Acórdão nº 2009/0208341-4 de T2 - SEGUNDA TURMA

Data16 Março 2010
Número do processo2009/0208341-4
ÓrgãoSegunda Turma (Superior Tribunal de Justiça do Brasil)

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.164.449 - PR (2009⁄0208341-4)

RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN
AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
AGRAVANTE : P.P.E.E.L.
ADVOGADOS : FLAVIO ZANETTI DE OLIVEIRA E OUTRO(S)
J.M.D.O. E OUTRO(S)
AGRAVADO : OS MESMOS

EMENTA

TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. APLICAÇÃO RETROATIVA DO ART. 3º DA LC 118⁄2005. INCONSTITUCIONALIDADE. MATÉRIA APRECIADA SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC. COFINS. SHOPPING CENTER. INCIDÊNCIA.

  1. Conforme decidido pela Corte Especial, é inconstitucional a segunda parte do art. 4º da LC 118⁄2005, que determina a aplicação retroativa do disposto em seu art. 3º.

  2. Orientação reafirmada pela Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.002.932⁄SP, submetido ao rito do art. 543-C do CPC.

  3. Incidem PIS e Cofins sobre receitas provenientes da locação de espaço em centro comercial.

  4. Sob pena de invasão da competência do STF, descabe analisar questão constitucional em Recurso Especial (suposta ofensa ao princípio da hierarquia das leis).

  5. Agravos Regimentais não providos.

    ACÓRDÃO

    Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça: "Retificando-se a proclamação do resultado de julgamento da sessão do dia 09⁄02⁄2010: a Turma, por unanimidade, negou provimento aos agravos regimentais, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Eliana Calmon, Castro Meira e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Brasília, 16 de março de 2010(data do julgamento).

    MINISTRO HERMAN BENJAMIN

    Relator

    AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.164.449 - PR (2009⁄0208341-4)

    RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN
    AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL
    PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
    AGRAVANTE : P.P.E.E.L.
    ADVOGADOS : FLAVIO ZANETTI DE OLIVEIRA E OUTRO(S)
    J.M.D.O. E OUTRO(S)
    AGRAVADO : OS MESMOS

    RELATÓRIO

    O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): Trata-se de Agravos Regimentais interpostos contra decisão monocrática que deu parcial provimento ao Recurso Especial da empresa para reformar o acórdão recorrido no ponto em que tratou da prescrição.

    A Fazenda Nacional alega ser constitucional a retroação do art. 3º da LC 118⁄2005, expressamente prevista em seu art. 4º.

    A contribuinte sustenta que "o r. despacho agravado não apreciou os fundamentos que integraram a interposição do recurso especial com fulcro na alínea "c". Afirma que "não é legítima a incidência do tributo sobre os ganhos do empreendedor a título de aluguel (fixado em percentual sobre o faturamento do lojista), sob pena de bis in idem, já que os serviços por ele prestados concorreram para tal faturamento" (fl. 1.165).

    Alega, ainda, que houve omissão quanto à "ilegalidade dos arts. 1º, §§ 1º e 2º das Leis 10.637⁄02 e 10.833⁄03" (fl. 1.166).

    É o relatório.

    AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.164.449 - PR (2009⁄0208341-4)

    VOTO

    O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator):Os autos foram recebidos neste Gabinete em 4.12.2009.

  6. Agravo Regimental da Fazenda Nacional

    A questão ventilada no Agravo Regimental foi decidida no julgamento da Argüição de Inconstitucionalidade instaurada nos EREsp 644.736⁄PE. Na assentada de 6 de junho de 2007, a Corte Especial acolheu o incidente para reconhecer a inconstitucionalidade da expressão “observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional”, constante do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118⁄2005.

    Em seu brilhante voto, o relator, Ministro Teori Zavascki, destaca que o art. 3º da LC 118⁄2005, a pretexto de interpretar o disposto no art. 168, I, do CTN, inovou no mundo jurídico ao atribuir à norma sentido diverso daquele conferido por seu legítimo intérprete: o Poder Judiciário.

    Desse modo, o Órgão Especial entendeu que a aplicação retroativa do dispositivo, ao reduzir o prazo prescricional, violou a Constituição da República, notadamente o art. 2º, que consagra a autonomia e a independência do Poder Judiciário em relação ao Poder Legislativo, e o inciso XXXVI do art. 5º, que resguarda o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

    O acórdão proferido na Argüição de Inconstitucionalidade instaurada nos EREsp 644.736⁄PE foi publicado no Diário de Justiça de 27 de agosto de 2007, p. 170, com a seguinte ementa:

    CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. LEI INTERPRETATIVA. PRAZO DE PRESCRIÇÃO PARA A REPETIÇÃO DE INDÉBITO, NOS TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. LC 118⁄2005: NATUREZA...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT