Percurso para o Senado: carreiras e social background dos senadores das 51ª e 52ª Legislaturas

AutorAlison Ribeiro Centeno
CargoAtualmente, cursa Doutorado em Ciências Sociais (2019-2023) na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC- RS)
Páginas246-267
DOI: https://doi.org/10.5007/175-7984.2020v19n45p246
246246 – 267
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Percurso para o Senado: carreiras e
social background dos senadores
das 51ª e 52ª Legislaturas1-2
Alison Ribeiro Centeno3
Resumo
Analisando o Senado Federal entre 1999 e 2006, objetiva-se apresentar as características de
recrutamento dos Senadores de acordo com o posicionamento de seus partidos no espectro ideo-
lógico esquerda-centro-direita. Estruturou-se um banco de dados com: titulação escolar, prossão
prévia à carreira política, e os cargos institucionais eleitorais e nomeativos ocupados pelos 135
políticos que passaram pelo Senado durante o ínterim. Apresenta-se o período como composto
por bacharéis, razoavelmente distintos em suas prossões pregressas e um contraste na forma-
ção das carreiras políticas – alto nível de experimentação para políticos dos partidos de centro
e direita, e menor experiência dos Senadores dos partidos de esquerda.4
Palavras-chave: Senado Federal. Carreiras políticas. Social background.
1 Versão aprofundada de trabalho apresentado no II Seminário Internacional de Ciência Política (II SICP). Agrade-
cimentos aos colegas do Grupo de Trabalho: Elites e poder judiciário, pelas críticas que enobreceram o trabalho.
2 Agradecimentos aos pareceristas pelas sugestões que geraram profundas reexões e deram maior qualidade ao
artigo através de suas colocações.
3 Atualmente, cursa Doutorado em Ciências Sociais (2019-2023) na Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUC- RS). Possui graduação em Ciências Econômicas (2011-2015) e Mestrado em Ciências
Sociais (2016-2018), também pela PUC-RS. Estágio na Fundação de Economia e Estatística (FEE) como bol-
sista de Iniciação Cientíca da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS)
(2013-2015), trabalhando com análise de indicadores; durante a pós-graduação, bolsista da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) (2016-2018), desenvolvendo estudos na área
de recrutamento de elites políticas, com artigos publicados sobre eleições e teoria política. Atualmente, é revisor
de periódicos na área de Ciência Política, na qual tem experiência de pesquisa com ênfase em carreiras políticas,
eleições majoritárias e Senado Federal. E-mail: alison.centeno@edu.pucrs.br.
4 O presente trabalho foi realizado com apoio da CAPES – Código de Financiamento 001.
Política & Sociedade - Florianópolis - Vol. 19 - Nº 45 - Mai./Ago. de 2020
247246 – 267
1 Introdução
O presente trabalho deriva da dissertação “Os maestros da elite: car-
reiras e trajetórias dos líderes no Senado Federal entre 1999 e 2006”.
Na pesquisa anterior se buscou trazer luzes aos parcos estudos sobre a Casa
da Federação, focando no social background, nas trajetórias e nas carreiras
dos Senadores que compuseram as 51ª e 52ª Legislaturas, contrapondo
esses pers com os dos líderes no Senado Federal. A conclusão da escrita
prévia foi que as lideranças das legendas e das bancadas suprapartidárias no
Senado durante o período eram ainda mais experientes politicamente, com
maior incidência de diplomas no ensino superior e de maior concentração
das trajetórias predominantes encontradas no “corpo” da Casa.
Há consenso que o Senado é o ente legislativo por onde passam mui-
tos dos mais experimentados políticos do País; porém, pouco ainda se foi
explorado academicamente sobre sua dinâmica interna (NEIVA, 2011;
ARAÚJO, 2011; CENTENO, 2018), considerando todas as prerrogativas
constitucionais que a Câmara Alta tem no Brasil. Isto posto, combinado
com os estudos que reforçam a preeminência do capital social e da ex-
perimentação política na eleição para o Congresso Nacional, invoca-se o
estudo quanto à possível “padronização” ou “dissonância” do recrutamento
dos partidos à Casa da Federação de acordo com seus respectivos posi-
cionamentos no espectro ideológico nesse importante período da história
política do Brasil pós-redemocratização.
No constante digladiar entre situação e oposição, seja na scalização
de atividades de instituições, seja na sabatina de autoridades indicadas, na
simbologia do embate político está a capacidade de impor o argumento
prevalente. Passa pelo Senado Federal a conduta das temáticas basilares
da estruturação de políticas de cada governo. Ao longo das próximas três
seções, espera-se apresentar os padrões de recrutamento das legendas nos
termos do social background – prossão e titulação escolar prévios ao man-
dato de Senador, e de carreira política – mandatos eletivos e nomeativos
dos Senadores antes dos mandatos nas legislaturas em estudo.
Objetiva-se delinear as principais características de antecedentes à em-
preitada política e, após adentrar o meio político, quais cargos os Senadores
ambicionaram na seara eleitoral até chegarem à representação federativa.

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