Acórdão Nº 5040217-98.2021.8.24.0008 do Primeira Turma Recursal - Florianópolis (Capital), 07-07-2022

Número do processo5040217-98.2021.8.24.0008
Data07 Julho 2022
Tribunal de OrigemTribunal de Justiça de Santa Catarina
Classe processualRECURSO CÍVEL
Tipo de documentoAcórdão
RECURSO CÍVEL Nº 5040217-98.2021.8.24.0008/SC

RELATOR: Juiz de Direito DAVIDSON JAHN MELLO

RECORRENTE: BANCO DO BRASIL S.A. (RÉU) RECORRIDO: MARIA DA GRACA SCHLOSSER (AUTOR)

RELATÓRIO

Relatório dispensado, a teor do art. 38 da Lei n. 9.099/95.

VOTO

Cuida-se de recurso inominado interposto pelo BANCO DO BRASIL S.A. contra a sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, para "a) DECLARAR a inexistência de relação jurídica entre as partes, relativa ao contrato n. 0142443667; b) CONDENAR a parte ré ao pagamento, em favor da autora, de indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais)" (Evento 19).

Em síntese, o insurgente sustenta (a) a ausência de responsabilidade pelo ato ilícito; (b) a ausência de provas acerca do dano moral; (c) a necessidade de redução do quantum indenizatório caso a condenação seja preservada.

Pois bem.

É incontroverso que o contrato (n. 0142443667) relacionado à dívida (de R$ 6.511,65 - seis mil quinhentos e onze reais e sessenta e cinco centavos) que rendeu ensejo à inclusão dos dados da requerente/recorrida em cadastro de proteção ao crédito foi celebrado por terceiro, mediante fraude. Se isso se sucedeu por meio físico ou digital (como afirmado no reclamo) pouca relevância tem para o reconhecimento da responsabilidade da casa bancária insurgente. Agiu com inegável descuido ao admitir a concessão de crédito em nome da autora (e depois encaminhá-lo a cadastro restritivo) sem exigir maiores esclarecimentos e documentos pessoais (nem mesmo uma cópia do RG, do CPF, de um comprovante de residência, enfim). Não há como considerar essa ocorrência fortuito externo (culpa de terceiro), porque, além de corriqueira na atualidade, sem dúvida se concretizou em razão de sua falta de cautela, da inobservância das regras de due diligence.

No contexto dos autos prevalece a aplicação da teoria do risco da atividade e da Súmula 479 do Superior Tribunal de Justiça (segundo a qual: "as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias").

Nesse sentido:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO DA PARTE RÉ. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE ILICITUDE NA CONDUTA. FRAUDE POR CULPA DE TERCEIROS. ARGUMENTO DE APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, ARTIGO 14, §3°, II. NÃO...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT