Violência sexual: concepções de estupro e assédio por estudantes universitárias/os

AutorGabriela Batista Geraldo - Katia Alexsandra dos Santos
CargoGraduanda em Psicologia pela Universidade Estadual do Centro-Oeste-UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro-Oeste-UNICENTRO
Páginas27-53
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
V. 9 - Nº 04 - Ano 2020
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
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VIOLÊNCIA SEXUAL: CONCEPÇÕES DE ESTUPRO E ASSÉDIO
POR ESTUDANTES UNIVERSITÁRIAS/OS
Gabriela Batista Geraldo
1
Katia Alexsandra dos Santos
2
Resumo: A universidade foi por muito
tempo entendida enquanto um lugar
seguro, e os objetos estudados seriam
fenômenos vindos de fora de sua
estrutura. Apenas recentemente surgiram
pesquisas que apontam questões de
violência dentro da universidade, pois,
como afirmou Almeida (2017), agora
m se intensificado o número de
denúncias de assédios e estupros nesse
ambiente. Deste modo, esta pesquisa
teve como objetivo analisar as
concepções construídas em torno da
questão de estupro e assédio por
estudantes, a partir de experiências no
contexto universitário. A investigação
foi realizada com método misto, utilizou
como instrumento um questionário
online, e os dados foram analisados por
meio de análise de conteúdo. Os
resultados obtidos foram divididos a
partir de três categorias, que contemplam
concepções de estupro, abuso sexual e
assédio. A partir desse estudo, percebeu-
1
Graduanda em Psicologia pela Universidade Estadual do Centro- Oeste-UNICENTRO
2
Universidade Estadual do Centro-Oeste-UNICENTRO
se que, apesar de diferenciações, ainda é
nebulosa a distinção desses dois
conceitos para muitas/os estudantes.
Palavras-chave: Violência sexual.
Estupro. Assédio. Estudantes
universitárias/os. Universidade.
Abstract: For a long time, universities
were seen as safe places, and the studied
subjects would be phenomenons from
outside of it's structure. Researches
about violence inside of universities
have only recently been made, because,
as Almeida (2017) stated, the number of
reports of harassment and rape at
universities has now increased.
Accordingly, this research has the goal to
analyze the ideas constructed by students
around matters like abuse and rape,
based on their experiences in the
university.The research was made with
mixed methods, performed by a online
quiz, and the final data was analyzed
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through a content analysis. The results
were divided into three categories, which
are conceptions abot rape, sexual abuse
and harassment. From this project,
noticed that even though there are
differences, the distinction between
these concepts still very blurry to lots of
students.
Introdução
As concepções do imaginário
popular em torno da universidade
remetem a um lugar no qual pessoas
implicadas com a ciência vão buscar
produzir determinado tipo de
conhecimento, de modo que este
contribua de alguma maneira para a
sociedade. Ao pensar nesse espaço
acadêmico, portanto, é possível o
conceber como um ambiente neutro, e
não necessariamente atravessado pelas
questões que estuda, como violência,
exclusão, privilégios, entre outros temas.
Assim, a universidade foi por muito
tempo entendida enquanto um lugar
seguro, de modo que todos os objetos
estudados diriam respeito a fenômenos
externos. Apenas muito recentemente
surgiram pesquisas (Solnit, 2017;
Almeida, 2017) que apontam questões de
violência dentro da universidade, pois,
como afirmou Almeida (2017), tem se
intensificado o número de denúncias de
assédios e estupros no ambiente
universitário, o que acende as luzes para
um problema que não havia recebido a
devida importância até então.
No momento em que questões
como a violência viram pauta, faz-se
necessário saber o que se compreende
por esse conceito, tendo em vista as
características de nossa sociedade
capitalista, neoliberal e as intolerâncias
desse contexto. Nesse sentido, é
importante mencionar que, muitas vezes,
as pessoas sofrem com situações em que
não conseguem nomear, mesmo que a
violação de direitos esteja evidente. O
Atlas da Violência de 2018, entre várias
outras categorias, abarca também a
violência contra a mulher. Segundo os
dados coletados, em 2016, 4.645
mulheres foram assassinadas no Brasil,
representando uma taxa de 4,5
homicídios para cada 100 mil brasileiras.
O número de estupros denunciados ao
FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança
Pública), também no ano de 2016, é de
49.497, enquanto nas bases de dados do
SUS (Sistema Único de Saúde), os casos
registrados dessa natureza caem para

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