A questão do imperialismo

AutorJoão Carlos Medeiros de Aragão
Páginas5-14

Page 6

Introdução

O Trabalho enfoca primeiramente o conceito de Imperialismo como sistema capitalista de organização econômica. Para tanto, considera opiniões de expoentes no assunto, tais como Lênin, influenciado pelas idéias de Rudolph Hilferding – de que as necessidades capitalistas demandavam a expansão imperialista -e Marx, que interpretava os movimentos inerentes ao Capitalismo - lucro e evolução tecnológica servindo a novos investimentos e concorrência como propulsora da ação dos capitalistas - insuficientes para agregar valor econômico se não houvesse o trabalho.

Esclarece, igualmente, as tendências que defendiam esse raciocínio e as que o confrontavam, estas com idéias mais liberais e menos socialistas. O Imperialismo seria, então, visão distorcida do Capitalismo; porém, vislumbrava-se solução otimista para o problema: permitir que a participação do trabalho nos lucros dos capitalistas aumentasse, tese que permeia até hoje certas abordagens acerca do novo Imperialismo.

Outras tendências são reveladas, refletindo contrastes na forma pela qual o tema vem sendo entendido por economistas, políticos e cientistas de diferentes momentos da História.

Contudo, o cerne do Artigo é comprovar a ingenuidade dessas opiniões, explicitando a invalidade de seus argumentos, e mostrar que se esqueceram de pensar a questão também à luz da política, o que modificaria as “verdades” propaladas sobre o Imperialismo Econômico. Tanto a análise lógica quanto a empírica derrubam a força dos pontos de vista sobre o assunto, já que não há argumentos que os sustentem, embora algumas conclusões possam até ser acertadas.

Este Artigo se esforça em esboçar estudo abrangente a respeito da matéria e apela, inclusive, a uma visão sociológica do que se configura como Imperialismo - o retorno a algumas práticas pré-capitalistas, surgidas da estrutura social das nações e, não, do Capitalismo.

O objetivo do Texto é examinar a temática sob distintos ângulos, sem a pretensão de esgotar tal exame, uma vez que o objeto de estudo é complexo e ainda suscita polêmica entre os que a ele dedicam sua atenção.

Page 7

1. Intepretação econômica

Boa parte das teorias acerca do novo Imperialismo considerava-o “[...] uma forma capitalista de organização econômica, um fenômeno essencialmente econômico, uma imperfeição do capitalismo”. Havia dois tipos de teoria econômica: a marxista e a liberal. Segundo a primeira, a expansão imperialista resultava inexoravelmente do Capitalismo, gerada pelas controvérsias internacionais do modo de produção capitalista. Seu mais reconhecido defensor foi Lenin.

De acordo com a segunda, a liberal, o novo Imperialismo era a resposta a certos desajustes do Capitalismo contemporâneo. Até hoje, tais pensamentos encontram seguidores, os quais entendem serem sinônimos o Imperialismo e o Imperialismo Econômico.

2. Origens intelectuais

A origem das teorias econômicas sobre o novo Imperialismo foi a idéia (do século XIX) da tendência decrescente, em longo prazo, da taxa de lucro sobre o capital. Para economistas desse período, uma taxa de lucro declinante produziria estagnação da sociedade capitalista, interpretada esta como propulsora do Capitalismo. Outros acreditavam que essa inclinação poderia ser compensada pelo acesso a matérias-primas mais baratas e a alimentos do exterior e, ainda, a novos mercados exportadores e de investimentos.

Adam Smith responsabilizou a competição excessiva do capital interno pela tendência declinante do lucro; Thomas Malthus, o crescimento demográfico, que pressionava os recursos alimentares. Já Stuart Mills culpou os limitados recursos naturais de cada país (Atualmente, cientistas econômicos apresentam duas explicações: a “hipótese do subconsumo” e o ponto de vista de Marx.).

Simonde de Sismondi e Rodbertus, precursores da “hipótese do subconsumo”, afirmavam que as economias capitalistas mais evoluídas consumiam menos do que produziam, em razão do baixo poder aquisitivo dos trabalhadores, os quais não recebiam o suficiente para comprar tudo o que era produzido, e do fato de que a capacidade individual de consumo é limitada. Além disso, criam que, com o crescimento demográfico, osPage 8 capitalistas produziam mais, mas também poupavam mais, acarretando desigual distribuição de renda. Para eles, possível solução seria a redistribuição de renda.

De acordo com Marx, o progresso tecnológico e a concorrência conduziam os capitalistas a investirem os lucros em novo capital físico (equipamentos, instalações), o qual, porém...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT