Notas sobre a relação família-escola na contemporaneidade
Autor | Fábio Kalil Souza |
Páginas | 124-143 |
124
SOUZA, Fábio Kalil. Notas sobre a relação família-escola na contemporaneidade.
O desenvolvimento de qualquer ser humano pode
ser concebida de forma intercontextual. Durante
sua existência ele atravessa, mormente, dois
inquestionáveis contextos de desenvolvimento:
a família e a escola. Compreender como essas
agências atuam, separadas e interconectadas, nesse
processo de vir-a-ser do indivíduo é fundante
para deseclipsar o assunto. A relação entre elas
passa a ser o foco. Este artigo, de natureza teórica,
apresenta um estudo não exaustivo da relação
como metodologia, que inclui resultados de
pesquisas nacionais e estrangeiras, o autor
transita na temática descrevendo as principais
contribuições das investigações. Concluiu-
se que a relação família-escola, tomada como
imprescindível ao desenvolvimento dos sujeitos, é
contradições, mas também de cooperação, de
parceria e de complementaridade de ações, a
depender de como se dá o jogo inter-relacional
entre os envolvidos e a presença de fatores
socioculturais diversos.
Palavras-chave: escola; família; relação família-
escola; desenvolvimento humano.
The development of any human being can
be conceived in an intercontextual way. During
its existence, it goes through, especially, two
unquestionable development contexts: the family
and the school. Understanding how these agencies
operate both separately and interconnectedly in
the process of coming-into-being of the individual
is foundational to make this matter visible. The
relationship between such agencies becomes the
focus. This theoretical article presents a non-
exhaustive study of family-school relationship.
The methodology used is a literature review, which
includes results from national and international
research. The author moves on the topic describing
the main contributions of the investigations. It was
concluded that the family-school relationship,
taken as essential to the development of the
inequalities, contradictions, but also with
cooperation, partnership and complementarity of
actions, depending on how the game interrelation
between those involved happens and the presence
of various sociocultural factors.
Keywords: school; family; family-school
relationship; human development.
Família, motor primário do desenvolvimento humano. Assim como as
famílias, as escolas são embaladas nas transformações societárias, porquanto
instituições histórico-culturais. A relação que estabelecem com as famílias
não poderia ser concebida diferente, ou seja, a relação escola-famílias deve
ser vista sob as transformações socioculturais em curso. Uma relação em que
se interceptam duas instâncias socializadoras e formadoras em um território
intensa convivência social, com modos de sociabilidades peculiares, diversas
entre si e por essas características são instituições heterogêneas marcadas pela
diversidade e culturas (ROMANELLI, 2013).
Notas sobre a relação família-escola na contemporaneidade
Notes on family-school relationship in contemporaneity
http://dx.doi.org/10.5007/2178-4582.2017v51n1p124
Fábio Kalil Souza
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe, Aracaju/SE, Brasil
125
Revista de Ciências HUMANAS, Florianópolis, v. 51, n. 1, p. 124-143, jan-jun 2017
É fato consolidado e amplamente divulgado na literatura serem a família e a
escola contextos privilegiados de desenvolvimento humano, conforme atestam
estudos na sociologia e nas psicologias da família e do desenvolvimento, muito
embora aspectos que interferem nessas duas agências, sejam como óbices a,
sejam como promotores da relação, ainda careçam de mais aprofundamento
lacunar, poroso e sempre aberto a novas questões, especialmente quando se
presentes contemporaneidade.
Mas como pode ser concebida tal relação? Na produção acadêmica não
como também por se mostrar evidente na própria semântica dos termos. Na
as escolar e familiar, que podem conduzir a situações de continuidade ou de
ruptura social, de aproximação ou de distância entre os sujeitos, de violência
simbólica ou aculturação. Nesse lume, tal relação pode sedimentar ou
pesquisador. Para este trabalho, a rigor, tal relação é compreendida como uma
fronteira de desenvolvimento humano, na qual escola e famílias intercambiam
informações, experiências e aprendizagens, mostrando-se, na dinâmica da
relação, um campo de possibilidades de os indivíduos –estudantes, familiares
como uma relação educativa. Nessa intersecção entre as duas agências, a
criança e/ou o jovem se recobre como alvo de investimentos (materiais e
imateriais); e na relação todos os processos e práticas para tais investimentos
podem ser potencializados ou alargados.
Szymanski (2001), Oliveira e Marinho-Araújo (2010) sublinham que escola
isto é, são agências ou estruturas sociais independentes e com objetivos
distintos, e outros que se interpenetram, como o de formar seus sujeitos-
As autoras ainda esclarecem que, tradicionalmente, compete à primeira,
sobretudo, promover situações de aprendizagem do conhecimento cultural
e historicamente organizado/sistematizado e de ampliar as possibilidades
de convivência social (socialização secundária), ao passo que à família cabe
as pesquisadoras destacam que tais diferenças geralmente criam focos de
tarefas sociais bem delimitadas funcionalmente, elas compartilham também
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