Que no tiene cara, sino brazos.

Que no tienen nombre, sino número.

Que no figuran em la historia universal,

sino em la crónica roja de la prensa local.

Los nadies, que cuestan menos que la bala que los mata.

Galeano

Após miúdas férias de três semanas em agosto, tive de montar minha grade de matérias da faculdade para mais um semestre. Prevista para as sextas-feiras pela manhã havia a disciplina obrigatória "Direito e Estética". "Direito e Estética"? Metafísico demais para mim no momento. Não que eu tenha total repugnância pelas matérias da Filosofia, mas precisava de algum norte no meu curso que me dissesse por onde caminhar. Explico. Depois de dois semestres discutindo a natureza da norma, o mundo do ser e o mundo do dever-ser, o jusnaturalismo versus o juspositivismo, caí, de maneira brusca e desavisada, no meu terceiro semestre de curso, no qual os professores percorriam em suas aulas a aridez dos Códigos. Foi um choque. Afinal, passei um ano da minha vida sendo introduzida a diversas teorias e pensamentos filosóficos, para, de repente, me ver presa a uma dogmática estéril e sem saída. Uma dúvida corrosiva então nasceu em mim: será o Direito possível apenas quando em um dos dois pólos extremos? Será que o Direito só existe na metafísica da Filosofia ou na pobre aplicação técnica dos Códigos? Se assim o fosse, já estava pronta para abandonar o barco.

Mas não foi o que aconteceu. Quando fui procurar as opções de matérias optativas oferecidas no semestre, apareceu, na tela do meu computador, (peço licença pela metáfora batida) como uma luz no fim do túnel, a disciplina Criminologia. Ufa, alívio! Após um semestre ouvindo meu professor-barra-pesada de penal defender com orgulho o Direito Penal do Inimigo e me revoltando por dentro contra toda aquela truculência, sabia que, finalmente, tinha achado um lugar seguro para meus pensamentos. Eu não tinha uma exata noção do que me esperava, mas sentia que caminhava na direção certa. Matriculei-me. O horário era sexta-feira pela manhã. Direito e Estética ficaria para depois.

A disciplina Criminologia foi, de fato...

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