Narrativas de mulheres sobre o enfrentamento à violência na saúde Women's narratives about coping violence in health care Narrativas de las mujeres sobre el enfrentamiento de la violencia en la salud

AutorJorge Lyraa - Benedito Medrado - Mirella de Lucena Mota - Jorge Luiz Silva - Patricia Ivancae
CargoMestre em Psicologia Social e Doutor em Saúde Pública. Professor do Departamento de Psicologia da UFPE. Recife, PE, Brasil ? E-mail: jorglyra@gmail.com - Doutor em Psicologia Social. Professor do Departamento de Psicologia da UFPE, Recife, PE, Brasil ? E-mail: beneditomedrado@gmail.com - Mestra em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em ...
Páginas335-357
Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, v. 52, 2018, e56954
ISSN 2178-4582.
http://dx.doi.org/10.5007/2178-4582.2018.56954
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Dossiê Psicologias com Gênero
Acesso Aberto
Narrativas de mulheres sobre o enfrentamento à violência na
saúde
Women's narratives about coping violence in health care
Narrativas de las mujeres sobre el enfrentamiento de la violencia en la salud
Jorge Lyraa ; Benedito Medradob ; Mirella de Lucena Motac ; Jorge Luiz Silvad ;
Patricia Ivancae
a Mestre em Psicologia Social e Doutor em Saúde Pública. Professor do Departamento de Psicologia da UFPE. Recife, PE, Brasil –
E-mail: jorglyra@gmail.com
b Doutor em Psicologia Social. Professor do Departamento de Psicologia da UFPE, Recife, PE, Brasil E-mail:
beneditomedrado@gmail.com
c Mestra em Psicologia pelo P rograma de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi/UFPE). Doutoranda pelo Programa de Pós-
Graduação em Serviço Social (PPGSS/UFPE), Recife, PE, Brasil – E-mail: mirelladelucena@gmail.com
d Doutorando e Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE). Psicólogo Residente no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental pela Universidade de Pernambuco
(UPE), Recife, PE, Brasil – E-mail: jorgew.lds@gmail.com
e Graduada em Psicologia pela Universidade de Pernambuco – Campus Garanhuns/PE (UPE), mestra em Psicologia pelo Programa de
Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi/UFPE), Recife, PE, Brasil – E-mail: ivancapatricia@gmail.com
Resumo: A violência contra as mulheres, entendida como produto das desigualdades de gênero, interseccionada com
questões de raça e classe tomou uma importância cre scente no mundo e no Brasil ao longo das últimas décadas. Sendo
assim, com o objetivo de compreender as ações de enfrentamento à violência contra as mulheres no contexto da atenção
primária a saúde entrevistamos 15 mulheres usuárias d os serviços em Recife/ Pernambuco. Organizamos os resultados a
partir de quatro categorias: concepções de violência contra as mulheres, motivações para as situações de violência,
estratégias de enfrentamento às violências contra as mulheres e atenção às violências contra as mulheres nas Unidades de
Saúde da Família. Este trabalh o nos levou a refletir sobre a necessidade e impo rtância de que deve haver a discussão da
temática da violência contra as mulheres dentro das USF e o reconhecimento que essas unidades são o primeiro lugar que
as mulheres buscam para realização do cuidado.
Palavras-chave: Atenção primária à saúde. Saúde da mulher. Violência contra a mulher.
Abstract: Violence against women, understood as a product of gender inequalities, intersected with race and class issues,
has become increasingly important in the world and in Brazil over the last decades. Thus, in order to understand the
actions to combat violence a gainst women in the context of primary health care, we interviewed 15 women users of the
services in Recife, Pernambuco. We organized the results fr om four categories: conceptions o f violence against women,
motivations for situations of violence, coping strategies against violence against women and attention to violence against
women in Family Health Units. This work has led us to re flect on the need and importance of discussing the issue of
violence against women within USF and the recognition that these units are the first place that women seek to perform
care.
Keywords: Primary healthcare. Women's health. Violence against women.
JORGE LYRA, BENEDITO MEDRADO, MIRELLA DE LUCENA MOTA, JORGE LUIZ SILVA E PATRICIA IVANCA
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Resumen: La violencia contra las mujeres, entendida como producto de las desigualdades de género, interseccionada con
cuestiones de raza y clase, ha tomado una importancia creciente en el mundo y en Brasil a lo largo de las últimas décadas.
Por lo tanto, con el objetivo de comprender las acciones de enfrentamiento a la violencia contra las mujeres en el contexto
de la atención primaria la salud entrevistamos a 15 mujeres usuarias de los servicios en Recife, Pernambuco. Organizamos
los resultados a partir de cuatro categorías: concepciones de violencia contra las mujeres, motivaciones para las
situaciones de violencia, estra tegias de enfrentamiento a las violencias contra las mujeres y atención a las violencias
contra las mujeres en las Unidades de Salud de Familia. Este trabajo nos llevó a reflexionar sobre la necesidad e
importancia de que debe haber la discusión de la temática de la violencia contra las mujeres dentro de las USF y el
reconocimiento que esas unidades son el primer lugar que las mujeres buscan para la realización del cuidado.
Palabras clave: Atención primaria a la salud. Salud de la mujer. Violencia contra la mujer
INTRODUÇÃO
A violência contra as mulheres, entendida como produto das desigualdades de gênero,
interseccionada com questões de raça e classe, tomou uma importância crescente no mundo e no
Brasil ao longo das últimas décadas. A partir da luta dos movimentos feministas e das determinações
dos Organismos Internacionais, configurou-se como uma questão de políticas públicas, ganhando
força nas décadas de 1970 e 1980, com formulações dos Direitos Humanos (SCHRAIBER, 2001;
AZAMBUJA, 2008).
No Brasil, o reconhecimento da violência contra as mulheres como uma questão de saúde foi
anterior às formulações internacionais, já se encontrando em pauta desde os anos 80 com a formulação
do Programa de Atenção Integral à Saúde das Mulheres (PAISM) em 1983 (KRUG et al., 2002). O
PAISM inspirou outros programas, normas técnicas e planos com o objetivo de qualificar os/as
profissionais do SUS e, portanto, garantir o exercício pleno dos direitos humanos das mulheres, base
de uma saúde pública de fato universal, integral e equânime (BRASIL, 2004).
Nesse sentido, os serviços de atenção primária à saúde apresentam-se estratégicos para lidar
com a temática, tendo em vista que representam o primeiro acesso das mulheres ao setor saúde e
oferecem um acompanhamento de base territorial e comunitária ao longo de toda a vida das usuárias.
É destinado a responder pelos problemas mais comuns de saúde, destacando a atenção à família em
seu contexto de vida e tem como prioridade não apenas as ações de cura, mas também de prevenção
e promoção à saúde (BRASIL, 2012). Assim, faz-se necessário pensar estratégias e práticas de
cuidado acolhedoras e sensíveis às questões da violência contra as mulheres no âmbito da atenção
primária.
Acolher significa dar acolhida, admitir, aceitar, dar ouvidos, dar créditos, agasalhar, receber,
atender, admitir. O acolhimento como ato ou efeito de acolher significa, portanto, uma ação de
Como citar o artigo:
LYRA, Jorge. et al. Narrativas de mulheres sobre o enfrentamento à violência na saúde. Revista de Ciências Humanas,
Florianópolis, v. 52, 2018 DOI: 10.5007/2178-4582.2018.56954

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