Prefácio

AutorPaulo de Barros Carvalho
Páginas13-15
XIII
PREFÁCIO
Tratado como intuição pura, como condição a priori da
sensibilidade no vocabulário kantiano, não têm convergido
para o tempo as investigações filosóficas que poderíamos su-
por, tal o papel relevantíssimo que desempenha em todos os
setores do conhecimento, seja ele o vulgar, o técnico e o científi-
co. A breve trecho e apenas a título de curiosidade, a amplitude
semântica da palavra nos leva a perto de cinquenta dimensões
de significado, operando sempre como marcador implacável
do ser humano carente e, portanto, ávido para situar-se bem
na turbulenta e inconstante vida social. Não tem existência
concreta e, de tão plácido, o homem, jogado no mundo, o utiliza
juntamente com o espaço para direcionar-se apropriadamente,
superando as dificuldades e prosseguindo na sua trajetória. As-
sim como a Geometria se vê impotente para definir o espaço,
que é o objeto que se propõe medir, a ciência jurídica não tem
como definir o Direito, como salienta Fritz Schreier, e o tem-
po, na sua unidirecionalidade irrefreável remanesce, também,
como categoria que é, em estado de absoluta indefinição. Mas
os atos comunicativos, tecidos necessariamente em linguagem,
e conduzidos pelo tempo, pois os atos de fala não se dão simul-
taneamente, mas em sequência, dispõem de mecanismos de as-
sociação de ideias, noções ou conceitos e que se estendem em
raciocínios com seus correlatos argumentos. Eis aqui os meios
de falar do tempo, compondo-o de várias maneiras e fazendo
surgir, como acentuei linhas acima, com muitas e muitas asso-
ciações para utilizá-lo.

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