Performance logística do brasil no comércio internacional

AutorMaurício Caminha Leal Bouchut - Ângela Rozane Leal de Souza - Letícia Oliveira
CargoGraduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Graduação em Ciências Contábeis. Doutora em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS - Graduação em Administração pela Universidade Federal de Lavras
Páginas921-936
PERFORMANCE LOGÍSTICA DO BRASIL NO COMÉRCIO INTERNACIONAL
Maurício Caminha Leal Bouchut1
Ângela Rozane Leal de Souza2
Letícia Oliveira3
Resumo
O objetivo do artigo é fornecer uma análise do desempenho logístico do Brasil no comércio internacional, a partir dos
índices de desempenho logístico (LPI) fornecidos pelo Banco Mundial entre 2007 e 2016. Por meio de uma análise de
clusters, examina os indicadores, para cerca de 160 países. Destaca que o Brasil ocupa no ranking mundial uma posição
abaixo de outros países de menor expressividade e de menor disponibilidade de recur sos econômicos, o LPI vem
apresentando uma leve evolução entre 2007 e 2016. Em 2016, obt eve uma pontuação superior à média dos países latino-
americanos e de baixo desempenho logístico, porém inferior aos paí ses de alto desempenho logístico. Aponta que entre os
motivos têm-se os entraves logísticos, quanto ao excesso de documentos e agências regulatór ias de exportação e
importação. Conclui que as variáveis relacionadas à inspeção e liberação das cargas apresentam uma posição crítica, além
dos indicadores de desembar aço aduaneiro e embarques internacionais como de maior ineficiência, sendo necessária
atenção por parte do poder público brasileiro, uma vez que apresentaram baixa pontuação nos LPI.
Palavras-chave: Infraestrutura Logística. Competitividade. Comércio Internac ional. Cadeia de Suprimentos.
BRAZIL'S LOGISTICS PERFORMANCE IN INTERNATIONAL TRAD E
Abstract
The goal is to provide an analysis of the logistics performance of Brazil in international trade, from the logistics performance
index (LPI) provided by the World Bank between 2007 and 2016. By means of a cluster analysis, we analyzed the indicators,
to approximately 160 countries. It is noteworthy that Brazil occupies a position in the world ranking below other countries with
less expressiveness and lower availability of economic resources, the LPI is showing a slight trend between 2007 and 2016.
By means of a cluster analysis, we analyzed the indicators, to approximately 160 countries. It is noteworthy that Brazil
occupies a position in the world ranking below other countries with less expressiveness and lower availability of economic
resources, the LPI is showing a slight trend between 2007 and 2016. In 2016, achieved a score higher than the average of
Latin American countries and low logistics performance, but lower than the countries of high logistics performance. Among
the reasons have the logistical obstacles, as the excess of documents and regulator y agencies for export and import. The
variables related to the inspection and release of loads feature a critical position, in addition to the indicators of customs
brokerage and international shipments as greater inefficiency, being necessary attention by part of the Brazilian public
power, once presented low score on the LPI.
Keywords: Logistics Infrastructure. Competitiveness. International Commerce. Supp ly Chain.
Artigo recebido em: 14/01/2021 Aprovado em: 20/11/2021
DOI: http://dx.doi.org/10.18764/2178-2865.v25n2p 921-936
1 Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestrando em Administração pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: mbouchut@hotmail.com
2 Graduação em Ciências Contábeis. Doutor a em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
Mestre em Ciências Contábeis na UNISINOS. Professora, com dedicação exclusiva, na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul- UFRGS. E-mail: angela.rsl@gmail.com
3 Graduação em Administração pela Universidade Federal de Lavras. Doutora em Agronegócios pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. Mestre em Administração pela Universidade Federal de Lavras. Professora da Universidade Federal
do Rio Grande Do Sul (UFRGS). E-mail: leticiaoliveira@ufrgs.br
Maurício Caminha Leal Bouchut, Ângela Rozane Leal de Souza e Letícia Oliveira
922
1 INTRODUÇÃO
A concorrência internacional impõe a necessidade de que as empresas controlem seus
processos produtivos de maneira diligente e racional, visando estratégias de redução de custos e de
prazos de atendimento da demanda, bem como métodos que tenham foco em atividades que
agreguem valor à cadeia. Sob esse enfoque, Ballou (2001) destaca que, somado ao fato de que as
cadeias de suprimentos vêm adquirindo um caráter cada vez mais global, a eficiência logística é fator
preponderante para o aperfeiçoamento das operações das empresas e do consequente atingimento de
uma situação de vantagem competitiva.
Principalmente a partir da década de 80, o sistema de administração da produção do Just
in Time, filosofia de gestão que tem como intuito otimizar seus estoques e reduzir os custos
decorrentes, evidenciou a necessidade de um alto desempenho logístico no âmbito gerencial. Isso
porque não somente a redução de custos e prazos, mas também os índices de confiabilidade e
previsibilidade das cadeias de suprimentos são relevantes. É fato que as operações logísticas,
configurando-se no fator preponderante para uma integração eficaz dos agentes em uma cadeia de
valor, devem levar em consideração indicadores que reflitam o desempenho logístico e a infraestrutura
dos países que estão inseridas e/ou cujos fornecedores e clientes estão localizados. Sendo assim, a
eficiência logística é importante, não somente para o comércio internacional, mas também para a
atração de investimento estrangeiro direto (IED) e para a promoção de crescimento econômico, em
última análise (MACHLINE, 2011).
O panorama logístico brasileiro é apontado, atualmente, como deficitário. No País, que
carece de planejamento de longo prazo e de investimentos por meio de parcerias público-privadas, o
investimento público em infraestrutura foi apenas 0,19% do PIB em 2015, um percentual muito abaixo
de outros países em desenvolvimento como China, Chile, Índia e Peru. Além da falta de investimentos,
outros fatores como a falta de diversificação da malha de transporte e de profissionais qualificados, a
elevada burocracia e a complexidade tributária também contribuem para a ineficiência logística
enfrentada pelas empresas brasileiras. A Fundação Dom Cabral corrobora com esta constatação, uma
vez que demonstra que os custos logísticos representaram 11,73% do PIB em 2015, um percentual
muito acima dos Estados Unidos da América (EUA) e da Europa (FARIA; SOUZA; VIEIRA, 2015;
FUNDAÇÃO DOM CABRAL, 2015).
Devido à alta competitividade no cenário internacional, mostra-se necessário avaliar,
continuamente, os fatores que determinam o posicionamento do Brasil no comércio exterior e,
principalmente, os pontos vulneráveis que impedem um melhor desempenho logístico do País, como
por exemplo: a excessiva burocracia alfandegária e a precariedade na infraestrutura. Para atender a

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT