Partida da monção: modos de (re)ler o mito bandeirante

AutorEmerson Dionísio Gomes de Oliveira
CargoDoutorando da Universidade de Brasília (UnB)
Páginas55-76
PARTIDA DA MONÇÃO
: MODOS DE (RE) LER O MITO
BANDEIRANTE *
Emerson Dionisio Gomes de Oliveira
Doutorando da Universidade de Brasília (UnB)
Resumo
O presente artigo busca analisar as principais linhas interpretativas sobre a tela
Partida da Monção de Almeida Júnior, de 1897, elaboradas pelo Museu Paulista
da Universidade de São Paulo. Para isso, optamos por acompanhar as linhas
críticas que filiam a obra ao movimento bandeirante e seus desdobramentos, do
incipiente Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo aos principais divulgadores
da história paulista, entre a confecção do quadro aos primeiros anos da segunda
metade do século passado.
Palavras-chave: Almeida Júnior, Museu Paulista, Bandeirantismo
Partida da Monção: ways of reading the bandeirante myth
Abstract
This paper seeks to analyze the principal interpretive writings about the canvas
painting called Partida da Monção by Almeida Júnior, dating from 1897, prepared
by the Paulista Museum of the University of São Paulo. In order to do this, we
opted to accompany the critical writings, by the incipient Historic and Geographic
Institute of São Paulo, provided for the principal circulators of Paulista (from the
State of São Paulo) history, which affiliates the work of art to the expeditionary
movement and its unfolding happenings, from the date of the painting’s confection
and the first years of the second half of the XX century.
Keywords: Almeida Júnior, Paulista museum, expeditionary movement.
* Este texto foi orientado pela Profa. Dra. Eleonora Zicari Costa de Brito e contou com recursos
do CNPq.
56 REVISTA ESBOÇOS Nº 19 — UFSC
Para além das possibilidades individuais dos produtores e intérpretes das
obras de arte, há uma rede de instituições que tenta, a seu modo e finalidade,
estabelecer sentidos unívocos ou dominantes para os objetos que acolhem ou
interpretam. Os usos que essa rede efetiva sobre determinadas produções po-
dem, em boa medida, ser percebidos pelos processos discursivos que os legiti-
mam dentro de instâncias tão complementares quanto concorrentes como a his-
tória da arte, a estética, a crítica e a pedagogia.
O objetivo deste artigo é refletir o modo como instituições e seu ambiente
cultural contribuíram para constituir interpretações diversas de uma única obra.
Desde já avisamos que tal meta não significa de modo algum indiciar a ausência
da interpretação individual ou o monopólio sobre a produção de sentidos por uma
única e prévia instituição – algo tão improvável quanto utópico. Até porque, den-
tro de uma linha próxima à interpretação institucional da arte 1, sabemos que uma
análise que se aproxime da história e da memória de uma dada instituição cultural
demonstra que a coerência e a ausência de conflitos internos é, no máximo, uma
representação de si, provavelmente, tão bem-sucedida quanto ilusória.
Partida da Monção, Almeida Júnior, 1897, óleo sobre tela, 390 x 640 cm, Museu Paulista.
Extraído de NASCIMENTO, A.P. (org.). Almeida Júnior um criador de imaginários

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT