Considerações acerca do Código de Ética Profissional do Administrador

AutorVilmar Alves Pereira
CargoDoutorando em Filosofia da Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Professor de Filosofia nos Cursos de Administração e Direito da Faculdade da Serra Gaúcha. Email: vilmar.pereira@fsg.br.
1 O que afirma o preâmbulo do código

Como decorrência e contribuição dos alunos dos cursos de Administração de Empresas da Faculdade da Serra Gaúcha, no desenvolvimento das atividades de docência na Disciplina de Filosofia e Ética Profissional, buscamos investigar, no CEA, o que consta em seu preâmbulo. Pelo empenho e dedicação demonstrados, agradecemos aos alunos, verdadeiros agentes desta atividade.

Preocupado com a existência de um critério que possa contribuir no agenciamento das ações humanas, o Código de Ética Profissional do Administrador, já no seu preâmbulo, define o que concebe por ética. Nesta perspectiva entende que:

De forma ampla, a Ética é definida como a explicitação teórica do fundamento último do agir humano na busca do bem comum e da realização individual (CEA, Inciso II do Preâmbulo, in: Global Manager, 2002, p. 132).

Com o critério, evidenciado acima, podemos identificar um conceito de ética que, pela sua natureza, procura aliar dois aspectos balizadores em nossas ações: o bem comum e o bem individual. Ora, a realização indivi¬dual não consiste num dado a priori à realização do bem comum, de modo que ações que manifestem ou privilegiem o interesse particular como ponto de partida, são ações consideradas dentro de uma lógica egocêntrica e utilitarista. Esse aspecto constitui uma importante referência em nossa análise, para sabermos se as ações no mundo dos negócios são ou não tendenciosas.

Um outro elemento apontado, ainda no preâmbulo do Código, diz respeito à finalidade das ações. Ou seja, qual é o lugar para onde são direcionadas as tomadas de decisões? No segundo inciso do preâmbulo, está bem explícita qual é a finalidade da ação ética para o administrador, numa ação que deve estar em consonância com o contexto social e comprometida com a melhoria da qualidade dos serviços prestados.

A busca dessa satisfação ocorre, necessariamente, dentro de um contexto social, onde tantas outras pessoas perseguem o mesmo objetivo, o que as torna comprometidas com a qualidade dos serviços que prestam à população e com o seu aprimoramento intelectual (CEA, Inciso II do Preâmbulo. In: Global Manager, 2002, p. 132).

O fato de o administrador saber que não se encontra sozinho e que existem outras pessoas galgando também seu sucesso, de modo algum atrapalha a ação ética; mas a convivência com os demais pode pautar a sua conduta por princípios onde reconheça o outro como um ser humano e possa efetivar uma competitividade sadia. Assim, quem ganha com esta última é a comunidade.

Atualmente, aparece com freqüência o equívoco de as pessoas pensarem que para alguém se satisfazer pode fazer o que pensa e que pode agir de qualquer modo.

Posturas assim invalidam qualquer ação ética. Se seguirmos essa lógica, podemos retornar ao famoso estado hobbesiano onde "cada homem pode tornarse o lobo do homem". "Com isso se torna manifesto que durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra" (Hobbes, Leviatã. Livro I, cap.XIII, p. 79). Ou dito de outra forma: Onde tudo é válido nada mais é valido. Atento para esse tipo de ação, o Código de Ética Profissional do Administrador nos adverte:

A busca dessa satisfação individual, num contexto social específico - o trabalho - ocorre de acordo com normas de conduta profissional que orientam as relações do indivíduo com o cliente, o ambiente e as pessoas de sua relação (CEA, Inciso III do Preâmbulo. In: Global Manager, 2002, p. 132).

A busca de fins coletivos é grande horizonte para o qual todas as ações devem rumar. Quando, por ações eficazes, conseguirmos atingir tais fins, o individuo e a sociedade se harmonizam e o desenvolvimento é uma conseqüência espontânea que emana dessa relação. "A busca constante da realização do bem comum e individual - que é o propósito da Ética - conduz ao desenvolvimento social, compondo um binômio inseparável" (CEA, Inciso IV do Preâmbulo. In: Global Manager, 2002, p. 132).

Para aquele administrador que encontra dificuldade em suas tomadas de decisões, convém lembrar que:

O Código de Ética Profissional do Administrador é o guia orientador e estimulador de novos comportamentos e está fundamentado num conceito de ética direcionado para o desenvolvimento, servindo simultaneamente de estímulo e parâmetro para que o administrador amplie sua capacidade de pensar, visualize seu papel e torne sua ação mais eficaz diante da sociedade (CEA, Inciso VI do Preâmbulo. In: Global Manager, 2002, p. 132).

Esses são apenas alguns indicativos que nos levam a estabelecer algumas relações sobre o porquê do alargamento da fronteira entre o CEPA - Código de Ética Profissional do Administrador - e as diferentes práticas cotidianas praticadas pelos gestores nas organizações.

Tendo por referência um documento tão profícuo quanto o seu Código, mesmo assim, cotidianamente são identificadas, tanto pela mídia, e comunidade, como pelos próprios colaboradores, algumas práticas isentas de...

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