Acórdão Nº 5000615-28.2021.8.24.0032 do Quinta Câmara de Direito Público, 02-05-2023

Número do processo5000615-28.2021.8.24.0032
Data02 Maio 2023
Tribunal de OrigemTribunal de Justiça de Santa Catarina
ÓrgãoQuinta Câmara de Direito Público
Classe processualApelação
Tipo de documentoAcórdão










Apelação Nº 5000615-28.2021.8.24.0032/SC



RELATOR: Desembargador HÉLIO DO VALLE PEREIRA


APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU) APELADO: JANETE WOICZAK (AUTOR)


RELATÓRIO


Janete Woiczak demandou o INSS na Comarca de Itaiópolis.
Alegou que sofreu acidente de trânsito e padece por problemas ortopédicos.
Requereu a concessão de auxílio-acidente.
O pedido foi julgado procedente.
A autarquia recorre destacando a incompetência da Justiça Estadual por se tratar de causa de natureza previdenciária, não acidentária. Afirmou, ainda, que não seria sequer o caso de competência federal delegada.
Em contrarrazões foi observado que a causa foi corretamente processada na Comarca, haja vista que se trata de acidente de qualquer natureza

VOTO


1. O caso tem suas particularidades quanto ao fato e ao processo e há necessidade de acomodação das coisas para que se impeça que, aplicada rigidamente a dogmática, haja prejuízo à autora.
Na petição inicial se fala de acidente de trânsito sem adjetivações; quer dizer, não se mencionou um evento in itinere vinculado à profissão. Sendo mais enfático, ali realmente não consta uma menção direta a acidente do trabalho.
Destacado esse aspecto na apelação, nas contrarrazões novamente não se aborda esse aspecto.
Atente-se que não houve anteriormente gozo de benefício infortunístico, muito menos consta CAT ou mesmo algum documento que permita concluir pelo perfil genuinamente acidentário do processo.
Ao que apanho, tudo partiu de um equívoco.
O art. 86 da Lei 8.213/91 desde a alteração pela Lei 9.032/95 passou a atrelar o auxílio-acidente a acidente de qualquer natureza (há, realmente, essa superfetação de termos). Desejou-se vincar que o antigo auxílio-acidente (que era tradicionalmente atrelado somente a acidentes do trabalho) passava a ter abrangência maior. Poderia surgir, sendo insistente, de acidentes do trabalho ou de acidentes de qualquer natureza (por assim dizer, acidentes comuns, sem proximidade com o labor).
Inclusive administrativamente o INSS reconhece as duas modalidades: auxílio-acidente acidentário e auxílio-acidente previdenciário: o primeiro tem o código 94, o segundo, 36.
São dois benefícios com naturezas próprias: um reclama precedente acidente do trabalho; o outro dispensa esse requisito.
Ao que parece, porém, a autora não teve a preocupação quanto esse aspecto, tomando como parâmetro que auxílio-acidente (acidente!) sempre terá vinculação ao direito acidentário.
3. Ocorre que na perícia a autora relatou à médica que o acidente de trânsito se deu quando deixava o trabalho.
Apanho estes trechos (Evento 34, fls. 6):
Na época do acidente trabalhava como socorrista (tec de enfermagem) no SAMU. Fazia os atendimento com motorista quando solicitado. Realizava os atendimentos pré-hospitalares nas residências.
Anamnese:
Refere acidente de trajeto dia 22/01/2013 ao sair da unidade de SAMU
Hipoteticamente isso caracteriza acidente profissional (art. 21, inc. IV, al. d, da Lei 8.213/91).
Só que não...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT