Acórdão Nº 0300460-34.2019.8.24.0282 do Terceira Turma Recursal - Florianópolis (Capital), 14-04-2021

Número do processo0300460-34.2019.8.24.0282
Data14 Abril 2021
Tribunal de OrigemTribunal de Justiça de Santa Catarina
Classe processualPROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Tipo de documentoAcórdão
RECURSO CÍVEL Nº 0300460-34.2019.8.24.0282/SC

RELATOR: Juiz de Direito Alexandre Morais da Rosa

RECORRENTE: TIM CELULAR S.A. (RÉU) RECORRIDO: DANIELA TOMAZ VIEIRA (AUTOR)

RELATÓRIO

Relatório dispensado nos termos do art. 46 da Lei n. 9.099/95.

VOTO

Conheço do recurso, porque próprio e tempestivo.

Mantenho a sentença impugnada pelos seus próprios fundamentos, acrescentando que no caso dos autos, é evidente a hipossuficiência da autora, bem como sua vulnerabilidade técnica, uma vez que lhe é impossível comprovar que não contratou os serviços de interatividade cobrados pela ré. O ônus da prova foi invertido (Evento 17, DEC40), ainda ressalto que o conceito de hipossuficiência não está limitado à inferioridade econômico-financeira do consumidor, mas também diz respeito ao desconhecimento técnico e informativo acerca do serviço que lhe é prestado pelo fornecedor.

Dito isso, registro que, nos termos do art. 39, III, do Código de Defesa do Consumidor, constitui prática abusiva fornecer qualquer produto ou serviço ao consumidor sem que haja prévia solicitação. E o produto ou serviço fornecido nessa condição, não obstante a proibição, é considerado amostra grátis e não gera para o consumidor a obrigação de pagamento (art. 39, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor).

Nas palavras de Ada Pellegrini Grinover:

"A regra do Código, nos termos do seu art. 39, III, é de que o produto ou serviço só pode ser fornecido desde que haja solicitação prévia. O fornecimento não solicitado é uma prática corriqueira - e abusiva - do mercado. Uma vez que, não obstante a proibição, o produto ou serviço seja fornecido, aplica-se o disposto no parágrafo único do dispostivo: o consumidor recebe o fornecimento como mera amostra grátis, não cabendo qualquer pagamento ou ressarcimento ao fornecedor, nem mesmo os decorrentes de transporte. É ato cujo risco corre inteiramente por conta do fornecedor". (GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Código brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. 9. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. p. 381.)

Nesse sentido, já que impossível se faz a produção de provas por parte da autora, pois alegou não ter solicitado nem utilizado os serviços de interatividade (jogos, informativos e prêmios - Evento 50, RecIno74). Por sua vez, ficou a ré encarregada do ônus de comprovar documentalmente, no prazo da contestação, a contratação de tais serviços pelo consumidor...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT