Acórdão Nº 0801291-18.2012.8.24.0008 do Segunda Turma de Recursos - Blumenau, 08-04-2019

Número do processo0801291-18.2012.8.24.0008
Data08 Abril 2019
Tribunal de OrigemBlumenau
Classe processualRecurso Inominado
Tipo de documentoAcórdão



ESTADO DE SANTA CATARINA

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA

Segunda Turma de Recursos - Blumenau




Recurso Inominado n. 0801291-18.2012.8.24.0008, de Blumenau

Relator: Des. Frederico Andrade Siegel

REVISÃO DE CONTRATO. TAXAS BANCÁRIAS. SENTENÇA QUE DETERMINOU A REPETIÇÃO DE FORMA SIMPLES DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE TAC, TEC, TAXAS ADMINISTRATIVAS NO DECORRER DA CONTRATUALIDADE E TAXAS DE LIQUIDAÇÃO ANTECIPADA.


SENTENÇA CITRA E EXTRA PETITA. RECURSO EXCLUSIVO DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. NULIDADE DA SENTENÇA NO PONTO QUE CONDENOU O BANCO À RESTITUIÇÃO DE TARIFAS NÃO REQUERIDAS NA INICIAL.


AUSÊNCIA DE COBRANÇA DA TAC E TEC. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO ACOLHIDO.




Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso Inominado n. 0801291-18.2012.8.24.0008, da comarca de Blumenau 1º Juizado Especial Cível, em que é/são Recorrente Banco Itauleasing S/A,e Recorrido Cristiane Fritz:

A Segunda Turma de Recursos - Blumenau decidiu, por votação unânime, conhecer e dar provimento ao recurso.


Participaram do julgamento, realizada nesta data, os Exmos. Juízes Juliano Rafael Bogo e Edson Marcos de Mendonça.




Blumenau, 08 de abril de 2019.



Frederico Andrade Siegel

Relator


I – RELATÓRIO


ATO RECORRIDO: Sentença (fls. 47/53) que julgou parcialmente procedente os pedidos iniciais e determinou a restituição dos valores pagos a título de TAC, TEC, taxas administrativas e taxa de liquidação antecipada do contrato na forma simples.


RAZÕES (Banco): Requer a improcedência total da pretensão da parte autora, bem como a reforma integral da decisão prolatada pelo juízo a quo, para o fim de reconhecer a legalidade das tarifas contratadas (fls. 58/63).


CONTRARRAZÕES (Autor): Requereu fosse improvido (fls. 83/85).



II – VOTO


A) JULGAMENTO CITRA PETITA


A insurgência inicial é contra os seguintes encargos: TAC, TEC (emissão de carnê), serviços de terceiros e registro de cartório, acrescidos de juros e correção monetária.


Por ocasião da prolação da sentença de primeiro grau, o banco foi condenado à restituição dos seguintes encargos: TAC, TEC, taxas administrativas no decorrer da contratualidade e taxa de liquidação antecipada do contrato.


O recurso é exclusivo do banco. Assim, apenas será analisada a legalidade das tarifas mencionados na sentença.


Nesse caso, afasta-se a aplicação do art. 1.013, § 3º, III, do CPC, pois a matéria foi trazida ao segundo grau por recurso exclusivo do réu.


É necessário ressaltar que o termo constante na sentença "taxas administrativas" é genérico, sem qualquer tipo de definição para compreender que nelas estão contidas as taxas reclamadas na inicial.


B) JULGAMENTO EXTRA PETITA


É necessário reconhecer a nulidade da sentença no ponto que determinou a restituição de valores cobrados a título de taxas administrativas no decorrer da contratualidade e taxa de liquidação antecipada do contrato, pois não há pedido inicial neste sentido.


Sabe-se que o magistrado não pode proferir decisão diversa daquela pedida na inicial ou analisar questões não suscitadas pelas partes (arts. 128 e 460 do CPC/73). Ainda, de acordo com o enunciado da Súmula 381 do STJ, "nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas".


Diante disso e considerando a possibilidade de reconhecimento do vício, deve ser retirado da sentença o ponto relacionado a restituição de valores cobrados referentes à taxa de liquidação antecipada do contrato e taxas administrativas no decorrer da contratualidade.


C) TAC E TEC – juntada do contrato – ausência de cobrança


O banco apresentou cópia do contrato entabulado entre as partes, no qual se percebe, às fls. 35/40, que a TAC e a TEC não estão sendo cobradas, ao contrário do alegado pela parte autora.


Assim, razão assiste ao recorrente quando requer a improcedência do pedido da parte autora.


A TAC foi proibida pela Resolução-CMN nº. 3.517/07, por custear atividades de consultas à órgãos de crédito, a cobrança da Tarifa de Cadastro uma única vez cobrada no início do relacionamento banco/cliente, está autorizada através da Resolução n. 3.518/2007 de 30.04.2008, tanto que a legalidade de referida cobrança consta da Súmula 566 do STJ.

III – DISPOSITIVO


Nos termos do voto do Relator, decidiu a Segunda Turma de Recursos, por unanimidade, conhecer do recurso interposto, e dar-lhe provimento, para: reconhecer a nulidade da sentença no ponto que condenou o banco a restituir tarifas não mencionadas na inicial; e julgar improcedente a pretensão da autora no que se refere à restituição da TAC e TEC.


Considerando que o recurso foi acolhido, não há condenação em custas ou honorários.


Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT