Quatro pontos para reflexão sobre a iniciação científica

AutorLuciana Karine de Souza
CargoDocente e pesquisadora em desenvolvimento social e da personalidade no Depto. de Psicologia e no Mestrado Interdisciplinar em Lazer da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Páginas219-236
DOI:10.5007/1984-8951.2011v12n101p219
Cad. de Pesq. Interdisc. em Ci-s. Hum-s., Florianópolis, v.12, n.101, p.219 -236, ago/dez 2011
Quatro pontos para reflexão sobre a iniciação científica
Four points to ponder in scientific initiation
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Luciana Karine de Souza2
RESUMO
Universidades e agências de fomento à pesquisa investem em bolsas de Iniciação
Científica (IC) anualmente, fornecendo oportunidades para pesquisadores juniors e
seniors selecionarem estudantes para a atividade remunerada em IC. A IC é uma
atividade importante para a formação do estudante universitário, com reflexos
construtivos para seu futuro profissional. Ao mesmo tempo, o pesquisador recebe
auxílio para o andamento de suas pesquisas e, em início de carreira, está se
preparando para futuras orientações em pós-graduação. O presente texto apresenta,
com base nas leituras realizadas, em experiências e observações livres ou relatos
informais, quatro pontos para reflexão com respeito à IC. Sem pretender esgotar a
discussão, o objetivo com este relato é compartilhar as considerações elaboradas e
incentivar aqueles graduandos que tiverem interesse em se envolver na atividade de
IC e aos recém-doutores para que abriguem alunos nesta atividade importante à
formação profissional, seja ela na pesquisa ou na prática.
Palavras-chave: Iniciação científica. Orientação. Graduação.
ABSTRACT
Universities and research funding agencies invest on scientific initiation (SI) grants
every year, providing opportunities to junior and senior researchers to choose
students for a paid activity on SI. SI is an important activity for the university students'
studies, with constructive outcomes to his(her) professional future. At the same time,
the researcher receives aid for the development of his(her) work and, at the
beginning of his(her) career, he(she) is preparing for future supervising on a graduate
level. This paper presents four points to consider with respect to SI, based on
bibliography studied, on experiences and free observations or informal talks. With no
intent to close the discussion on the topic, the goal of this paper is to share ideas and
encourage undergraduate students that may be interested on SI and also encourage
junior researchers to embrace students on this important activity for their professional
path, either chosen to be professional or academic.
Keywords: Scientific initiation. Supervising. Undergraduate studies.
1 "Scientific initiation" is an activity, usually supported by grants given by Brazilian institutions to
university or high school students, aimed to develop interest in scientific work.
2Docente e pesquisadora em desenvolvimento social e da persona lidade no Depto. de Psicologia e no
Mestrado Interdisciplinar em Lazer da Universidade Federal de Minas Gerais ( UFMG).
Esta obra foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não Adaptada.
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Cad. de Pesq. Interdisc. em Ci-s. Hum-s., Florianópolis, v.12, n.101, p.219 -236, ago/dez 2011
1 INTRODUÇÃO
As universidades e agências de fomento à pesquisa (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, fundações estaduais de
amparo à pesquisa, etc.) investem em bolsas de Iniciação Científica (IC)
anualmente, fornecendo oportunidades para pesquisadores juniors e seniors
selecionarem estudantes para a atividade remunerada em IC. Em alguns cursos de
graduação, por exemplo, há o aproveitamento de créditos curriculares para a IC
orientada por um professor do curso. Assim, o estudante consegue registrar
oficialmente em seu currículo a experiência em IC. Não raro há casos de orientação
científica voluntária, na qual o estudante busca aprendizado, conhecimento e
experiência sem remuneração ou créditos para o currículo.
O CNPq (2006
3) oferece o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica (PIBIC), cujos objetivos são:
despertar vocação científica e incentivar novos talentos potenciais entre
estudantes de graduação; contribuir para reduzir o tempo médio de titulação
de mestres e doutores; propiciar à instituição um instrumento de formulação
de política de iniciação à pesquisa para alunos de graduação; estimular
uma maior articulação entre a graduação e pós-graduação; contribuir para a
formação de recursos humanos para a pesquisa; contribuir de forma
decisiva para reduzir o tempo médio de permanência dos alunos na pós-
graduação; estimular pesquisadores produtivos a envolverem alunos de
graduação nas atividades científica, tecnológica e artística-cultural;
proporcionar ao bolsista, orientado por pesquisador qualificado, a
aprendizagem de técnicas e métodos de pesquisa, bem como estimular o
desenvolvimento do pensar cientificamente e da criatividade, decorrentes
das condições criadas pelo confronto direto com os problemas de pesquisa.
Assim, além do intuito de desenvolver o interesse pela atividade científica e
instrumentar o graduando para tal, os objetivos da agência citada incluem uma
relação estreita entre graduação e pós-graduação e com a formação de grupos de
pesquisa.
Szczepanik (2006) faz uma análise aprofundada da obra do filósofo Thomas
Kuhn e seu posicionamento sobre o aprendiz em ciência. Embora T. Kuhn não tenha
proposto um programa de educação científica, a leitura atenta de Szczepanik notou
pontos importantes destacados pelo filósofo. Para este, a educação científica
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