Acórdão Nº 5021795-36.2020.8.24.0000 do Segundo Grupo de Direito Criminal, 28-04-2021

Número do processo5021795-36.2020.8.24.0000
Data28 Abril 2021
Tribunal de OrigemTribunal de Justiça de Santa Catarina
ÓrgãoSegundo Grupo de Direito Criminal
Classe processualRevisão Criminal (Grupo Criminal)
Tipo de documentoAcórdão










Revisão Criminal (Grupo Criminal) Nº 5021795-36.2020.8.24.0000/



RELATOR: Desembargador ERNANI GUETTEN DE ALMEIDA


REQUERENTE: MARISTELA CIZESKI REQUERIDO: Primeira Câmara Criminal - TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA - Florianópolis


RELATÓRIO


Maristela Cizeski, no prazo do art. 619 do Código de Processo Penal, opôs embargos declaratórios ao acórdão que, por votação unânime, indeferiu a revisão criminal por si formulada, conforme ementa que se transcreve:
REVISÃO CRIMINAL. REVISIONANDA CONDENADA PELA PRÁTICA DO CRIME PREVISTO NOS ARTS. ART. 139, CAPUT, C/C 141, INC. II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL. VINCULAÇÃO DA REQUERENTE COM DENÚNCIA FALACIOSA OBJETO DE REPORTAGEM TELEVISIVA, COM INTENTO DE DENEGRIR A REPUTAÇÃO DA OFENDIDA.PRETENSÃO DE ABSOLVIÇÃO COM BASE EM DEPOIMENTO DE INFORMANTE POR CARTA PRECATÓRIA JUNTADA AOS AUTOS POSTERIORMENTE AO JULGAMENTO DA APELAÇÃO CRIMINAL. VERSÃO QUE, ALÉM DE NÃO INFIRMAR QUE A REVISIONANDA NÃO FALSEOU INFORMAÇÕES SOBRE DESTITUIÇÕES DE PODER FAMILIAR EM PROCESSOS EM QUE A OFENDIDA ATUOU COMO MAGISTRADA, NÃO ENCONTRA AMPARO NOS DEMAIS ELEMENTOS PROBATÓRIOS ANGARIADOS NO CURSO DA AÇÃO PENAL.ALEGADA AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. PROSSEGUIMENTO DO FEITO INDEPENDENTE DO RETORNO DA CARTA PRECATÓRIA, APÓS DECORRIDO O PRAZO MARCADO, EXPRESSAMENTE PREVISTO NO ART. 222, § 2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.REVISIONAL INDEFERIDA. (TJSC, Revisão Criminal (Grupo Criminal) n. 5021795-36.2020.8.24.0000, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Ernani Guetten de Almeida, Segundo Grupo de Direito Criminal, j. 30-10-2020).
A embargante requereu o provimento do recurso com a concessão de efeito infringente ao argumento de que o acórdão atacado conteria contradição, pois o depoimento do informante, juntado aos autos após o trânsito em julgado da decisão condenatória, seria suficiente a inocenta-la, pois "[...] dele se extrai que foi o Sr. Nelson o responsável por contatar a rede de televisão que realizou a reportagem e informá-la respeito dos fatos, objetos da queixa-crime [...]". Alternativamente, pleiteou o reconhecimento de nulidade processual por afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa, pois a prova fora requerida em momento oportuno (evento 35).
Este é o relatório

VOTO


A embargante almeja o provimento do presente recurso para reformar a decisão colegiada e reconhecer sua absolvição, diante de prova requerida em momento oportuno e juntada aos autos posteriormente à condenação, ou, alternativamente, o reconhecimento de nulidade processual.
Entretanto, as matérias foram devidamente analisadas quando do julgamento da Revisão Criminal interposta, conforme trecho que se transcreve:
"[...] A requerente alegou que "[...] A nova prova de inocência da Revisionanda é a afirmação da Testemunha NELSON ARNS NEUMANN de que fora o mesmo que teria comunicado à imprensa sobre os fatos que depois foram expostos em programa de televisão, e não a Revisionanda [...]" (evento 1, inic1), evidenciada a ausência de indícios de autoria da mesma.
Em depoimento prestado por Nelson Arns Neumann, juntado à p. 694 dos autos de origem, em que foi ouvido como informante, questionado sobre como tomou conhecimento acerca dos fatos imputados à ora revisionanda, respondeu: "[...] é minha responsabilidade profissional; então eu como coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança sou o responsável dentro do 'Criança Esperança', pelos contatos com a Rede Globo; então a Rede Globo nos procurou por essa situação calamitosa que acontecia em Gaspar então nós fomos informados e inclusive eu participei da entrevista que foi dada ao 'Fantástico' [...]"
Sobre fornecimento de dados aos jornalistas, esclareceu: "[...] a gente forneceu alguns dados e naturalmente a imprensa teve toda a liberdade de trabalhar dentro da [...] desses e outros [fatos] que ela conseguiu apurar durante a investigação [...]"
Perguntado se em algum momento a Maristela teve objetivo de ofender a integridade moral de alguma pessoa, afirmou: "[...] o que eu diria é o seguinte, a Corregedoria encaminhou esse processo da Juíza, então a própria 2ª instância que desaprovou o processo da Juíza por unanimidade encaminhou para a Corregedoria, então esse processo ficou absolutamente claro que a juíza foi incompetente na sua função [...]".
Sobre sua ciência acerca de intenção ou problemas pessoais entre as partes relatou: "[...] o que eu soube por outros é que houve impedimentos, a Juíza, de que a Maristela pudesse intervir porque era função dela como Secretária de Assistência Social, isso a gente ouviu falar; agora, não vejo como pessoal, é uma questão profissional de uma Secretária de Assistência Social que tem a incumbência de cuidar das crianças dentro do município [...]" sendo que o único intuito da mesma seria "[...] o bem-estar da criança e o que aconteceu que foi o retorno dessa criança pra sua família [...]"
Observa-se que, ainda que o informante tenha afirmado ser responsável por realizar os contatos com a...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT