A (não)cidadania em um serviço de assistência social
| Autor | Tayná Portilho do Prado, Bruna Morais Miranda, Eliane Regina Pereira |
| Páginas | 369-387 |
369
Revista de Ciências HUMANAS, Florianópolis, v. 51, n. 2, p. 369-387, jul-dez 2017
Este artigo objetiva discutir sobre a condição
de (não) cidadania, investigando como o Estado
lida com a exclusão e a marginalização dos
não cidadãos através das políticas públicas. O
trabalho foi desenvolvido a partir da experiência
de estágio em Clínica Ampliada na Clínica de
Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia
em um Centro de Referência em Assistência
Social (CRAS), com participação ativa na rotina
do serviço acompanhada de supervisões e grupos
de estudos. Como resultado, deparamo-nos com
sendo isso fortemente evidenciado no grupo
realizado com moradoras de um assentamento que
compunha o território, do qual relatamos uma cena
que será problematizada neste artigo. Por meio
disso, concluímos que os não cidadãos vivenciam
diversas formas de violências que marcam suas
vidas e produzem sofrimento e o serviço acaba
(re)produzindo a ausência de cuidados e de
ações efetivas para transformar o discurso da
marginalidade socialmente atribuída à pobreza, e
seus respectivos efeitos psicossociais.
Palavras chave: cidadania; Centro de Referência
de Assistência Social (CRAS); Psicologia; Grupo.
This article aims to discuss the condition of
(non) citizenship, investigating how the state deals
with exclusion and marginalization of non-citizens
through public policies. The work was developed
from the stage experience in the Enlarged Clinic
Psychology Clinic of the Federal University of
Uberlândia in a Social Assistance Reference
Center (CRAS), with active participation in
routine accompanied service supervision and
study groups. As a result, we face challenges
and possibilities of working in this space, being
so strongly evidenced in the group conducted
with residents of a settlement that made up the
territory, which reported a scene which will be
problematized in this article. Through this, we
conclude that non-citizens experience various
forms of violence that mark their lives and produce
suering and the service just (re) producing lack
of care and eective actions to transform the
discourse of marginality socially attributed to
poverty and their respective psychosocial eects.
Keywords: citizenship; Social Assistance
Reference Center (CRAS); Psychology; Group.
Introdução
A cidadania é comumente vista a partir da perspectiva jurídica, isto é,
relacionada com leis e direitos. Porém, essa é apenas uma possibilidade de
humana, trazendo atualmente um caráter caleidoscópico em que Estado e
território compõem uma parcela importante nessa discussão, já que, segundo
Oliveira (1999), é nos espaços da cidade, delimitados politicamente, que a
cidadania apresenta sua dimensão concreta e cotidiana.
De acordo com o autor, Atenas foi a primeira polis grega a expressar
esteve presente desde o seu surgimento, em que as prerrogativas trazidas pela
A (não)cidadania em um serviço de assistência social
The (no) citizenship from a service social assistance
http://dx.doi.org/10.5007/2178-4582.2017v51n2p369
Tayná Portilho do Prado, Bruna Morais Miranda e Eliane Regina Pereira
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia/MG, Brasil
A (não)cidadania em um serviço de...
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