Uma delegacia cinco estrelas

AutorEduardo Mercer
CargoAdvogado
Páginas259-259
ALÉM DO DIREITO
259
REVISTA BONIJURIS I ANO 31 I EDIÇÃO 656 I FEV/MAR 2019
enquanto não sairmos da zona
do conforto. Devemos sair do
pedestal impoluto dos “justos”,
dos “puros”, como aqueles que
sabem os caminhos da santi-
dade, da retidão...
Somos humanos demais
para julgar. A única diferença
entre mim, que cometi um de-
lito, e outro cidadão qualquer,
é que eu já fui preso... n
Eduardo Mercer ADVOGADO
UMA DELEGACIA CINCO ESTRELAS
ALAoR TAQUES FiLHo, de
tradicional família produtora
rural dos Campos Gerais, no
Paraná, avisou o pessoal que
iria até Tibagi dar conta de al-
guns compromissos e no fim
da tarde voltaria para a fazen-
da, localizada no município vi-
zinho de Ventania no Paraná.
Já na porteira da proprieda-
de, de saída, foi alcançado na
corrida por um técnico agrí-
cola que lá trabalha há muitos
anos. Esbaforido e acabrunha-
do, o técnico explicou:
– Seu Alaorzinho, sabe o que
é, meu piá andou fazendo uma
besteirinha e tá preso lá em Ti-
bagi. – Mais envergonhado ain-
da, pediu: – Será que o senhor
não pode passar lá e ver se está
tudo bem com ele?
Encerrada a agenda profis-
sional, Alaor passou no super-
mercado, na farmácia, visitou
uns familiares e finalmente foi
à delegacia.
O escrivão mandou chamar
o garoto, que logo apareceu na
recepção da delegacia e con-
versou brevemente com o Ala-
or. O escrivão, que não se deu
ao trabalho de sair da sua mesa
e lhes dar um pouco de priva-
cidade, ouviu toda a conversa.
Alaor perguntou se ele já tinha
feito alguma tatuagem, se ti-
nha recebido a ficha cadastral
do Comando Vermelho – não
perdeu a oportunidade de usar
seu famoso senso de humor
para quebrar o gelo.
Seu Alaorzinho, tá tudo
tranquilo, o pessoal aqui é ba-
cana, a comida é boa, tem até
chuveiro de água quente.
CHUVEIRO DE ÁGUA
QUENTE?! – indignou-se o es-
crivão. – Ô, cabo, venha cá – gri-
tou. E resmungou para si mes-
mo: – Já mandei cortar esse
negócio, será que ninguém me
respeita nessa m$%$# !
Além de perder o benecio
da água quente, o garoto ain-
da teve que aguentar o Alaor
o chamando de tongo, nhengo,
capadócio, bocudo, orelha seca
e outros epítetos típicos dos
Campos Gerais. n
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