Veganismo abolicionista e práticas culturais
Autor | Gustavo Leandro 'Nassar'Gouvêa Lopes - Rogério Pereira Arruda |
Cargo | Graduado em História pela UFOP. Mestrando pelo Programa Interdisciplinar em Humanidades, UFVJM, com orientação do Prof. Dr. Rogério Pereira Arruda |
Páginas | 135-164 |
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É∃“∃%∃
V
&∋()∗+∗(,∗−+∃./01,∗−2∃1,3∃45)+561)∃7618+∗8/−
!∀#∃%&∋()∗%+,−∋(./%##%−0(!∋∀&1%()∋2∗#
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Β,+/63∗−8∗/2∃:521,∗313/−Χ∃=>.∆ΑΧ∃8(2∃(6∗/,+1ΕΦ(∃3(∃∃
76(Γ≅∃Η6≅∃Ι(0ϑ6∗(∃7/6/∗61∃&66531≅∃ΚΛ21∗)Μ∃05−+1Γ5218∗,Ν1ΟΝ(+21∗)≅8(2≅
Ι/8/∋∗3(∃/2∃ΠΘ≅!Ρ≅ΠΡ!Σ∃%∃&<6(Τ13(∃/2∃ΠΣ≅!Π≅ΠΡ!Σ
R∃?∃<6/−/,+/∃ 16+∗0(∃Τ/6−1∃−(∋6/∃1∃ 8(2<6//,−Φ(∃3(∃Τ/01,∗−2(∃
1∋()∗8∗(,∗−+1∃8(,+/2 /,ς51,+(∃<6Ω+∗81∃ 85)+561)≅∃Α1∗−∃ /−+6∗+1Λ
2/,+/Χ∃∗,+/6/−−1∃∗,Τ/−+∗016∃ 8(2(∃ΞΤ/01,∗−2(Ψ∃ /∃Ξ85)+561Ψ∃ −Φ(∃/ς51Λ
8∗(,13(−∃/2∃+6Ζ−∃16+∗0(−∃ ς5/∃∋5−812∃−/∃( 1(−∃<6/−−5
8(−∃3/−−/∃Τ/01,∗−2(∃ [∃3∗−856−(−∃/−+/−Χ∃ ,(∃21∗−Χ∃ (6∗5,3(−∃3/∃)(81∗−∃ 1∃
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8(,+6(−Χ∃3/,(2∗,13(6/−∃8(25,−∃/∃3∗−+∗,Ε]/−Χ∃−5∋⊥1_/2∃∃6Γ(621,Λ
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8(,8/∗+(∃Ξ85)+561Ψ∃3/∃Γ(621∃,/01+∗Τ131Χ∃8(2(∃Γ(621∃3/∃<6(−86/Τ/6∃1−∃
+/−/−∃<6Ω+∗81−∃3/−−/∃Τ/01,∗−2(Χ∃/∃(61−∃/,−/⊥12Λ,(∃/2∃Γ(621∃
datendoemvistapreguraromesmoresultadoinvalidadorCentral
paraadecodicaçãodaperformancedetaisdiscursos eassimadeΛ
<561ΕΦ(∃3/∃Γ(621−∃)1−∃ς51∗−∃(∃1∋()∗8∗(,∗−2(∃Τ/01,(∃
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críticadosignicadodemulticulturalismoemespecialaavaliação
3/<6//,3∗31∃1∃<16+∗6∃3/∃)/∗+561−∃3/∃15+(6/−∃8(2(∃χδ025,+∃ε1521,∃/∃
Η1Τ∗3∃:16Τ/δ∃[∃/,+6/∃(5+6(−∃15+(6/−∃/∃15+(61−≅
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!∀R”D“
clesthatgoagainstthepracticalpresumptionsofthatveganismand
forthat maerthese articlescome fromdierent sourcesHereby I
willtrytomakeitclearwhicharethecommondenominatorsanddis#
tinctionsthat underliethe apparentlycontradictious performanceof
thesearticlesthatinone momentputforwardanegative conceptof
culturein orderto proscribethe practical thesisof thatveganism
theninanothermomenttheygiveitapositivemeaningbothaemp#
tingtoinvalidateveganismThe criticalassessmentof theconceptof
multiculturalismisessential to unveil such articles in this way
depurating the reasons why veganabolitionism can or cannot be
properly understood as cultural practice specially the evaluation
basedontheideasofauthorsasZygmunt”aumanandDavidHarvey
amongothers
K“bolitionistveganismMulticulturalismCulture
S Introdução Conceito de cultura O veganismo
abolicionistacomoculturaCulturacomoreligiãoPaganizaçãoda
sociedadeMoralizaçãoda sociedadeDesnaturaçãodasocie#
dadeConclusãoNotasdereferência
Introdução
“ noção de que quaisquer noções primárias de direitos
animais requereram como condição histórica pelo menos no
Ocidentea mobilizaçãopréviade umconjunto muitodistinto
de sensibilidades e percepções inéditas próprias a uma nova
formadeimaginarolugardoanimalhumanono mundo em
∃%&!∋()&∗+,! −,.! &/0.&0∃! /+,#1%.&/,∃ inclusiveeespecial#
mentenoramododomíniosimbólicojáfoibemabordadaao
longodediversosestudoshistóricos“ssimKeithThomasem
umestudo célebre sobreessaaporia das sensibilidades eima#
gináriosque deslizam deumparadigma antropocêntrico para
umbiocêntricoe queca patenteemespecialapartirdoflVII
eflVIIIarma
Comefeitoumavezaceitoqueosanimaisdeveriamsertratadoscom
gentilezaerainevitávelqueaumentassearepulsaamatálosparaco#
merJánaInglaterraelisabetanahaviapessoas sensíveisdemais
parapoderemveranimaissendo abatidosPorvoltade Mande#
É!“!∀!
villepodiaescrever sobrea crescenteaversãoà matançade animais
quenessecomportamentopareceme háalgopróximoa umacons#
ciênciaculpada
“my Figerald nas sendas dessa perspectiva que prevê
umamudançanoimaginárioocidental como fator que enseja
acrescenterejeiçãoàmatançadenãohumanosarrolacomotal
sensibilidadeincidiu sobre a organizaçãosocialdosmatadou#
rosqueapartirdomodelogeneralizantedoMatadouroPúblico
Municipaldo flIfl logrouse ironicamente em esconder a ma#
tançadasvistasdopúblicoDiz
Thisshiftin sensibilities regarding meat was coterminous with the
movement of responsibility for animal slaughter from individuals
inthehouseholdto specialistswhowould takecareofmeat produc#
tion behind the scenes in slaughterhouses Yetthe creation of the
slaughterhousewhere concentrated animal slaughtering discreetly
takesplacehasnotbeenapanaceaforthemountingculturalangst
Nessa perspectiva que vai sendo gestada pela emergência
dessanovaforma de conceber os nãohumanos que cercam o
humanoJulianaDiasVergueirosituaoquepareceserumdes#
dobramentoinevitável detal processo“respeito demaisum
projetode lei estadual paulista deiníciodo flflI que visava
entreoutrascoisasestabelecercondiçõesdignaspara avida
bemcomoparaamatançadenãohumanosdeaçouguepo#
demosvislumbrarairrupçãodoveganismoabolicionistanum
parágrafoúnicodeseutexto
Enquanto alguns grupos apresentaram críticas ao Código outros
gruposdeforte atuaçãoemprotestos emanifestaçõesem defesados
animaiscomoo VeddasVegetarianismoÉticoDefesados Direitos
“nimaiseSociedadeouo InstitutoNinaRosaquepromove ade#
fesaanimalovegetarianismo eaeducaçãohumanitária nãose in#
teressaramemapresentar suasconsiderações sobreoCódigo Tendo
comoposturapolíticaaaboliçãototaldousodeanimaispelohomem
o que inclui aalimentação vestuário entretenimento experimen#
taçãocientíca entre outros tais gruposacreditam que lutar pela
!∀R”D“
regulamentaçãodeleisqueamenizemaexploraçãodosanimaisé#
nalmenteraticálas
Emboraasdataçõesdessamudançadeparadigmaocidental
quealtera a relação simbólica na qual as relações entre hu#
manoenãohumanosseveeminvestidaseganhamsentidode
maneira que os avatares dessa relação se veem aproximados
entresi variem nesses estudos elesreservamem comum o
postuladodequeessanovagradedeapreensãodorealpassaa
fomentarnovasatitudespara comos nãohumanoseatéuma
angústiacultural
Masqual seria esseconceitode cultura reativadopor esses
autores culturacujas transformaçõeshistóricasconformamo
surgimentodeumapolíticadedireitosqueteriaessesnãohu#
manoscomoseumotivo
Conceitodecultura
“nova conceituação deculturaque passa a fomentaruma
nova gama de estudos históricos reunidos sob a alcunha de
NovaHistóriaCulturalcujoscânonesinformamos itinerá#
rioshistóricosarrolados acima foram sacramentados em es#
pecialpela antropologia de Cliord Geer Édeleacélebre e
ilustrativafrase
O conceito de cultura que eu defendo e cuja utilidade os ensaios
abaixotentamdemonstrar éessencialmente semiótico“creditando
comoMax fieber que o homemé um animal amarrado a teias de
signicadosqueelemesmoteceuassumoaculturacomosendoessas
teiase a sua análise portanto não comouma ciência experimental
embuscade leismascomouma ciênciainterpretativaà procurado
signicado
Nessavertenteaculturanãoéentrevistacomoumproduto
reicadoderelaçõessociaisdasforçasmateriaisnum!∀#∃%&∋()∃∗
()+∀sobredeterminadaporcategoriasconcretasqueaexpliquem
É!“!∀!
eadeterminemsercomosãoelaestáconstituídanum sistema
desímbolos!∀ #()∃()queantecedeoprópria acessoàmateriali#
dadedomundotornandofactívelaexistênciadeummundore#
conhecívelcompartilhado e comunicadocomunicável “ssim
oconceitode culturaqueestámaisou menosimplícitonoses#
tudossobrea relação entre humanos e nãohumanos que su#
cintamenteabordeiadvogaque!%∀#∋%%∃!%∀,−∃∀!#∋,!%∀.∃,%&(∃∋/∀
0/∀/0,1∃∀%)/234).∃+∀∋4!%∀ 5)5∋/∀,∋%%∋∀/0,1∃Ummundoagora
pautadopela angústia cultural de ter aproximado os avata#
reshumanosenãohumanosumdeslizamentohistóricofrente
aumsistemasimbólicoanteriorem quetais avataresestavam
teologicamentepostosnumadistânciairreconhecível
ÉSandraJatahyPesaventoquemfazumaavaliaçãodaemer#
gênciadeumanovapercepçãodosentidoculturalemespecial
apartirdosanosnoâmbitohistoriográco
Sea História Cultural é chamada deNovaHistória Cultural como
ofaz Lynn Hunt é porqueestá dando a ver umanova forma de a
Históriatrabalhar a cultura Não se tratadefazer uma História do
PensamentooudeumaHistóriaIntelectualouaindamesmodepen#
sarnumaHistóriadaCulturanosvelhosmoldesaestudarasgrandes
correntesdeideiase seusnomesmaisexpressivos Trataseantesde
tudodepensaraculturacomoumconjuntodesignicados partilha#
doseconstruídospeloshomensparaexplicaromundo!
Talacepçãodeculturaenfatizandoaimportância dossiste#
masherméticos mas deslizantes de signicação comocondi#
çãoparaaprópriaenunciaçãodeummundorealnoqualos
sentidosdeseussímbolossãodepuradosmediantearelaçãorei#
teradamenteproduzidafrenteaoutrossímboloscoextensivose
ouoponíveisexige umaposturaempática porpartede quem
pesquisaqualsejaumdevirquepermitaaopesquisadorasi#
tuarsenessasdiferentesmaneirasdecompreenderomundoa
alteridadeTaldevirimplicitaaabdicaçãodeumdeveravaliar
taissistemasde compreensão frente à adequação destes com
ummundoreal ontológicosob riscodeincorreremdois erros
!∀R”D“
capitaiso anacronismorelativo àalteridadesituadasdiacro#
nicamente e o etnocentrismo relativo a alteridades situadas
sincronicamente
Defatoapercepçãodeumarealidadeontológicaprétextual
ouno mínimo queprecedaexplicando a lógicainterna desse
mundosimbólicotendeaserdesfavorecidanessescânones“li#
berdadeexistencialdessetecerteiasapossibilidadedeinstitui#
çãodeumdomínioprópriodaindependêncianodevirhumano
tendema ser características inalienáveis dossistemassimbóli#
cosPoiscertamenteumapretensiosaontologiaseexpressaela
mesmavalendosedesistemas simbólicossemos quais elase
tornaimpossíveldeserenunciada6∋/∀,∃∀70,1∃∀1!∀2!%∋∀7!&0!4+∀
!∀(∃.8!∀ 10(!+∀%∋∀9∀ :0∋∀∋;)%&∋∀ 0/!+∀ 1∋∀&∃1∃∀ ∃∀∋/#(∋∋,1)/∋,&∃+∀,3%∀ <=∀
∋%&!/∃%∀∋;#4).!,1∃∀∋+∀ ∃∀:0∋∀ 9∀#)∃(+∀∋;#4).!,1∃∀∋;#4).!>?∋%≅∀Α)%.!1∋4!%∀
1∋∀#)%.!1∋4!%∀1∋∀#)%.!1∋4!%≅≅≅
Jatahyencorajanosàplenaaberturaemcontraposição às
pretensõesmaissimplicadorasdeumfechamentododiscurso
noscânonesdeumaverdadeuniversalduraeontológicafren#
teàcomplexidadeintrínsecaaessesdiferentesmodosdetecer
artesanatosdesignicados emespecialnasfronteirassituadas
entredistintascosmologias variáveisnoseixos espaçotempo
eisumreconhecimentodacomplexidadeindispensávelno∋&8∃%!
dequempesquisamudançasculturais
Nãomaisapossededocumentosou abuscadeverdadesdenitivas
Umaeradadúvida talvezdasuspeitaporcerto naqualtudoé
postoeminterrogaçãopondoem causaacoerênciadomundoTudo
oquefoi umdia contadode umaformapode vira sercontado de
outraTudooquehojeaconteceterá nofuturováriasversõesnarra#
tivas
Oconviteparaa sensibilização e para a sutileza que reco#
nheçamverdades deslizantes permitindo alargar o espaçodo
conhecimentodosmodosdeserhumanoconvitedespossuído
dealgummapaontológicoprivilegiadofrenteaoqualasquali#
É!“!∀!
dadesdecadaumdessesmodosdeserpossamsermensuradas
eavaliadaséoferecidoa quempesquisasistemassimbólicos
DizSahlins Porcaracterizar formas especícasde vidao conceito
1∋∀.04&0(!∀9∀),&(),%∋.!/∋,&∋∀#40(!4+∀∋/∀.∃,&(!%&∋∀.∃/∀!∀,∃>−∃∀1∋∀0/∀
#(∃Β(∋%%∃∀0,)5∋(%!4∀1!∀(!Χ−∃∀:0∋∀.04/),!()!∀,!∀∆.)5)4)Χ!>−∃∆∀ ∋0(∃#∋)!∀
∃.)1∋,&!4
“metanarrativaqueprevejaalgumaexclusividadeontológi#
cadealgummododesersobreoutrosconsisteemumproble#
macomconsequênciasnegativasinjúriapertinenteaumetno#
centrismoouanacronismoquenãoreconhecea liberdadee a
independênciadeserintrínseca aoanimal super!−%)2%∋&)! 3%(!
éohumano
Liberdadeirredutível Ocomofazer próprio acadaente
ondenenhum sistema de signicação detémdeumprivilégio
deacessibilidadeaumaverdademaisrealimplicaorespeitoe
tolerânciafrenteàsmaneiras de sercompreender distintas no
tempoenoespaçoPoismesmo ManoelaCarneirodaCunha
quediferentementedasconcepçõesmaisculturalistasquein#
formaramoitineráriodaNovaHistóriaCulturalentrevêamo#
bilizaçãodesímbolosculturaiscomopossibilidadespertinentes
aumaestruturasocioeconômicaquelhesescapanoplanoime#
diatoarma ocaráterrelativodosarranjosculturaisque são
escolhaspermeadaspor uma liberdade intrínseca distinguin#
doasdetodas asoutras escolhasconstituindoumaalteridade
inatacávelSobreumpretensocaráterideológicorelativoàetni#
cidadeamesmaarma
tendoemvistaquãopoucoelucidativoéo recursoànoçãodeideo#
logiaemsuasváriasacepçõeséseconduzidoaadmitirumacategoria
irredutívelqueseria acultura Poisnãohá oque determineo como
ascoisassãoditasnesseredutohámistérioTalvezaculturaaté
acabesendoumacategoriaresidualMas asobjeçõesquelevantamos
têmtambémoutroalcanceodelembrarorespeitoquecadapaísdeve
àdiversidadeculturaldospovoseuocompõem
!∀R”D“
Eisaposturaesperada de quem estuda históriacultural
absterse de e xpressar juízos de ver dade relativos à variada
gamade tonalidades culturais expressas no tempo aconse#
lhamentoqueporsuavezestáligadoaumaposturanomíni#
modesconadaarespeitodeumapretensiosarealidadeextra
culturalouontológicaquepossaserexplicativaporfora an#
tesdasdeterminaçõessimbólicasdaculturaEémedianteum
4(∃),−&.(/2,!−∋0 &205,! 4(! −,∃.,),60&∃!7!&)1(0&! &! 3%&)3%(∋! )(0!
históricaquedetermineasnumsentidodesequêncialógicae
oude progressoquenosestudosque abordadosemminha
primeira parte irrompeumasensibilidadenovanoOcidente
emdireçãoaumaaproximaçãoempáticaparacomosnãohu#
manosTaispassamaservistoscomo dignosdeconsideração
moralapartirdeumareconguraçãodosdispositivossimbó#
licosatravésdosquaisseconferesentidoaomundomudança
que demarcada porumirredutível transcender criativonão
podeser explicada apartirdeumpontodevistaprivilegiado
ordenadoreexplicativoquelhes sejamexternos“liberdade
dotecerteiasnãopodeserreduzida
Masserão essasascategorias de culturaquese valemos
trêsartigosqueempontosbastantesdistintosentresimasto#
dosequidistantesdopoderdedistanciamentoacadêmicopo#
lemizamcontra osmovimentos sociaisqueportam emsi mes#
moslevaraaçõeséticasoqueseriamasconsequênciaspolíticas
dessanovasensibilidade
Meuintuito agora éanalisaresses trêsdiscursosbuscando
depurarpermanênciasedescontinuidadesentreelesnoquediz
respeitoacomose opera uma economia do conceito de cul#
turarelacionadoao veganismo abolicionista Tambémé meu
intuito situar esses trêsartigos em relação a essa vertente da
Nova História Cultural aqui versada qual seja os estudos
acadêmicosquesedebruçaramsobreaemergênciadeumapos#
sibilidadehistórica dos direitos animais dos quais o estudo
deKeith Thomasserevela referênciaparadigmáticadadoseu
É!“!∀!
alcanceextraordinário e incontornável a qualquer pessoa que
queirapesquisarsobreotema
Oveganismoabolicionistacomocultura
Culturacomoreligião
“ntesdemais nadavalea penasalientarquenemtodas as
três polêmicas direcionam suas críticas estritamente ao vega#
nismoabolicionista apenasumdos artigoscitaabertamente o
termoveganismoTaiscríticasestãoendereçadasaalgomais
genéricotalcomodefensores dos direitos animais vegeta#
rianosanimalistas talvez por que distantes dessecampo
taistextos desconheçam uma maiorprecisãoimplícita em tais
nuancesoudistinçõesmasseusconteúdos eéissooqueme
importaincidem justamentecontraas basesatravés das quais
seedicatodaapráxis pelaabolição daexploração reicadora
dostecidoscorpóreosdosnãohumanosenquantomerosmeios
paranalidadeshumanas
Eumdadomuitomaisimportanteécomumaessestrêstex#
tosemborapartamde trêscamposbemdistintos eaté oponí#
veisdos trêstextos depuraseointuito de circunscreverove#
ganismoabolicionista comoumareligião Diz otextoextraído
dojornal online doPCOPartido daCausaOperária partido
políticodeesquerdadevocaçãomarxistaleninista
“direita eaburguesiaqueremtransformar o”rasil numEstado re#
ligiosocomoos Mulçumanos nos quais se proíbe por exemplo a
comercializaçãoeconsumodacarnede porcoindependentedavon#
tadede cada umSão proibições por merosvalores morais eisso é
exatamenteo quecaracteriza umEstado religiosoSe eu achoque o
boisofre no abateentão issojustica a proibiçãode carnes eassim
pordianteOclimadehisteriaemrelaçãoaproblemascomoesse
histeriaessapromovida pelaprópria imprensaburguesa éumsinal
datendênciaaumEstadoreligiosoousejabaseadoemleismorais
!∀R”D“
UmblogchamadoCeticismonetquetransitaentreoateís
momilitanteeavalorizaçãodolaicismoadverte
Talvezvocês tenham presenciado uma cena semelhante você vem
andandopelacalçada eéabordado porumamoça Elapedeum mi#
nutodesuaatençãoevocêcomotodobomidiotaparaparamaldito
acordoortográco daratenção edepois lamentanão tercontinu#
adoandandoEladiz quequerfalarcom vocêelheentrega umpan#
etoElacomseu sorrisinhofalapravocê mudardeposturapoisa
mesmaéerradaquevocêdeveriaveromundocomoutrosolhosser
maiséticoQueassimquemudarsuavidamelhoraráeajudará afa#
zerummundosemsofrimentoVocêdeveestarpensandoemalguma
TestemunhadeJeovácomsuarevistaSentinelamasnãoEstoufalan#
dodeumadasnovasreligiõesqueapareceramnosúltimostemposo
Veganismo
OinformativovirtualdoIPCOInstitutoPlínioCorreia de
Oliveiraqueperfazodiscursodadireitacatólicabrasileiranos
informa
Estesgrupos animalistas no fundosão adeptos de religiões geral#
mente orientais que defendem a ideia de que todo ser vivo tem a
mesmaorigemna naturezaevoluindo deuma espécieparaoutra o
homemseriaonaldessacadeiaSegundoessasreligiõesacadamor#
teocorre umatransformaçãoem quea almado mortovolta parao
corpodeoutroser“ssimaomorrerohomemsuaalmavoltarápara
anaturezaencarnadanuma plantanuminseto ounumavacapor
exemploiniciando umanova cadeia detransformações Negandoa
açãocriadoradeDeusconsideramasplantasosanimaiseoshomens
portadoresdosmesmosdireitos
“ntecipandoumesboçode hipótesea circunscriçãode um
movimentobaseadoemargumentoséticopolíticos dealcance
universalizantenocampodapurareligiãoedeumareligião
necessariamente distante de quem discursa reduzindo esse
movimento no espaçotempo tribaliza suas práticas pro#
duzindoum efeitoque graçasàatribuição docontraste entre
quemdiscursaeoveganismoabolicionistaque édiscursadoà
liberdadecriativadasdistintascrençaseimagensculturaismo#
É!“!∀!
bilizadastermina por estabilizar as diferenças no patamar de
umapossíveltolerânciareligiosacomopretendeoditadocada
macaconoseugalho
“ntropologizase a diferença com o intuito de a despoliti#
zarenveredandoseumcaminho na mesma direção mas em
sentidoinversoaummovimentocontemporâneopercebidopor
Frederik”arthqueanotaumcaráterpeculiarmentepolitizado
dosembatesétnicosdonossotempo
“proliferação de gruposde pressão partidospolíticos e visõesde
independênciaestataltendoporbasegruposdepressãoetnicamente
fundamentadosdomesmomodoqueagrandevariedadedeassocia#
çõesdepromoçãosituadosnumnívelsubpolíticomostrama impor#
tânciadessasnovasformas
eporStuartHallqueapropósitodadiásporacontempo#
râneaversaoquantoasidentidadesétnicaseculturaisconstru#
ídasno estrangeiroviabilizama formação deumaconsciência
política politização das diferenças culturais catalisadas pela
proximidadeespacialdessasoutridadesentresinummesmo
territórionacional
Nessescaminhos desentido invertidoqueperfazem ostrês
artigosemdebatenessatribalizaçãodoembateéticopolítico
aquiaferidaestácriptografadaumacausaefeitodastesesmul#
ticulturalistasmaisespecicamentede ummulticulturalismo
conservadorque emnomeda diversidadedecada pessoa ser
eacreditar nomaisaliada àstesesliberais numaescala ma#
crossocialindispõesecontraumabuscaprofundaemcompre#
enderosprocessoscomunsecompartilhadosque estruturame
dãosentidoa tais diferenças para aquém e além dos simples
focofetichizantenosritosdesignicação
Masseriaapropriadoantesdessa generalizaçãohipotética
vercomofuncionaumaeconomia do conceito de cultura
&2∋()&4,!&,!4(! −∋(/∗&∃! ∋()060,∃&∃!,%!/+,! 7!(.!−&4&! %.!4(∃∃(∃!
textosressaltandosuasinversõeseseusdistanciamentoscaso
por caso Pois de início sabendoseque cada um empresta
!∀R”D“
umavaloraçãomuitodistintaaotermoreligiãorelativoaos
nichos discursivos quecada artigo ocupa é de se suspeitar
que encontremos oposições que possam complexicar minha
hipótese
Paganizaçãodasociedade
Sepor um lado o discurso veiculado pela direita católica
fundando uma tese de paganização da sociedade em que
o veganismo abolicionista é culturalizado enquanto crença
religiosaque ameaça contaminar o ocidente cristão reativa o
sentidorelativizantedeΕ04&0(poroutroladoessediscursovai
passara negaracultura dessaΕ04&0(Pois essa Ε04&0(vegana
orientalécompreendidacomoaprópriaNaturezabrutabár#
barae animalescaouseja aprópriaantiCultura Poisqueao
longodotextovaisedesenvolvendosubrepticiamenteaideia
4(!%.&!8/0−&!.)5)4)Χ!&)∃,possívelocidentalecristãqueéa
únicaCulturaverdadeiraequeestáemoposiçãoàNatureza
oorienteveganoemquenãosedistingueahumanidadedo
homemde todaanimalidade quenivelapecaminosa moral#
mentehumanosanãohumanos
9.&!40∃20/∗+,! 2(,):60−&!(/2∋(! 1%.&/,∃!(! /+,#1%.&/,∃!6
ranteaosprimeirosapossedeumaliberdadedesereacreditar
livrearbítrioqueoliberaobrigandoàpossedosbonsvalores
cristãosquedistinguemohumanodafera
“almadohomemnãoéapenasmaiscomplexaqueadoanimalmas
éde outranatureza ela éespiritual tendo asua origemem Deus e
sendoporElecriadanomomentodaconcepçãodecadanovoserhu#
manoEmrazão dessaalmaespiritualéquesomosa imagemea se#
melhançadeDeus“almaespiritualtemcapacidadesquesuplantam
assimplesnecessidadesda matériapermitindoao homemoraciocí#
nioabstratooentendimentodobomdobelo edoverdadeiroaprá#
ticadasvirtudesdoamoredo livrearbítrioSomosresponsáveisna
justanamedidaemque exercemosonossolivre arbítrioeuconheço
&∃!−,0∃&∃!(!4(−04,!)05∋(.(/2(!(∃−,)1(/4,!&!3%(!.&0∃!.(!0/2(∋(∃∃&
É!“!∀!
Notese que tal livrearbítrio précondição teológica para
existênciadaspráticasculturaisexclusivasdogênerohumano
notexto todavia não pode abjurar contra ou em detrimento
d“quelequeconcedeuapossibilidadedetal distinçãocon#
trataldistinçãotratasedeumaliberdadedelegadaporDeus
cujoexercíciosó setornalegítimoseessa liberdadereconhecer
essecaráterdelegado ou seja uma ontologia cristã católica é
paradoxalmentecondiçãoobrigatória paraoexercíciodaliber#
dadehumana em escolher Oreconhecimentocompulsório de
DeusestáatreladoàliberdadeNegaroquedistingueumboi
deumhumanovaicontraDeusOhumanonãodevetrairsua
diferençaessencialemrelaçãoaoutrosanimaisabdicandodes#
sadistinçãosagrada
Nãosendoorigináriadamatériamortoohomemasuaalmavoltaao
seuCriadorparajulgada receberoseumerecido destinoDevemos
cuidarbemdascoisasdanaturezapoistodaselasnosrevelamaação
eapresençadeDeus entretantotratálascomosefossem damesma
naturezado homem épecado grave EntãoDeus disse Façamoso
homemànossa imagemesemelhança Queelereine sobreospeixes
domarsobreospássarosdaterrasobreosanimaisdomésticossobre
todaaterra
Eisqueapósumprimeiromomentodefensivodeestabiliza#
çãoe circunscriçãodasdiferenças apelandoseà noção decul#
turasgeogracamentedistintas em que se edica um muro
distintivoentreaquiocidentecristãocarnistaeláorien#
tepagãovegano surge então um sentido universalista no
sentidodeataqueenegaçãodaoutridadeemquearvorandose
/,!−;/,/(! 4&!.)5)4)Χ!&)∃,+! −,/4(/∃(!&∃! 2(∃(∃!,∋0(/2&0∃! 5(6&/,#
abolicionistascomobárbarasRelativismoculturalinicialqueé
descartadomediante arecusade que possahavercultura fora
dacivilizaçãocristãdescartadoquandojátendocumpridosua
funçãodeestabelecerasfronteirascomprecisãoondeohuma#
noécompletamentehumanoocidentecristãocarnista!(!,/4(!
,!1%.&/,!∃(!2,∋/&!0/40∃20/2,!4,!/+,#1%.&/,!7!2&)!
!∀R”D“
pecaminosoemquesefazusodopoderdeculturaqueDeus
nosdeuparaabnegartodamagnicênciadivinaaproximando
ohumanodanaturezaanimaldesumana
Moralizaçãodasociedade
Noartigoveiculado peloPCOPartidodaCausaOperária
oentendimentodoveganismoabolicionistacomoreligiãopois
seriafundadoemprimadosmoraiscontraasconstataçõescien#
tícas operaumsentido deculturaque étornadointrinseca#
mente negativo na medida em que culturas são entendidas
comoprocessos de crenças subjetivase arbitrárias Φ∀ #!(&∋∀1∋∀
0/∀1∋&∋(/),!1∃∀%∋,&)/∋,&∃∀.∃/0/∀,!%∀#∋%%∃!%∀,−∃∀%!)(∀#∃(∀!Γ∀/!4∗
&(!&!,1∃∀∃%∀ !,)/!)%próximo aideologiassembasefactual e
alienantesΗ−∃∀)1∋∃4∃Β)!%∀1∋∀%∋&∃(∋%∀/),∃()&=()∃%+∀/!%∀:0∋∀!∀20(Β0∋∗
%)!∀∋%&=∀∋;#4∃(!,1∃∀.∃,&(!∀∃%∀1)(∋)&∃%∀1!∀#∃#04!>−∃“essamora#
lizaçãoalienantedasociedadeseopõe acompreensão objetiva
ecientícadarealidadeporviadateoriacríticadosocialismo
cientícooqualoPCOsecompreendecomoseuportavoz
Portantoemcontrastecomapolarizaçãovigentenoartigoca#
tólicoentreCulturacristãxfalsaculturapoisNatureza
oartigodo partidodeesquerdatambémvalendosedames#
madistinçãoentreCulturax Naturezamas fazendoaqui uma
valoração com sinais invertidos censura os direitos animais
justamente por representar a porção Cultura da dualidade
crençasvaziasquestõesmoraisemoposiçãoàNaturezaaqui
valorizadacomopositivatãosomentenomesmo gestoemque
seconcedeaessepartidoaqualidadedeintérpreteprivilegiado
dasleisdaNaturezasocial
ɔrunoLatourqueemboraelemesmotenhaserecusadoa
consideraradimensãoéticopolíticaprópriaaovegetarianismo
eacabe subscrevendo o veganismo abolicionista num sentido
meramente estético como uma questão de gosto pessoal
É!“!∀!
nosfalasobreessapolíciaepistemológicaque emnome daci#
ênciaobjetivaeexatadesqualica!∀#()∃() tudooque estárela#
cionadoao torvelinho dos debateséticopolíticosquepermeia
omundo social como se essaciênciafosseela mesma neutra
Latourfazendousodomitoplatônicodosábioprivilegiadoque
vaiconheceromundoforadacavernaobscuraqueéomundo
permeadopelosvaloresmoraiseéticosjáanteviaaposturado
PCO
“indaque o mundo da verdade dira absolutamentee não relati#
vamentedomundosocial osábio podeapesar detudo ire voltar
deum ao outro mundoa passagem fechada paratodos os outros
estáabertasomenteaele Neleeporelea tiraniadomundosocialse
interrompemilagrosamenteno irpara lhepermitir contemplaren#
momundoobjetivonovoltarparalhepermitirsubstituirqualum
novoMoisesaindiscutívellegislaçãodeleiscienticaspelatiraniada
ignorância!
Há portanto pela oportunidade oferecida a um estatuto
cientícoprivilegiadodosocialismomarxistacontratodasou#
trasconcepçõessocialistastidascomoutópicasjáquebasea#
dasempreceitosmoraisumencobrimentodasquestõesmorais
ouéticasquesãoocombustíveldacríticateóricamarxistaqual
sejaadequeémoralmenteinjusticávelaespoliaçãodaspes#
soashumanaspelocapitalismo
Eassimde maneiraanálogaaoocorridonotextodadireita
católicaapósumprimeiromomentodefensivodetribalização
emquepelos termosdiplomáticosdatolerânciamulticultural
condenaseoatodeumailhacultural muçulmanaveganain#
vadircom seus costumes morais sobre a ilha cientíca laica
marxista desrespeitando !∀ 5∃,&!1∋∀ 1∋∀ .!1!∀ 0/! 7! ∃%−(4(#
seumsegundomomentonoquala Cultura religião vegana
éexpulsada ilha na qual fora de início connada Friso aqui
quedistinguindosetodaviadateseanterioressaexpulsãonão
sedámaisporqueoveganismoabolicionistaseaproximapeca#
!∀R”D“
minosamenteda Natureza mas porquepelocontrárioele se
afastadessa Natureza socialevadindoseda lógicacientíca
quedácontadela
Desnaturaçãodasociedade
Numúltimo artigomuito maisextensoqueosoutros dois
vinculadopor umblogde ateísmomilitante Ceticismoneto
itinerárioserepetesenuminícioháumatribalizaçãodove#
ganismoporviadoencerramentodaposição%∋)&!∀(∋4)Β)∃%!!
nocampodeumaalteridadereligiosaremotaensejandoaopor#
tunidadedeaquestãosertratadanosrumosdeumadiplomacia
natimortadorelativismoculturalnumsegundomomentoo
veganismoabolicionistaprecisaserdeslocadodessailhacultu#
ralaoqualnoiníciofoiconnado
“ssendasdeummulticulturalismoestabilizador e simpli#
cadordasdistinções de um embate éticopolítico cam esta#
belecidasno seguinte trecho emumasalienteanalogia com o
discursodas elitesda/∃1∋(,)1!1∋∀ %∋/∀/∃1∋(,)%/∃O vega#
nismoqualumareligiãodevemanterse nasilhasparaaqual
suascrençasnãoultrapassemquemnãoaspartilha
“pessoanão gostadecomer carnee preferealimentarseapenas de
vegetaisSimples assim Háalguns que se alimentamdeovos leite
ederivadosseja devacacabra ououtroanimal qualquer ovasde
peixeclaroetcNãoé muitodiferente seeu nãoquiser comerovos
mexidosporexemplodetestoovosmexidosouquiaboodeioquia#
bo“pessoacomeoquequisereprontoFimdahistória
“mudançadotomdefensivomulticultural se desfaz logo
noparágrafoseguinteEassumeseanecessidadedesebuscar
emvistadaunidadedaNaturezadomundomotivospráticos
que possibilitem condenar como irracionalcultural qualquer
desconhecimentodasleisdessaNaturezacomum“guinadase
dánessetrechoΗ),.∋(!/∋,&∋+∀,−∃∀!.8∃∀,!1!∀1∋∀∋((!1∃∀1∋7∋,1∋(∀∃%∀
!,)/!)%≅∀Ι!%∀8=∀!4Β∃∀%),)%&(∃∀:0∋∀Β∃5∋(,!∀∃%∀1∋%&),∃%∀1∃%∀%∋(∋%∀5)5∃%≅∀
É!“!∀!
Háalgomalévolopérdoindiferenteaqualquercoisaquenascevivee
/∃((∋≅∀ϑ%%!∀.∃)%!+∀.∃/∃∀<=∀7!4∋)∀5=()!%∀5∋Χ∋%+∀9∀!∀Η∋4∋>−∃∀Κ!&0(!4≅Λ∀
“ssim num roteiro similar ao artigo doPCOaoacesso
exclusivoà verdadeobjetivadaciência nãomais osocialismo
cientíco mas agora as ciências biológicas é produzido um
efeitodecancelamentodooutroCulturaemvistadaincompati#
bilidadedessefrenteÀNaturezaonívoradaespéciehumana
quea biologia e só ela pois ciência dessa Natureza pode
decifrarEassimexportasedecimaparabaixoparaasocieda#
dequaléacondutacorretaparaaespéciehumanaEisavelha
oposiçãoNaturezaxCulturaoperando comoum sistemabica#
meralno qual uma está posta emguerracivil epistemológica
contraaoutra“CulturacomonotextodoPCOdemarcando
opolonegativodadualidadeCulturaqueéreligiãoalienação
Culturaquesendoalienaçãodorealétambémchamadanesses
textoscomoideologia Natureza que constitui o polo positivo
dessaequaçãomassomentenamedidaemquequemaenuncia
detémoconhecimento cientícoprivilegiadodesuasleisseus
mecanismosconstituindoumsaberpoder
“ssimo texto socializandose apartir doideáriode uma
competitividadenaturalprópriasaodarwinismodiz
“pesar de sermos ridiculamente insignicantes a Seleção Natural
demonstrouque somos vencedoresdados os milhares deanos que
oHomosapiens andaporaí Todososdemais indivíduosdogênero
Homonão sobreviverampara contara históriapois foramextintos!
Sealgocontribuiuparaissofoianossadietaonívora
“rmasequeháumaguerradetodoscontratodosnomun#
donatural Eessalógica que deveser exportada pararegular
porsobreosembatessocioculturaisexportaçãoestaquediga
sedepassagempodeabrirprecedenteseugenistasdeexclusão
daspessoashumanas com deciência física e mental do cam#
pode consideração moral está presente aténoreinovege#
tal5∋Β∋&!)%∀&!/29/∀%∋∀1∋7∋,1∋/“ssimnãohaverianadade
condenávelpois Natural nainstrumentalizaçãoereicação
!∀R”D“
dostecidoscorpóreosecorposdeoutrosseressencientesena
subsequenteproduçãosistematizadadesofrimento
“ntes de terminar esta parte do artigo deixemme dizerlhes uma
coisaa mde acabarcom um mitovegetais tambémse defendem
“nalisem“SeleçãoNaturalfavorecequemestivermaisaptoagerar
descendentesUma espécie não duraria muito tempo se não puder
sereproduzirsucientementeparagarantir asobrevivênciaLogose
muitosherbívoroscomessemvegetaisdiretosemqueessespudessem
ter tempo para se reproduzirem não haveriavegetais não haveria
herbívorosenãohaveriacarnívoros Osvegetaiscontudodesenvol#
veramtáticasdedefesamuitasvezesmaiscruéisquemuitosanimais
“lgunssãoextremamentevenenososoutros trapaceiammimetizan#
dopequenosinsetosparaqueosmaiorespossamseratraídosOutros
exalamcheirodecarnepodre paraquemoscaspousem nelesávidas
porumlanchinhoacabemsesujandocomopólen eindoparaoutra
orsemelhante perfazendoa polinização Masque é sacanagemé!
“Naturezanãoseimportaemmanipularosseres
Nassendasdeumabiologia queestabeleça unilateralmente
,∃!.&/4&.(/2,∃!3%(!4(5(.!∋(6%)&∋!,!3%(!,!3%(!/+,!
éjusto nas sociedadeshumanasum discurso nutricionaldáa
últimaprovadequenossaNaturezaobjetivaénecessariamente
onívoraLogoquequalquertentativadeaplicaçãodeumaética
&)0.(/2&∋!(.! ∋()&∗+,! &! /+,#1%.&/,∃! 4(∃/&2%∋&!50,)(/2&/4,! &!
espéciehumana desnaturação tipicamente promovida pelas
religiõesEntremuitasarmações feitas bem controversas a
partirmesmodoâmbitodaprópriaciêncianutricionalofato
seriaque a vitamina ” indelevelmente nãoencontrável em
alimentosdeorigemvegetalestabeleceriaocaráterantinatural
e automaticamente socialmente ilegítimo da práxis vegano
abolicionista
“ssimapósumprimeiromomentoem queo multicultura#
lismorelativizanteétranscritoporanalogiaaodiscursoneoli#
beralmuitoutilizadoparaestabilizaraexploraçãoentreclasses
sociaisΜ∀ #∋%%∃!∀.∃/∋∀ ∃∀:0∋∀:0)%∋(∀ ∋∀#(∃,&∃ΝΛ!7! ∃%−(4(#∃(!%.!
momentodeapagamentodaculturaquecompreendidanatex#
turada crença religiosa é descartada frente à unilateralidade
É!“!∀!
daobjetividadecientícaossereshumanos,−∃∀#∃1∋/∀1∋);!(∀
1∋∀),Β∋()(∀.!(,∋%a nãoserqueaCulturatrapaceieasleisda
Naturezaousejaqueodevirhumanodesrespeiteasleispro#
videncialmenteinscritasna tábulada ontologiada Naturezae
passeaingerirsuplementosdevitamina”
EmsumaapósumautilizaçãodefensivadoconceitodeΕ04∗
&0(alemão vemosassim reabilitadaa .)5)4)Χ!&)∃,francesacul#
turaumaeindivisívelbaseadanaCiênciaqueobjetivadevese
lançaràconquistadobarbarismocrendicesculturaiscrendices
religiosasquereinaforadesuasfronteiras
Conclusão
“ respeito da colagem como diretriz arquitetônica de es#
truturaçãodascidadesnacontemporaneidade David Harvey
nosfala sobreumacondição vigenteque emulatodoo campo
dasartes mas tambémoâmbito da formadeseconceber as
própriascontradições estruturais eas diferenças sociopolíticas
correlatas
Hojeemdia é norma procurar estratégias pluralistas e orgânicas
paraaabordagem dodesenvolvimentourbanocomo umacolagem
deespaços emisturas altamentediferenciados emvez deperseguir
planosgrandiosos baseadosno zoneamento funcionalde atividades
diferentes“cidadecolageméagoraotema
“ colagem separa categorias distintas num desejo de co#
lecionar as diferenças essencializandoas e valendose de
pressupostos ultrapassados de uma antropologia reicadora
tribalizandoasdemaneiraatornaropacaarazãodialógica
maisprofunda queconformae podeexplicara existênciades#
sasmesmas diferenças Contra o império modernista de uma
metanarrativaque procurareduziradiversidade aumaúnica
cartadaautoexplicativaensejaseo fetiche pelos costumes lo#
calizados tãopassíveis deseremmapeados nomundo social
!∀R”D“
quantoencontrar um determinadorefrigerantenumagôndola
desupermercado
Começocomoqueparece serofatomais espantososobreopósmo#
dernismosua total aceitação do efêmero dofragmentáriodo des#
contínuoedocaóticoqueformavamumametadedoconceitobaude#
lairianode modernidadeMas o pósmodernismoresponde de uma
maneirabem particular elenão tenta transcendêlo oporsea ele e
sequerdeniroselementoseternos eimutáveisquepoderiamestar
contidosneleOpósmodernismonadae atéseespojanasfragmen#
táriase caóticascorrentes de mudançacomo seisso fosse tudoque
existisse
“orejeitarseastentativasdeentenderqualprocessoprofun#
dopodeunicaredar sentidoà existênciade certasdistinções
rejeiçãoemproldaaceitaçãodeummosaicodediferençassi#
métricosaparentemente equivalentes entre sicadaumfaz o
queachacertoparasicaímosnumviésrelativistaquepare#
ceestarimplícitonastentativasdetribalizaçãodoveganismo
abolicionistaTribalizaçãoempreendida porviadaestereoti#
paçãodaquiloqueosensocomum temcomo osinal diacrítico
porexcelênciadasdiferençasculturaisareligião
Ealgo parece darrazãoà exortação deDavidHarvey para
queprocuremosdesvendarqualoprocessouneeconformaes#
sasdiferençasatravessandoasuperfíciedossignicantesan#
donosdequeexistaalgumsignicadoprofundopoiscomose
zessepartedeumprocessoocultoalgumtipodecontradição
declassesasdiferençastribalizadasnostrêsartigosnãopu#
derampermanecerintocadas comogostariaaquelevelhodita#
docadamacaconoseugalho
Eé”aumanquempercebebemoquantoastesesrelativistas
domulticulturalismopodemfuncionar comoum estabilizador
deoposiçõesquesãocriadasjustamenteapartirdeumproces#
sosociotransversaldeespoliaçãoeexploraçãoexercidoporum
grupodeindivíduoscontraoutrogrupodeindivíduossofrentes
nocasoosnãohumanosrepresentadospeloabolicionismove#
ganotesesrelativistasquecolecionamdiferençasnaexatame#
É!“!∀!
didaem queomiteme estabilizamtal processodeexploração
Poispor trásdas justíssimasexortaçõespela tolerânciaàsirre#
dutíveisdiferençasdocomocrerserefazerpoisemprolda
necessáriacompreensãodequetodosos movimentospolíticos
seconstituememumaculturapolíticaesimbólicacontingen#
tesnesse!4Β∃∀#!(!∀!:09/∀∋∀#!(!∀!49/∀1!∀/∋(!∀,∋.∋%%)1!1∋∀/!&∋()!4+!
quepodeserentrevisto inclusiveemsuasdimensõesestéticas
podehaversimaconcorrênciadeumesforçoparaamanuten#
çãodeprivilégiosdeumgrupoemdetrimentodeoutroFazse
entãopassarcomoopçãoàquiloqueéumarotinasemsaída
“interpretaçãoculturaltalcomosuapredecessorasuportaemsilên#
cioofato deque adesigualdade socialé umfenômeno amplamente
autoinduzidoea representaçãodasmúltiplas divisõessociaisnasci#
dasdadesigualdadecomoprodutoinevitável dolivrearbítrioenão
comoumaincômodabarreiraéumdosprincipaisfatoresdesuacon#
solidação
Prenunciandoumavocaçãoguerreira intrínseca à enuncia#
çãodecertas diferenças culturais dispostas num cenário de
tribosvocação quecaraevidentenodecorridoaolongodos
trêsartigos de orientaçãocarnista que analisei ”auman nos
dizEmsuas consequênciaspráticas alosoado multiculturalis∗
/∃∆+∀&−∃∀∋/∀ 5∃Β!∀∋,&(∋∀ ∃%∀∆/∃1∋(,)%&!%∀%∋/∀/∃1∋(,)%/∃∆+∀(∋70&!∀%∋0∀
#(3#()∃∀5!4∃(∀&∋∃().!/∋,&∋∀#(∃/04Β!1∃∀1∋∀.∃∋;)%&Ο,.)!∀8!(/∃,)∃%!∀1∋∀
.04&0(!%
Eisquenomdascontasemvistadediscursosqueinscre#
vemoembate éticopolíticoentreumconservantismoquede#
fendeaapropriaçãohumanasistematizadadoscorposdeoutros
seressencientesfl oabolicionismoanimalnaconsagrada opo#
siçãobicameralNaturezaversusCulturacâmarasepistemolo#
gicamentecriadas paraanularemuma àoutra vislumbrase
umapistaparaquepercebamosqueseestádiantedeumaluta
deimplicaçõeséticascompotencialuniversalizantequeprecisa
serdiscutidaenquantotalenãotribalizada
!∀R”D“
Pois mesmo os estudos acadêmicos que introduziram um
estudosobreasdimensõessimbólicasquepermitiramhistorica#
.(/2(!,!∃%∋60.(/2,!4&!04(0&!4(!40∋(02,∃!&/0.&0∃!7!(!(%!&3%0!.(!
reroemespecial aoestudo consagradodeKeithThomaseao
artigode“myFligeraldtenderamelesmesmosatornarem
simétricasdessafeitanadimensãodiacrônicaenãonasincrô#
nicacomo zeramde início ostrêsartigosas duasdiferentes
posturasocidentaisencontradadohumanoemrelaçãoaosnão
humanos
Historiadoresculturaisquesãofocandosuasatençõesnos
deslocamentosedescontinuidades dasteiasdesignicadoque
o humano tão deliberadamente assim em relação à presença
ontológica do seu referente da representação próprio cons#
2∋%0%!7!2(/4(∋&.!&!/(6)06(/−0&∋!,!−,2(=&.(/2,!(/2∋(!4%&∃!−&.
dastemporaistãopreciosaaDavidHarveya/91)!∀10(!>−∃+!4&∃!
percepçõesesensibilidadeshumanascambiantescoma4∃,Β0Γ%∗
%)/!∀10(!>−∃+ pertinente à constituição biológica desses corpos
nãohumanosPoisnãoháqualquerrazãoparaqueimaginemos
queumboioumesmoumadeterminadaespéciedepeixetenha
biologicamenteacompanhadoomesmoritmo da alteração de
sensibilidadeshumanas esses nãohumanos seres sencientes
nãotendoalteradonomesmoritmo suaconstituição orgânica
sofriamesentiamseuspavorestantolánopassadoprémoder#
nocomoaquinopresenteglobalizadotantonaPolinésiaquanto
noRiodeJaneiroHouveeháportantoumpontodereferência
estávelancoradonalonguíssimaduraçãodaevoluçãobiológica
dasespéciesoqualdigasedepassagemépertinentetambém
aoprópriogênerohumanoquedeverianecessariamenteacom#
panharosestudossobrerelaçõesculturaishumanoanimaise
nãomais numarelação demútuaexclusão comofazquem se
valedaoposiçãoNaturezaxCulturamas demútuospermea#
mentoereciprocidade
Epormaisquerecentesestudosdaetologiatenhamdemons#
tradouma menorrigideze maiorabertura no comportamento
desses nãohumanos o que tem culminado nas armações
É!“!∀!
daneurociênciade que nãohumanos mais desenvolvidos de#
témconsciênciacapacidadede escolhaequeinclusiveatuam
−,.,!()(.(/2,∃!(∃2∋%2%∋&/2(∃! (.!&∋∋&/=,∃! ∃,−0&0∃!#!−(∋2&.(/#
tetaiscaracterísticasculturaisadquiridasnodevir dasrelações
detrocasinterespecícasnãodissuademnemevademadureza
dadimensãobiológicadessesnãohumanosDimensãoquenos
atentaparaaexistênciadosofrimentode sentimentosedean#
seiospelaliberdadedessasespéciesanimaisparabemalémdo
humanoSóquecertamenteseabiologiafortambémtriba#
lizadacomoconjuntosignicanteemsimesmocomoumarte#
sanatodepronunciadaspropriedadesestéticascomonadamais
queumritodealgumpovoefêmerotentandoemvãoestabele#
cerdireçõesdesentidonocaoscósmicobemnalinhado∃0∀!∀
2)∃4∃Β)!∀∋%&=∀ ,!∀ /∋,&∋∀∃0∀,−∃∀ 9∀ ,!1! realmentehaverápoucos
avançosnaáreae muitosofrimentohumanoanimal emebuli#
çãoMantemseaíainfernaldivisãobicameralintocada
“liáséDavidHarveyquemjánosalertavasobreaaporiada
histórianapósmodernidadequepodemuitobemacompanhar
esses desenvolvimentos eufóricos da Nova História Cultural
aque estou mereferindoem sua ânsiadedesarticular as u#
tuações simbólicas em instâncias extratextuais mais duras e
estáveis
Dadaaevaporaçãodetodosentidodecontinuidadeememóriahistó#
ricaearejeiçãodemetanarrativasoúnicopapelquerestaaohistoria#
dorporexemploétornarsecomoinsistiaFoucaultum arqueólogo
dopassadoescavandoseusvestígioscomo”orgesofazemsuacção
ecolocandoosladoaladonomuseudoconhecimentomoderno
Hánopósmodernismopoucoesforçoaberto parasustentaraconti#
nuidadedevaloresdecrençasoumesmodescrenças
Opreçodefocalizarcomoobjetodeestudoasmudançasno
óculosdequemvêpodeser masnãonecessariamente odes#
cuidoafetadocomapaisagemqueévistafatoquenolimite
tendeanosencurralarna armação de que a paisagem nada
maissãoquemudançasemtatuagensopacasdesenhadasnessas
!∀R”D“
lentesEessepareceoriscoqueoculturalismopodeincorrer
eincorreunocasoaquiemdebate
NãoqueKeithThomastomandosenovamenteseuexemplo
canônicoabnegueumadimensãomaterialquesubjazeinforma
amudançadeatitudes humanasparacomnãohumanosEleo
fazenquantohistoriadorElesituaqueaecologiaeoparadigma
biocêntricosubjacentesósurgemapartirdequandoohumano
sevêilhadoemcidadescercadopormurosefumaçaportodos
oslados Uma distinçãoimportanteemrelação ao culturalis#
mopuroesimples
Porém aborda o contexto materialda mudança de atitude
emrelaçãoaosanimaisnãohumanosinserindoanoparadig#
madagrandeecologiaNãoháaíaindividualizaçãodaquestão
animalqueacompanhariacorrelatamenteapercepçãodeque
seressencienteseàsvezesdotadosdeumaconsciênciadesi
constituemcadamembroanimalumaindividualidadecomin#
teresses autóctones “ssim quandofalasobre o maior apreço
das pessoas humanas em relaç ão aos animais nãohumanos
fazpassar árvoresporporcosegalinhaspor rios“ dimensão
biológicaquedistingueosanimaisnãohumanosdosvegetaise
demontanhasquequalquercriançahumanasabeintuirfoi
justamente ela negligencia da enquanto possível contraponto
explicativoparaasmudanças de atitude de humanos em re#
laçãoa outrosanimaisEseele nãofazessaarticulaçãonãoé
estritamentecomohistoriadormassim emsentido latoen#
quantoprovávelclientedechurrascaria
“ntevejo aqui portanto uma lógica dentro da ilógica da
negligênciametodológicaHáumalógicadepresençananegli#
gênciaaserauscultadacommaiscuidadoerigornumaoutra
ocasiãoHáque secomparar paraencerrarmeuartigoesuge#
rircaminhos oporque comoondas térmicasdo saberpoder
foucaultianoofriodeumniilismoculturalistapósmoderno
queemulasignicantessemsignicadoóculosporsimesmos
formaspelasformassemanifestaemalgumasáreasenquanto
É!“!∀!
outrasáreasensejamumcalorrealistaquepodeminvejarposi#
tivistasdoséculoflIfl
Sobreumaobjetividaderealistaatribuídaaosrelatosdequem
injustamentesofreu os horrores injusticáveis doscampos
deconcentração chequeembranco compreensívelconcedi#
doemvistasderepararecompensarasinjustiçasalisofridasre#
alismoatribuídoqueimplicaemevidenciarcomoincontestável
aobjetividadedoquefoirelatado evitandoseaproblematiza#
çãodasubjetividadee dossignicantes mobilizadosnorelato
suspendendoseaí quaisquerpossibilidadesde que essesrela#
tospossamserobjetosdeceticismoouquepossamsertomados
comoproduçõessimbólicas nasuadimensãodeartesanato de
signicadoséSarloquenosdeixaaparESarlonosdeixaapar
porquejáestáatéincomodadacomaobstruçãomoralaoexercí#
ciodosensocríticohistoriográcosobreaqualidadeeospressu#
postossimbólicosdessesrelatosconcentracionáriosEessetipo
deneopositivismoquenteporeladenunciadovigenteemplena
pósmodernidadepartindodopressupostodenuncaduvidar
dorealismodaquelesrelatosdesofrimentosindizíveisparece
pertencertodavia a muitos outroslocaisdiscursivosque não
somenteosrelatosdasvítimasdoscamposdeconcentração
Épreciso problematizar aextensão dessa hegemoniamoralsusten#
tada por um dever de ressarcimento feito sobretudo de memória!
“lutalegítima paranão esquecero genocídiodos judeuserigiu um
santuáriodamemória efundouuma novareligiãocívica segundoa
expressãodeGeorges ”ensoussanEstendidopelouso aoutrosobje#
toshistóricosodever dememóriainduzuma relaçãoafetivamoral
comopassadopoucocompatívelcomodistanciamentoe abuscade
inteligibilidadeque são o ofício do historiador Essa atitudedede#
ferênciaderespeitocongelado diantedealguns episódiosdolorosos
dopassado pode tornar menoscompreensível na esfera públicaa
pesquisaquesealimentadenovasperguntasehipóteses
Sarloemseguida continuaa nosadvertirparaquerompa#
mos com esse realismo objetivista modelo concentracionário
que toma acriticamente o relato sensível do real pela própria
!∀R”D“
realidaderelatadaobliterando acríticadospressupostossim#
bólicosimplícitoemtaisdiscursosdeverdade
Não se deve basear na memória uma epistemologia ingênua cujas
pretensõesseriamrejeitadas em qualquer outro caso Não há equi#
valênciaentreodireito delembrarea armaçãodeuma verdadeda
lembrançatampoucoodeverde memóriaobrigaaaceitaressaequi#
valência
>,0∃!3%(!&!3%(∃2+,!3%(!0/2(∋(∃∃&!&,!2(.&!4,!.(%!&∋206,!∃(∋0&!
compreenderoscontrastes térmicos de como circula o poder
verdadenumapósmodernidadetida àsvezescomoomodelo
daprópriaesquizofrenia onde circula o calor que alimenta a
prerrogativarealistaetranslúcidadodiscursoemrelaçãoauma
referênciaextratextuale ondereinao regimede umceticismo
manifestadonummapeamentoexaustivoquesedetémnossig#
nicantesenadisposiçãoquaseestéticadossignos dereferên#
ciatornandoopacooreferente
Eeis que nesse lugar quentíssimo em prerrogativasdeob#
jetividadeo ramo das memórias concentracionárias o gélido
niilismotipopósmodernoessehábitodesedeterparandoa
criticamentenos signicantesnaqualidade dodiscurso enun#
ciadoemdetrimentodosreferentesobjetivosquemoprotago#
nizasãonegacionistas
Notasdereferência
Daqui em diante serão postos em elipse os denominadores comuns
daequação animaishumanos eanimais nãohumanos sendotais
termosreduzidosrespectivamenteparahumanose nãohumanos
Importasalientar que sem exceção todas asvezes que se mencionar
otermonãohumanosestarseánecessariamente sereferindo aani#
mais nãohumanos pontuandose que outras formas nãohumanas
possíveisbactériaspedrascidadesvegetaisetcserãodesignadaspor
seusnomesespecícosrespectivos
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