Ochy Curiel e o feminismo decolonial.

AutorSilva, Ana Paula Procópio da
CargoENTREVISTA

A revista Em Pauta tem o prazer de apresentar para seu publico a entrevista com a feminista decolonial Ochy Curiel, como parte da segunda edicao do dossie Questao Etnico-Racial e Antirracismo, organizado pelas professoras Ana Paula Procopio da Silva e Magali da Silva Almeida. Um dialogo que traz a possibilidade de conhecermos um pouco mais da trajetoria militante e teorica desta intelectual negra, principalmente no que diz respeito a construcao do feminismo decolonial e os desafios colocados a luta antirracista, antissexista e anticapitalista.

Ochy Curiel nasceu em Santiago, na Republica Dominicana, onde se formou em Servico Social e iniciou sua militancia no movimento de mulheres. Quando mudou-se para a capital, Santo Domingo, teve contato com o feminismo mais organizado e com grande participacao de mulheres lesbicas. Nesse periodo, final dos anos 1980, comecou seu ativismo enquanto feminista negra e lesbica. Participou da criacao da Casa pela identidade das mulheres afros, uma experiencia que ela qualifica como maravilhosa, em especial por ser a primeira articulacao no pais a abordar simultaneamente a opressao sexual e racial. Dali surgiria o movimiento de mulheres negras da America Latina e do Caribe e, em 1992, sediaria o 10. Encontro de Mulheres Negras na regiao.

Sua militancia e sua teoria sao atravessadas por outra de suas facetas, a musica, que para ela tambem e uma forma de expressao de resistencia capaz de atingir outros grupos que nao acessam nem a academia, por onde circula a maioria de seus escritos, nem os movimentos sociais, onde, em geral, estao pessoas mais politizadas. Foi a musica, alias, que a aproximou do feminismo. E desde entao nao parou mais. Como ativista do lesbofeminismo, analisou criticamente a imposicao da heterossexualidade; tambem nao poupou criticas a institucionalizacao do feminismo, que contribuiu para o recuo dos movimentos sociais.

Das andancas pela America Latina e Caribe ganham novos contornos as analises sobre genero, raca e classe. E aos poucos foi se identificando mais com o feminismo decolonial, mais complexo e mais situado em Abya Yala. A partir das margens, isto e, das distintas experiencias e vivencias de mulheres indigenas e afro-diasporicas, Ochy Curiel percebeu que emergem conhecimentos e saberes que, ao mesmo tempo em que sao expressoes de resistencia, transformam-se em novos horizontes epistemicos de descolonizacao do conhecimento. A entrevista segue um percurso por meio do qual vamos conhecendo Ochy Curiel por ela mesma.

Boa leitura!

Em Pauta: Fale-nos um pouco de sua trajetoria pessoal e politica.

Ochy Curiel: Naci en Republica Dominicana, un pais que comparte la Isla La Hispaniola (nombre colonial que coloco Cristobal Colon, pues antes el nombre ancestral de toda la Isla fue Haiti) con el Estado-nacion, Haiti. Esa Isla fue el primer asentamiento europeo que luego se extendio al resto de las Americas.

Ahi vivi alrededor de casi dos decadas de mi vida, particularmente en una ciudad del Norte, llamada Santiago. Soy hija de una mujer que fue maestra de escuela publica y un maestro de musica, en principio con mucha precariedad, aunque nunca nos falto nada. En esa ciudad curse mi primaria, secundaria y la universidad. Alli estudie trabajo social y una especializacion en Educacion Superior, en el area de ciencias sociales. Ahi comence a articularme al movimiento social, fundamentalmente de mujeres y tambien de los artistas que esa epoca denominamos, artistas alternativos, pues teniamos un compromiso social. Yo desde muy joven fui cantautora y tuve un tiempo que tambien me dedique a la musica.

De la ciudad de Santiago, me fui a Santo Domingo, la capital. Alli me articule al movimiento feminista, a movimientos sociales cultures y tambien continue con el arte.

A finales de la decada de los anos 80, construi, junto con otras companeras, la Casa por la Identidad de las mujeres afros. Fue un proyecto maravilloso, el primero en el pais en abordar el sexismo, el racismo y el sexismo. Nosotras contribuimos a conformar tambien el movimiento de mujeres negras de America Latina y El Caribe y fuimos la sede del 1er Encuentro de mujeres negras en la region en 1992.

Fui una activista del movimiento lesbofeminista de la region, que comenzo a analizar la heterosexualidad obligatoria y al tiempo, fui parte de la corriente autonoma feminista que comenzo a cuestionar la institucionalizacion del feminismo y las politicas de desarrollo que se imponian desde el Norte hacia nuestros paises y que implico una perdida de radicalidad en los movimientos sociales.

Posteriormente migre hacia Mexico, luego a Brasil, despues a Buenos Aires y ahora tengo ya 15 anos en Colombia. Es aqui en Colombia que entro a trabajar en la academia en temas sobre sexo/genero, raza y clase, desde una perspectiva decolonial, tanto en la docencia como en...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT