Realinhamentos partidários no estado do Rio de Janeiro (1982-2018)

AutorTheófilo Codeço Machado Rodrigues
Páginas332-356
DOI: https://doi.org/10.5007/2175-7984.2020.e67408
332332 – 356
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Realinhamentos partidários no estado
do Rio de Janeiro (1982-2018)
Theólo Codeço Machado Rodrigues1
Resumo
O presente artigo investiga o processo de realinhamento partidário em curso no estado do Rio
de Janeiro. Foram observados os partidos dos governadores e senadores eleitos no Rio de Janeiro
pelo voto direto entre 1982 e 2018. Além dos governadores, foram avaliadas as bancadas partidá-
rias eleitas para a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) e para a Câmara dos
Deputados durante todo o período. A pesquisa conrmou a hipótese do recente realinhamento
partidário no Rio de Janeiro e identicou que, com o declínio eleitoral do brizolismo, e com a
prisão das principais lideranças locais do PMDB a partir de 2016, o tradicional centro político
do estado – PDT pela centro-esquerda e PMDB pela centro-direita – implodiu e novos partidos
oriundos dos extremos do espectro político emergiram como PSL, PRB e PSC, pela direita, e
PSOL, pela esquerda.
Palavras-chave: Partidos Políticos. Rio de Janeiro. Sistema Partidário. Brizolismo. Chaguismo.
1 Introdução
Entre 1982 e 2018, houve no Rio de Janeiro sete governadores eleitos
pelo voto direto e três vice-governadores que assumiram o cargo. No de-
curso desse período, verica-se que o PMDB governou o estado durante
19 anos, o PDT por 10, o PSDB por 4, o PSB por 2 e o PT por alguns
meses. Em outubro de 2018, um novo partido foi eleito para o governo:
o PSC. Nas décadas de 1980 e 1990, Brizola, brizolistas e ex-brizolistas
protagonizaram a política no estado. A partir dos anos 2000 uma hegemo-
nia peemedebista se formou, em semelhança ao que foi o chaguismo no
1 Pesquisador de Pós-Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UERJ), com bolsa FAPERJ. E-mail: theolomachadorodrigues@gmail.com
Política & Sociedade - Florianópolis - Vol. 19 - Nº 46 - Set./Dez. de 2020
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passado. Com o declínio eleitoral do brizolismo e a prisão das principais
lideranças do PMDB do estado a partir de 2016, o tradicional centro po-
lítico uminense – PDT pela centro-esquerda e PMDB pela centro-direita
– implodiu e novos partidos oriundos dos extremos do espectro político
emergiram como PSL, PRB e PSC, pela direita, e PSOL, pela esquerda.
Com um caráter exploratório, a presente pesquisa apresenta esse pro-
cesso de realinhamento partidário em curso no estado. Além dos principais
concorrentes ao governo e ao Senado, foram observadas as bancadas par-
tidárias eleitas para a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
(ALERJ) e para a Câmara dos Deputados durante todo o período que
vai da eleição de 1982 até a de 2018. O artigo está subdividido em cinco
seções. Na primeira, são apresentados os elementos do chaguismo que ca-
racterizam a marca de origem da política do Rio de Janeiro desde o período
do regime militar. A segunda seção indica como o brizolismo surgiu com
sucesso na década de 1980 como contraponto ao chaguismo. A seção se-
guinte sugere a existência de uma crise no brizolismo, na década de 1990,
com a eleição de Marcello Alencar, que rompeu com Brizola e foi eleito
governador pelo PSDB, em 1994. A eleição de Alencar demarcou a crise
do brizolismo, que entrou em declínio desde então. A quarta seção trata da
emergência da hegemonia do PMDB no início dos anos 2000, que somen-
te terminou com a prisão de suas principais lideranças entre 2016 e 2018.
O artigo conclui com a hipótese de um recente realinhamento partidário
no estado como resultado da crise de hegemonia do PMDB. Neste mo-
mento, o sistema partidário do Rio de Janeiro assiste à ascensão de partidos
da direita do espectro político vinculados, inclusive, às igrejas evangélicas,
como o PSC, o PRB e o PSL. Do outro lado, o PSOL dá sinais de que será
um novo partido de esquerda protagonista ao lado do PDT e do PT.
2 O chaguismo como marca de origem
Não há muitas dúvidas na literatura especializada de que uma das
marcas de origem da política no Rio de Janeiro da Nova República seja
o chaguismo (MOTTA, 2000). De certo modo, o sistema partidário que
emerge com o pluripartidarismo surge em contraponto ao modelo cha-
guista derrotado em 1982 (SARMENTO, 2008). Para quem não co-

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