Acórdão nº 0003707-61.2017.8.11.0013 Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, Primeira Câmara Criminal, 15-12-2021

Data de Julgamento15 Dezembro 2021
Case OutcomeProvimento em Parte
Classe processualCriminal - APELAÇÃO CRIMINAL - CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS
ÓrgãoPrimeira Câmara Criminal
Número do processo0003707-61.2017.8.11.0013
AssuntoHomicídio Qualificado

ESTADO DE MATO GROSSO

PODER JUDICIÁRIO


PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL


Número Único: 0003707-61.2017.8.11.0013
Classe: APELAÇÃO CRIMINAL (417)
Assunto: [Homicídio Qualificado, Crimes do Sistema Nacional de Armas]
Relator: Des(a).
MARCOS MACHADO


Turma Julgadora: [DES(A). MARCOS MACHADO, DES(A). ORLANDO DE ALMEIDA PERRI, DES(A). PAULO DA CUNHA]

Parte(s):
[MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO - CNPJ: 14.921.092/0001-57 (CUSTOS LEGIS), FRANCISCO DELSON FORTES VAZ - CPF: 031.951.623-77 (APELANTE), MATEUS ROCHA DE JESUS - CPF: 058.183.651-07 (TERCEIRO INTERESSADO), NELSON ANTONIO TEREZA JUNIOR - CPF: 060.720.521-00 (VÍTIMA), Francisco Delson Fortes Vaz (APELANTE), MATEUS ROCHA DE JESUS - CPF: 058.183.651-07 (APELANTE), MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO - CNPJ: 14.921.092/0001-57 (APELADO)]

A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência Des(a).
ORLANDO DE ALMEIDA PERRI, por meio da Turma Julgadora, proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, PROVEU PARCIALMENTE O RECURSO.

E M E N T A

EMENTA

APELAÇÃO CRIMINAL - HOMICÍDIO QUALIFICADO [POR MOTIVO TORPE E EMPREGO DE RECURSO QUE IMPOSSIBILITOU A DEFESA DA VÍTIMA] E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO - SENTENÇA CONDENATÓRIA - DESPROPORCIONALIDADE NA ELEVAÇÃO DA PENA BASILAR E INTERMEDIÁRIA DO HOMICÍDIO, - PEDIDO DE REDUÇÃO DA PENA – REPRIMENDA BASILAR – AUMENTO DE 1/6 (UM SEXTO) PARA CADA CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL – ENTENDIMENTO DO STJ – READEQUAÇÃO – AGRAVANTES GENÉRICAS - FRAÇÃO PARADIGMA DE 1/6 (UM SEXTO) – DIRETRIZ JURISPRUDENCIAL DO STJ – FRAÇÃO SUPERIOR QUE DEPENDE DE MOTIVAÇÃO CONCRETA E IDÔNEA - RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE PARA READEQUAR A PENA DO APELANTE.

O c. STJ tem entendido razoável e proporcional a fração de aumento de 1/6 (um sexto) para cada circunstância judicial (HC nº 505.435/SP; AgRg no HC nº 600.179/SP).

“Deve ser adotada a fração paradigma de 1/6 (um sexto) para aumento ou diminuição da pena pela incidência das agravantes ou atenuantes genéricas” (HC nº 488.097/SC). Isso porque, a “utilização de fração superior depende de motivação concreta e idônea, o que não ocorre na espécie” (HC nº 450.201/SP).

R E L A T Ó R I O

PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL

APELAÇÃO Nº 0003707-61.2017.8.11.0013 - COMARCA DE PONTES E LACERDA

APELANTE(S): FRANCISCO DELSON FORTES VAZ

APELADO(S): MINISTÉRIO PÚBLICO

R E L A T Ó R I O

Apelação criminal interposta por FRANCISCO DELSON FORTES VAZ contra sentença proferida pelo Juízo da 3ª Vara Criminal da Comarca de Pontes e Lacerda, decorrente de veredito do Tribunal do Júri, nos autos de ação penal (Código 140043), que o condenou por homicídio qualificado [por motivo torpe e emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima] e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido a 22 (vinte e dois) anos, 10 (dez) meses e 15 (quinze) dias de reclusão e 15 (quinze) dias-multa, em regime inicial fechado – art. 121, § 2º, I e VI do CP e art. 14 da Lei nº 10.826/2003 – (fls. 479/480).

O apelante sustenta que: 1) a pena-base do homicídio qualificado teria sido elevada de forma “desproporcional”; 2) a exasperação da pena pelas agravantes da reincidência e do motivo torpe, na segunda fase, “não respeitou o limite de 1/6, sem qualquer fundamentação que justificasse aplicação de fração superior”.

Pede o provimento para que seja reduzida a pena do homicídio (fls. 500/518).

A 2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PONTES E LACERDA pugna pelo desprovimento (fls. 521/529).

A i. Procuradoria de Justiça Criminal opina pelo desprovimento, em parecer assim sintetizado:

“APELAÇÃO CRIMINAL – HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO – RECURSO DA DEFESA. INSURGÊNCIA TÃO SOMENTE COM RELAÇÃO A DOSIMETRIA – 1. PLEITO PELA REDUÇÃO DA PENA BASE PARA FRAÇÃO MAIS PRÓXIMA AO MÍNIMO LEGAL – NÃO ACOLHIMENTO – Pena base fixada um pouco acima do mínimo legal em razão dos maus antecedentes do apelante, contudo, dentro dos critérios definidos pela doutrina e jurisprudência, adotando fração de 1/6 para o acréscimo da pena-base em razão de circunstância judicial valorada como negativa – PLEITO DE REDUÇÃO DO ACRÉSCIMO APLICADO NA SEGUNDA FASE DO PROCESSO DOSIMÉTRICO EM RAZÃO DO RECONHECIMENTO DE DUAS CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES. NÃO ACOLHIMENTO – 2. SEGUNDA FASE DA DOSIMETRIA - O quantum de exasperação na etapa intermediária da dosagem da reprimenda da infração penal foi estipulado um pouco acima da fração de 1/6 (um sexto), porque pende em desfavor do acusado duas circunstâncias agravantes genéricas (reincidência e motivo torpe), afastando-se do mínimo de 1/6 (um sexto) diante das circunstâncias do caso em concreto, mostrando-se adequada e em conformidade com os parâmetros da razoabilidade e proporcionalidade – PARECER RECOMENDA O DESPROVIMENTO DO APELO.” (Amarildo Cesar Fachone, procurador de Justiça - fls. 553/566).

É o relatório.

À d. Revisão.

V O T O R E L A T O R

V O T O (MÉRITO)

EXMO. SR. DES. MARCOS MACHADO (RELATOR)

Egrégia Câmara:

O recurso é cabível (CPP, art. 593, III, “d”), manejado por quem tem interesse (CPP, art. 577) e não se verifica hipótese de extinção da punibilidade (CP, art. 107).

Consta da denúncia que:

“1º FATO

[...] no dia 05 de fevereiro de 2017, por volta das 04h30min, em via pública, no...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT