Trajetos e trajetorias nos canaviais em Cosmopolis.

AutorCosta, Ana

GOMES, Jose Agnaldo. Do trabalho penoso a dignidade no trabalho: o itinerario de canavieiros no enfoque da psicologia do trabalho. Aparecida, Sao Paulo: Ideias e Letras, 2012, 294 p.

O presente livro e resultado da tese de Doutorado em Psicologia Social, de Jose Agnaldo Silva, realizada na Universidade de Sao Paulo (USP) e defendida em 2010, sob o titulo: "O canavial como realidade e metafora: leitura estrategica do trabalho penoso e da dignidade no trabalho dos canavieiros de Cosmopolis". O seu interesse e o de "averiguar as condicoes da possibilidade de passagem de um 'trabalho penoso' a um 'trabalho digno' ou 'trabalho decente', como e denominado em documentos oficiais".

Este estudo foi emoldurado pela pequena Cosmopolis, cidade do interior de Sao Paulo, com uma populacao aproximada de 61.000 habitantes. Segundo o autor, nao apenas a cidade, mas o produto de seus trabalhadores e realidade e metafora da monocultura da cana. Desse modo, sao destacadas algumas unidades contraditorias, que se revelam chaves heuristicas explicativas de sua tese, como: acucar e etanol versus docura e aceleracao, de ideologia e reificacao.

O conjunto da obra esta estruturado em cinco capitulos, alem da introducao geral e das consideracoes finais. No primeiro capitulo, o autor apresenta os tres lugares em que o complexo canavieiro incide: o lugar fisico, social e legal do cortador de cana. A partir desse recorte, ele ira desenvolver as particularidades desses diferentes e complexos espacos que constituirao a base material do seu trabalho. No segundo capitulo, se volta para uma reconstrucao do itinerario historico da cana-de-acucar no Brasil. Aqui uma de suas grandes preocupacoes sera a transformacao daquilo que ele chama de pontos mortos ou de processos de naturalizacao de mitos que precisam ser refletidos. E afirma: "Nao podemos esquecer o sofrimento que, desde os primordios do Brasil, produz a docura da cana".

No terceiro capitulo, ele se debrucara sobre a nova morfologia do trabalho, ou se preferirmos, sobre o processo de reestruturacao do trabalho no setor sucroalcooleiro. Essa parte e reveladora da forma com a qual alguns elementos presentes no inicio da formacao da sociedade brasileira ainda dialogam com os representantes das classes dominantes e do Estado nacional no seculo XXI. No quarto capitulo, o autor inaugura com muita propriedade o confronto mais denso entre as analises teoricas ja elaboradas e as narrativas dos cortadores de cana.

No quinto e...

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