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Na fronteira entre futurismo e fascismo: uma reflexão sobre a história nos discursos

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Vincent
AutorMarcos Paula de Oliveira Junior
Páginas205-211
NA FRONTEIRA ENTRE FUTURISMO E FASCISMO:
UMA REFLEXÃO SOBRE A HISTÓRIA NOS DISCURSOS
Marcos Paula de Oliveira Junior1
1 INTRODUÇÃO
A arte é contemplativa, mas não meramente e seus usos
políticos servem da baliza para discussões interessantes sobre a
relação que a estética pode desenvolver com a política,
especialmente quando esta instrumentaliza aquela. Sob esse viés, a
Itália das três primeiras décadas do século XX porta um panorama
pertinente, haja vista dois movimentos particulares. Em primeiro
lugar, o Futurismo que se lança em 1909 com o seu manifesto tanto
um ideal de belo como um ideal de nação, ambos tendo por
elementos centrais o projetar-se ao futuro e a negação violenta do
passado. Por outro lado, o Fascismo de Mussolini apresenta-se
sobretudo como político e efetivo na sua conquista do poder, mas
que ainda assim desenvolve uma estética e uma retórica
particulares em torno de sua ideologia inconsistente, seu
totalitarismo fuzzy2, que assume um caráter tradicionalista e
historicista.
A História se torna um elemento central para ambos, porém em
sentidos oposto, o primeiro pala via da negação e o segundo pela
via da afirmação. Todavia, ao invés de concorrentes, esses
movimentos ficariam promiscuamente próximos, o que levaria
mesmo a um esvaziamento do Futurismo perante o agigantamento
do Fascismo, a despeito de uma dissonância de discurso sobre um
elemento primordial para o pensamento de ambos. Aprofundando-
se nisso:
Sans doute faut-il rappeler que, par bien des aspects, le Futurisme inaugura la
saison des mouvements d’avant-garde artistique, dont le Cubo-guturisme russe,
Dada ou le Surréalisme allaient le flambeau, alors que le Futurisme italien
s’éteignait lentement au sein d’um régime fasciste qu’il avait contribué à armer
idéologiquement, et auquel pourtant il ne pouvait pas survivre, de par sa nature
même3.

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