Aplicação da teoria dos jogos na análise de alianças estratégicas

AutorEduardo Botti Abbade
CargoProfessor Assistente e Coordenador de Pesquisas do Curso de Administração do Centro Universitário Franciscano - UNIFRA
Páginas205-227
205
Cad. de Pesq. Interdisc. em Ci-s. Hum-s., Florianópolis, v.10, n.97, p. 205-227, jul./dez. 2009
Aplicação da teoria dos jogos na análise de alianças estratégicas
The application of game theory in the analysis of strategic alliances
Eduardo Botti Abbade1
RESUMO
Este estudo tem o objetivo central de discutir e compreender a aplicação da Teoria
dos Jogos e suas contribuições e limitações no processo de formação de Alianças
Estratégicas. Sendo assim, o tema central é a formação de alianças estratégicas e a
relação entre estas decisões e a aplicação da lógica da Teoria dos Jogos,
principalmente jogos cooperativos, neste processo de formação de relações de
cooperação. Este artigo é apresentado como um ensaio teórico e foca na
funcionalidade e possível aplicabilidade da Teoria dos Jogos sendo usada no
processo de análise e formação de Alianças Estratégicas e estruturas de
cooperação. Verificou-se que a Teoria dos Jogos é considerada uma ferramenta
matemática e econômica com potencial a agregar no processo decisório de
formação de Alianças Estratégicas. Entretanto observa-se que existem algumas
limitações metodológicas para a sua aplicação plena, dentre elas o equilíbrio de
Nash. Existem condições que devem ser satisfeitas para que se possa aplicar a
Teoria dos Jogos de modo satisfatório. Este ensaio conclui com sugestões para
estudos futuros.
Palavras-Chave: Alianças Estratégicas; Teoria dos Jogos; Cooperação; Estratégia,
Competição.
ABSTRACT
This study has the objective of discuss and comprehend the application of the Game
Theory as its contributions and limitations in the formation process of strategic
alliances. The core of this study is the formation of strategic alliances and the
relationship between the logic of Game Theory, specifically cooperative games, and
the formation of strategic alliances process. This article is presented as an essay and
focus on the functionality and the possible application of Game Theory used in the
process of analysis and formation of strategic alliances as cooperative structures. It
was verify that the Game Theory is considered as a mathematical and economical
potential to aggregate functionality to the strategic alliance formation process.
However it was verify that there are some methodological limitations in the logic of
the game theory such as the logic of the Nash equilibrium. There are some
conditions that has to be satisfy so can be used the game theory‟s contributions. The
essay is concluded with some suggestions for future researches.
Keywords: Strategic Alliances, Game Theory, Cooperation, Strategy, Competition.
1 Professor Assistente e Coordenador de Pesquisas do Curso de Administração do Centro
Universitário Franciscano - UNIFRA. Tem experiência na área de Marketing, com ênfase em Pesquisa
de Marketing, análise estratégica e posicionamento de m ercado. É atual lider do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Administração (GEPAD) do curso de Administração da UNIFRA. eduardo@unifra.br
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Cad. de Pesq. Interdisc. em Ci-s. Hum-s., Florianópolis, v.10, n.97, p. 205-227, jul./dez. 2009
1. INTRODUÇÃO
As alianças estratégicas, atualmente, vêm representando uma forma de
aumentar a competitividade empresarial frente ao contexto ambiental turbulento e de
difícil acesso. Cada vez mais, os recursos necessários para uma organização não
estão mais sob seu alcance direto. Isso faz com que seja necessário adotar uma
postura de cooperação com outras organizações. A partir dessa postura podem ser
aproveitadas oportunidades de mercado as quais não estariam ao alcance da
organização caso ela optasse por agir sozinha.
Tendo em vista as posições de cooperação interorganizacional, as alianças
estratégicas são de grande relevância para o estudo da cooperação. Esta postura de
cooperação entre organizações tem despertado grande interesse tanto no meio
acadêmico como no meio empresarial. Isso se verifica na grande popularização do
assunto e na compreensão de que a cooperação entre atores organizacionais é uma
postura estratégica muitas vezes necessária para a obtenção de vantagem
competitiva no mundo real altamente globalizado e competitivo.
De modo a ilustrar a tendência com relação a este tipo de estratégia
empresarial, Harbison & Pekar (1999) destacam que alianças têm sido formadas me
larga escala. Shenkar & Reuer (2006) também apresentaram a quantidade
avassaladora de associações cooperativas entre empresas e o número considerável
de pesquisas sobre esse tema em particular. Entretanto cabe ressaltar que essas
ligações podem trazer, na sua estruturação, alguns ônus contra os quais nem
sempre se tem as ferramentas para evitar: as organizações participantes de uma
união enfrentam diversos problemas de conflitos culturais, de poder, de motivação,
de relacionamentos, de confiança, de oportunismo ou de organização. Estes
problemas podem iniciar durante o processo de formação de uma aliança e acabam
por comprometer a durabilidade e a legitimidade do empreendimento conjunto.
Estudos realizados por Harbison & Pekar Jr. (1999) trazem informações
preocupantes quanto ao fracasso de alianças estratégicas. Estes concluíram em
seus estudos que entre 55% e 77% das alianças fracassam. Outros estudos afirmam
que setenta por cento das Joint Ventures acabam indo à falência. Esses índices
talvez possam ser explicados porque diversos são os elementos que podem tornar
frágil uma estrutura de cooperação. Esses fatores exigem uma atenção especial

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