Relações que promovem e reproduzem a desigualdade e o racismo no brasil

AutorAntônio Eugênio Furtado Corrêa - Eugênia da Luz Silva Foster - Elivaldo Serrão Custódio
CargoGraduação em Direito - Graduação em Pedagogia - Graduação em Pedagogia
Páginas738-757
RELAÇÕES QUE PROMOVEM E REPRODUZEM A DESIGUALDADE E O RACISMO NO BRASIL
Antônio Eugênio Furtado Corrêa1
Eugénia da Luz Silva Foster2
Elivaldo Serrão Custódio3
Resumo
O artigo tem por objetivo refletir sobr e relações que, ao longo da história do Brasil, promovem, estruturam e reproduzem a
desigualdade social e o racismo no país. Trata-se de uma pesquisa qualitativa exploratória-descritiva de cunho
bibliográfica.A partir da rev isão da literatura, busca delinear as ações cotidianas que concretizam a desigualdade e o
racismo presente no decorrer dos tempos. Ressalta que o racismo, por envolver aspectos subjetivos em seus matizes
conceituais, pode ser identificado na organização da sociedade, uma vez que o racismo estrutural parte desse arcabouço
institucional e se materializa em falas e ações. Conclui que os resultados apontamuma diversidade de modos como a
desigualdade social e o racismo nela entrelaçado estão presentes na estrutura social, bem como são frutos de um processo
que organizou a sociedade desde o período colonial, o que favoreceu a elite ao longo dos tempos.
Palavras-chave: Racismo. Organização social. Desenvolvimento socioeconômico. Políticas Públicas.
RELATIONSHIPS THAT PROMOTE AND REPRODUCE INEQUALITY AN D RACISM IN BRAZIL
Abstract
The article aims to reflect on relationships that, throughout the history of Brazil, promote, structure and reproduce social
inequality and racism in the country. This is an exploratory-descriptive qualitative research of bibliographic nature. From the
literature review, we sought to delineate the daily actions that materialize the inequality and racism present throughout time.
Racism, as it involves subjective aspects in its conceptual nuances, can be identified in the organization of society, since
structural racism starts from this institutional framework and is materialized in speeches and actions. The results show a
diversity of ways in which social inequality and racism intertwined in it are present in the social structure, as well as being the
result of a process that organized society since the colonial period, which favored t he elite over time.
Keywords: Racism. Social organization. Socioeconomic development. Public policies
Artigo recebido em: 03/04/2021 Aprovado em: 26/11/2021
DOI: http://dx.doi.org/10.18764/2178-2865.v25n2p738-757
1 Graduação em Direito. Mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). E-mail:
eugeniofurtadoc@gmail.com
2 Graduação em Pedagogia. Doutora em Educação pela Universidade Federal de Fluminense (UFF) . Professora da
Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) no Mestrado em Educação da UNIFAP e no Doutorado em Educação na
Amazônia (PGEDA), Associação Plena em Rede-Educanorte. E-mail: eugeni a.luz@hotmail.com
3 Graduação em Pedagogia. Doutor em Teologia pela Faculdades EST. Professor no Mestrado em Educação da UNIFAP e
Professor Coorientador no Doutorado em Educação na Amazônia (PGEDA), Associação Plena em Rede-Educanorte. E-
mail: elivaldo.pa@hotmail.com
Antônio Eugênio Furtado Corrêa, Eugénia da Luz Silva Foster e Elivaldo Serr ão Custódio
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1 INTRODUÇÃO
A história das relações sociais entre os diversos grupos étnicos que compõem a nação
brasileira é registrada numa extensa literatura resultante de pesquisas científicas, de romances e de
outros tipos de registros abrangendo o período que vai desde a chegada dos europeus às terras do
Novo Mundo até as primeiras duas décadas do século XXI.
Inúmeros registros das violências permearam as interações entre nativos e europeus, que
depois incluíram os africanos escravizados e seus descendentes, e que se reproduzem ao longo da
história. Para muitos dominados e expropriados essas violências não ficam evidentes por conta da
carga ideológica que os leva a aceitar a ideia de fatalidade ou ainda a ideia de que as relações entre
esses grupos étnico-raciais configuram, de fato, uma democracia racial.
Diante deste contexto, o presente trabalho apresenta vários registros dessas violências
materializadas nas relações interpessoais e institucionais, demonstrando que a desigualdade social
imposta, desde o início da invasão, e o racismo, ajudaram a estruturar a sociedade brasileira nos
diferentes períodos da história nacional consolidando uma ordem sociopolítica que se reproduz em
círculo num efeito retroativo, onde se vislumbra o princípio sistêmico-organizacional da retroação numa
perspectiva complexa (MORAES; VALENTE, 2008). Assim, de forma disfarçada ou explícita, os negros,
os indígenas e os brancos empobrecidos enfrentaram e enfrentam barreiras que os mantêm, até hoje,
na posição de subalternos e inferiorizados.
Toda essa percepção da exploração e marginalização desses grupos minoritários
possibilita uma reflexão acerca da existência de relações que promoveram, estruturaram e
reproduziram a desigualdade e o racismo no Brasil. A presença dessas relações, na atualidade, segue
entranhada nas instituições sociais, nos corpos dos indivíduos, inclusive dos explorados, até certo
ponto, camuflada por ações de negação da própria sociedade brasileira.
Assim, o objetivo do artigo é refletir sobre relações sociais que promovem, produzem e
reproduzem a desigualdade social e o racismo entre os grupos que compõem a nação brasileira, onde
brancos de origem europeia, com poder econômico e político, continuam exercendo o domínio e a
expropriação dos negros, dos indígenas e dos brancos empobrecidos. O resultado do estudo fortalece
a tese de que o racismo e a desigualdade social são estruturais no Brasil; o primeiro como estratégia e
o segundo como repercussão e critério de distribuição de direitos e privilégios.
A intenção na coleta de registros de ações discriminatórias não foi quantificar, mas
pesquisara ocorrência destas ações nos mais diversos espaços de interação social visto que o
problema foi questionar sobre a desigualdade social e o racismo entranhados na sociedade brasileira

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