“Não podemos ficar em casa ad eternum”, diz Bolsonaro após novo recorde de mortes por covid-19

O presidente Jair Bolsonaro voltou a discursar contra as medidas de isolamento social após novo recorde diário de mortes por covid-19. Na primeira parada de um roteiro de viagens previsto para esta quarta-feira, em Chapecó (SC), ele disse que a população não pode “ficar em casa ad eternum” porque o vírus “veio para ficar a vida toda” e que o “o nosso Exército não vai à rua manter o povo em casa”.

“Lamentamos as mortes, é como num campo de batalha. Mas, se nada fizermos, seremos derrotados. Nós temos que unir forças para vencer este inimigo [covid-19], não podemos ficar em casa ad eternum. Nossa liberdade vale mais que nossa própria vida”, afirmou o presidente durante lançamento do Centro Avançado de Tratamento de Covid.

“Não vai ter lockdown nacional. Nosso Exército não vai à rua para manter o povo dentro de casa”, bradou Bolsonaro. “Não vamos aceitar o lockdown, este vírus veio para ficar, vai ficar a vida toda. Quem abre mão de um milímetro de sua liberdade em troca de segurança está condenado no futuro a não ter segurança e liberdade”.

Na terça-feira, o Brasil ultrapassou a marca de 4 mil registros de mortes por covid-19 em um intervalo de 24 horas. Foram 4.211 óbitos, segundo levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de Saúde, o equivalente a 35% das mortes por covid-19 registradas no período de um dia em todo o mundo.

Sem citar o programa de imunização contra a doença no país durante o pronunciamento, Bolsonaro sugeriu que a covid-19 não avançou tanto na África por causa do uso de medicamentos sem eficácia e contraindicados para o tratamento da doença por toda a comunidade científica mundial.

Ele defendeu que os médicos “precisam ter liberdade com o paciente” para decidir qual tratamento adotar e citou seu caso pessoal, em que afirma ter se curado pelo uso de hidroxicloroquina.

“Na África, só tem ivermectina e cloroquina. Procurem saber o que acontece com aquele povo no tocante à covid. Não vou entrar em detalhes para não me chamarem de terraplanista e negacionista”, disse.

Para defender o uso de drogas sem comprovação científica de eficácia no tratamento da covid-19, o presidente citou medicamentos experimentais que, segundo ele, “deram certo” para hanseníase e aids. A ciência “por vezes demora”, afirmou.

A visita a Chapecó levou em conta a proximidade de Bolsonaro com o prefeito João Rodrigues (PSD), um dos poucos do país que acompanham o presidente no discurso anticientífico em relação...

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