Quem Precisa de Guia Turístico?
Autor | Everardo Leitão |
Cargo | Aluno de graduação em Direito da UnB (4o semestre) |
Por que, mesmo numa universidade que se pretende democrática como a UnB, pouco se discute sobre a relação professor-aluno? Qual é, por falar nisso, o papel do professor universitário? A quem interessa que esse papel não esteja em permanente berlinda? A quem cabe, à instituição Universidade ou ao aluno, a iniciativa de mantê-lo na berlinda?
Eis a questão: é possível formar um profissional crítico sem que ele seja chamado desde logo a exercer a função criticante - sobre o processo, o conteúdo e os agentes dessa própria formação?
Quais são as regras implícitas ou explícitas que regem o relacionamento aluno-professor? Quem as instituiu? Quem zela por elas? Que interesses elas defendem? Quer dizer, a quem ou a quê servem?
Por que há tolerância com quem encarna uma babá autoritária cuja missão parece não passar de entreter às rédeas curtas seus anômicos alunos até o cálculo da menção final? É preciso haver chefe e chefiados? A subserviência do aluno é obrigatória e necessária ou quem sabe seja chegada a hora de discutir o direito achado na sala de aula?
Fetiche dos disciplinadores, por que a freqüência é obrigatória: porque a sessão de aula é de fato indispensável ou porque a freqüência é por lei obrigatória? Qual a razão de exigir presença nos casos em que o professor se limita a repetir e apenas repetir as lições da bibliografia indicada? Por que ao aluno não é facultado, nesses casos, ficar em casa ou na biblioteca compulsando os textos por sua própria conta? O professor-papagaio cumpre o papel que dele se espera? E se não cumpre, melhor para quem? Pior para quem? Indiferente para quem?
Qual é o limite para o que o professor pode exigir de um aluno em leitura, por exemplo? Dado que esgotar a leitura recomendada sobre os assuntos do programa é tarefa impensável, qual é o limite para a exigência em cada disciplina? Dois livros por semestre? Três? Quatro? Cinco? Qual o critério? Como calcular o razoável? Quem é o guardião do bom senso? (É fato ou impressão que quase todo professor acha que sua disciplina é a mais importante do currículo?)
Por que tudo acontece como se as regras de relacionamento entre professor e aluno já fossem suficientemente discutidas, conhecidas e aceitas por toda a comunidade universitária? Por que, desde os primeiros dias de aula, agem todos como se nada mais coubesse ser questionado quanto ao princípio geral de que o professor manda e o aluno obedece? (Qualquer professor manda, inclusive o parvo? E quem faz o que um parvo...
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