VIOLÊNCIA DE GÊNERO: O QUE DIZEM AS JOVENS MULHERES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO ALTO SERTÃO DA BAHIA
| Autor | Maria de Fátima Pereira Carvalho, Carmem Lúcia Eiterer |
| Páginas | 159-177 |
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GÊNERO | Niterói | v. 20 | n. 2 | p. 159-177 | 1. sem 2020
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VIOLÊNCIA DE GÊNERO: O QUE DIZEM AS JOVENS
MULHERES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO
ALTO SERTÃO DA BAHIA
Maria de Fátima Pereira Car valho1
Carmem Lúcia Eiterer2
Resumo: Este artigo discute o tema da violência de gênero vivida por jovens
mulheres inseridas na Educação de Jovens e Adultos (EJA), no Alto Sertão
da Bahia. Trata-se de um recorte dos dados produzidos no contexto de uma
pesquisa qualitativa em que se realizou Grupos de Discussão e entrevistas
semiestruturadas personalizadas com concluintes da segunda etapa do Ensino
Fundamental na rede pública de ensino de Guanambi/BA. Os resultados do
estudo apontam que as jovens mulheres da EJA não são quaisquer mulheres,
mas sim jovens, mulheres, pobres, em sua maioria negras e nordestinas, que
vivenciam enfrentamentos para permanecer no processo de escolarização.
Palavras-chave: Educação de jovens e adultos; gênero; violência.
Abstract: This article discusses the issue of gender-based violence experienced
by young women in adult and youth education program (EJA) in the Alto
Sertão of Bahia. It is a cutout of the data produced in the context of a qualitative
research; we conducted discussion groups and personalized semi-structured
interviews with graduates of the 2nd stage of elementary school in the public
school system of Guanambi-BA. The results of the study indicate that the
young women of EJA are not any women; they are young, poor, mostly black,
from the Northeast region of Brazil, who experience confrontations to remain
in the schooling process.
Keywords: Adult and youth education; gender; violence.
Introdução
Este texto apresenta um recor te da pesquisa de doutorado Jovens mulheres
da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e a constituição de seus projetos de vida,
1 Doutoranda em Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. E-mail: f13carvalho@hotmail.com.
Orcid: 0000-0003-2273-4809
2 Doutora em Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. E-mail: eiterercarmem@gmail.com.
Orcid: 0000-0002-6978-155X
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desenvolvida com jovens mulheres inseridas na Educação de Jovens e Adultos
(EJA), no Alto Sertão da Bahia. Ele situa-se no entrelaçamento de gênero,
juventude e violência, mais especificamente no campo da violência de gênero,
e parte do olhar das participantes da pesquisa.
Do ponto de vista metodológico, trata-se de uma pesquisa qualitativa,
devido às características das questões e dos objetivos que norteiam o pro-
cesso de investigação. No estudo realizado, o contexto social foi composto
por escolas da rede municipal de ensino de Guanambi/BA que atendem
a EJA. Para a produção dos dados, foram utilizados cinco grupos de dis-
cussão (um em cada escola), dos quais participaram de cinco a doze jovens
mulheres concluintes da segunda etapa do Ensino Fundamental3 na EJA
da rede pública de ensino de Guanambi, no período de 2017 a 2019. Para a
escrita deste texto, foram selecionados aqueles depoimentos cujas discus-
sões e reflexões se aproximam dos objetivos do tema recortado.
Ao analisar o cenário vivenciado pelas jovens mulheres da EJA do Alto
Sertão da Bahia, é possível assegurar que elas não são quaisquer mulhe-
res. Elas são jovens, mulheres, pobres, em sua maioria negras, nordestinas,
sertanejas, e vivenciam muitos enfrentamentos para viver o processo de
escolarização e persistir nele.
Metodologia
Quanto à escolha das participantes da pesquisa, inicialmente realiza-
mos um levantamento da população jovem, adulta e/ou idosa matriculada
no mencionado município, analisando os per fis dos(as) educandos(as), com
vistas a identificar jovens que contemplassem a diversidade de trajetórias
presentes no campo da EJA (consideramos idade, gênero, raça, cor, traba-
lho, local de moradia etc.). De posse desses dados, efetuamos um levanta-
mento da população de jovens mulheres inseridas na referida modalidade
de ensino no município, a fim de recolher informações que subsidiassem a
localização das jovens para a formação dos Grupos de Discussão (GD).
A seleção das jovens se deu por adesão após a apresentação da proposta
de pesquisa nas salas de aula das escolas. Assim sendo, foram inclusas jovens
mulheres negras, porque essa é uma característica acentuada no campo da
EJA; além disso, procuramos contemplar participantes provindas tanto do
3 O Ensino Fundamental organiza-se em duas etapas: I, de 1º a 5º ano; e II, de 6º a 9º ano.
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