Tecnologia não substitui advogados, traz eficiência
Autor | Rafael Lara Martins |
Cargo | Advogado e professor |
Páginas | 20-22 |
20 REVISTA BONIJURIS I ANO 31 I EDIÇÃO 661 I DEZ19/JAN20
ENTREVISTA
“TECNOLOGIA NÃO
SUBSTITUI ADVOGADOS
MAS TRAZ EFICIÊNCIA”
Rafael Lara Martins
ADVOGADO E PROFESSOR
Recém-aprovado na seleção para o doutorado em direitos humanos da Universi-
dade Federal de Goiás (), o advogado trabalhista e professor Rafael Lara Mar-
tins é um entusiasta da tecnologia nos escritórios, mas nunca a ponto de subs-
tituir as pessoas. Daí o seu interesse em estudar o fator humano e dar a ele sua
justa medida na era da inteligência artificial. “Novas tecnologias não substituem
pessoas, não substituem advogados, apenas trazem eficiência”, diz.
Dono do escritório Lara Martins, localizado em um bairro nobre da cidade de Goi-
ânia, ele tem sob seu comando 28 advogados atuando nas áreas de direito trabalhista,
empresarial e familiar. Seu entusiasmo com as startups não é recente. Há 15 anos, ele
é cliente de uma empresa que desenvolve aplicativos abastecidos com dados estatísti-
cos, análise de demandas, procedências e improcedências e com técnicas de jurimetria,
esta capaz de fornecer indicativos sobre as decisões do juiz de uma ação em determi-
nada região, comarca ou vara e ainda prever os valores envolvidos em uma sentença
favorável ou desfavorável ao cliente. Atuando em oito estados do país, Lara Martins
utiliza a tecnologia para o acompanhamento de processos, porém não é um crente na
substituição do advogado por um robô de inteligência artificial e não dispensa a pre-
sença do profissional de direito nas audiências, ao menos na área trabalhista, em que
sustentações orais podem ser decisivas. “A grande verdade é que a implementação de
processos eletrônicos diminuiu a presença do advogado, mas os corredores forenses
permanecem cheios”. Membro do Conselho Federal da e diretor-geral da Escola
Superior de Advocacia, Lara Martins é um crítico dos cursos de educação à distância,
principalmente quando eles rondam as faculdades de direito. No seu entender, caso a
perca a queda de braço com o Ministério da Educação em relação ao ensino não
presencial (por enquanto, a entidade resiste), os resultados serão catastróficos. “Temos
cursos demais, alunos demais, professores demais, e como consequência desse exces-
so um abismo entre os profissionais que estão chegando ao mercado e aqueles que já
se consolidaram na carreira”. Para ele, a adoção do , principalmente nos cursos de
graduação, tende a criar um cenário em que os profissionais vão encarar um mercado
competitivo de poucas chances de um lado, enquanto de outro a tecnologia não para de
avançar em busca de excelência no atendimento ao cliente. Os efeitos, ao menos nesse
caso, não serão favoráveis ao trabalho humano.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
Rev-Bonijuris_661.indb 20 14/11/2019 17:44:13
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