Sir Francis Galton e os extremos superiores da curva normal

AutorGeraldo Salgado-Neto - Aquiléa Salgado
CargoBiólogo e Doutorando em Agronomia. Departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências Rurais (CCR), Universidade Federal de Santa Maria - Centro Universitário Franciscano
Páginas223-239
Revista de Ciências Humanas - Florianópolis - Volume 45, Número 1 - p. 223-239 - Abril de 2011
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* Sir Francis Galton and the upper extremes of the normal curve
1 Biólogo e Doutorando em Agronomia. Departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências Rurais
(CCR), Universidade Federal de Santa Maria. Av. Roraima, 1000, Camobi, Santa Maria, RS, 97105-
900 (gsalgado@ bol.com.br).
2 Centro Universitário Franciscano, Departamento de Pedagogia, Campus 1, Rua dos Andradas nº
1614, Santa Maria, RS, 97010-032 (kilasalgado@ibest.com.br).
3 Uma visão geral sobre a vida e a obra de Francis Galton é encontrada em IRVINE, P. Sir Francis
Galton (1822-1911). Revista de Educação Especial, 20(1), 1986. ALLEN, G. The measure of a
Victorian polymath: Pulling together the strands of Francis Galton’s legacy to modern biology.
Nature, 145(3): 19-20, 2002.
4 Para uma análise sobre a vida de Charles Darwin: DARWIN, F. (Org.) The life and letters of Charles
Darwin, including an autobiographical chapter. Volumes 1, 2 e 3. London: Appleton-Century-
Crofts, 1887
Sir Francis Galton e os extremos superiores
da curva normal*
Geraldo Salgado-Neto1
Universidade Federal de Santa Maria
Aquiléa Salgado2
Centro Universitário Franciscano
No século XIX, Francis Galton
propôs a teoria da correlação e da re-
gressão, a teoria do anticiclone e redes-
cobriu as impressões digitais, criando o
primeiro sistema de identificação pessoal,
foi um dos fundadores da antropologia,
mas foi com o conceito da Eugenia, sua
maior contribuição que sua figura foi
mundialmente reconhecida.
Palavras-chave: Antropologia – Biometria
– Eugenia – Epistemologia
In the 19th century, Francis Galton
proposed the theory of correlation and
regression, the theory of the anticyclone
and rediscovered the fingerprints, creating
the first system personal identification,
was one of the founders of anthropology,
but it was with the concept of Eugenics,
his greatest contribution that his figure
was universally recognized.
Keywords: Anthropology – Biometrics –
Eugenics – Epistemology
Introdução
Francis Galton (1822–1911)3 é normalmente reconhecido como o primo de
Charles Darwin (1809–1882)4. Suas contribuições vão além da sua vasta
obra. Sir Francis Galton foi um dos últimos cavaleiros cientistas, era um ho-
mem brilhante, foi um dos fundadores da antropologia, meteorologista, mate-
mático, biólogo e inventou os parâmetros estatísticos conhecidos como teoria
da regressão e correlação, o primeiro a descrever a teoria do anticiclone,
criou em 1873 um dispositivo mecânico para ordenar e analisar dados,
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chamado tábua de Galton ou Quincunx (engenhosa máquina, modelo da teoria
dos erros, aplicável a muitos fenômenos no campo da Biologia e da Física).
Tudo podia ser quantificado por ele, pioneiro da estatística moderna: a eficácia
das orações, o aborrecimento, a beleza das mulheres, fenômenos climáticos e a
força da seleção natural5.
Francis Galton era filho de Samuel Tertius Galton e Anne Violetta; Ele era
neto por parte de mãe de Erasmus Darwin (1731–1802)6. De crença Quaker
era herdeiro de um fabricante de armas e de um banqueiro de Birmingham,
onde estudou medicina no General Hospital e posteriormente matemática no
King’s College de Londres e na Trinity College Cambridge7.
Estudante de abordagem decididamente exótica resolveu testar um livro
farmacêutico experimentando todos os remédios mencionados na obra em or-
dem alfabética, desistiu na letra C, vencido pelos efeitos purgativos do óleo de
cróton (óleo de rícino). Pouco depois abandonou a medicina para graduar-se
em matemática (1844) em Cambridge mesmo envolvendo riscos considerá-
veis, desistiu da formatura para organizar expedições para explorar territórios
desconhecidos no sudoeste, sul e norte da África8.
Quando voltou de suas expedições em 1852 estabeleceu-se como
explorador entusiasmado e passou a ser descrito como tendo um caso
amoroso com a África. No Egito, Galton ficou impressionado com as
construções monumentais e as castas de nobres sacerdotes e suas linha-
gens sagradas de descendência e ancestralidade e as medidas de controle
de natalidade dos escravos na construção das cidades de Phithom e Per
Ramsés éditos de Ramsés I (1292–1290 a.C.) e Ramsés II (1279–1213 a.C.)9.
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5 HENIG, R.M. O Monge no Jardim, o gênio esquecido e redescoberto de Gregor Mendel, o pai da
genética. Tradução: Ronaldo Rogério de Biasi. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
6 Para uma análise sobre a vida de Erasmus Darwin: KING-HELE, D. Doctor of Revolution: the life
and genius of Erasmus Darwin. London: Faber & Faber, 1977. KING-HELE, D. (Ed.). Charles
Darwin’s The Life of Erasmus Darwin. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. KING-
HELE, D. (Ed.). The Collected Letters of Erasmus Darwin. Cambridge: Cambridge University
Press, 2007.
7 DESMOND, A. & MOORE, J. Darwin: a vida de um evolucionista atormentado. Tradução: Gustavo
Pereira, Hamilton dos Santos e Maria Alice Gelman. São Paulo: Geração Editorial, 1995.
8 HENIG, R.M. O Monge no jardim, o gênio esquecido e redescoberto de Gregor Mendel, o pai da
genética. Tradução: Ronaldo Rogério de Biasi. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
9 GALTON, F. Narrative of an explorer in tropical South Africa. London, New York and Melbourne:
Ward, Lock and Co., 1951. ALLEN, G. The measure of a Victorian polymath: Pulling together the
strands of Francis Galton’s legacy to modern biology. Nature, 145(3): 19-20, 2002. BYNUM, W.F.
The childless father of eugenics. Science, 296(1): p. 472, 2002. GARDNER, L. A linhagem do
Santo Graal. Tradução: Marcos Malvezzi Leal, São Paulo: Madras Editora LTDA., 2004. KEL-
LER, W. ...E a Bíblia tinha razão. Tradução: João Távora, São Paulo: Círculo do Livro S.A., 1978
(p. 133). Ver o Antigo Testamento:
Então ordenou o Faraó a todo o povo, dizendo: Tudo o que
nascer do sexo masculino lançai-o no rio e todas as do sexo
feminino guardareis com vida (Ex 1: 22).

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