Acórdão Nº 5045667-63.2020.8.24.0038 do Terceira Câmara de Direito Civil, 30-08-2022

Número do processo5045667-63.2020.8.24.0038
Data30 Agosto 2022
Tribunal de OrigemTribunal de Justiça de Santa Catarina
ÓrgãoTerceira Câmara de Direito Civil
Classe processualApelação
Tipo de documentoAcórdão
Apelação Nº 5045667-63.2020.8.24.0038/SC

RELATOR: Desembargador SAUL STEIL

APELANTE: EUNICE TEIXEIRA (AUTOR) APELADO: BANCO PAN S.A. (RÉU)

RELATÓRIO

EUNICE TEIXEIRA interpôs recurso de apelação em face de sentença proferida pelo Juízo de Direito da 7ª Vara Cível da Comarca de Joinville, o qual, nos autos da ação declaratória c/c indenizatória n. 50456676320208240038, movida em face de BANCO PAN S.A., julgou o feito extinto, sem resolução do mérito, em razão do não atendimento da determinação de regularização da representação processual da parte autora, mediante juntada de nova procuração, com firma reconhecida em cartório.

Sustentou, em suma, que: a) não se faz presente nenhuma das situações autorizadoras do indeferimento da peça exordial; b) a procuração apresentada atende a todos os pressupostos legais de validade, nos termos do art. 654 do CC.

Requereu, nesses termos, a desconstituição da sentença, com o retorno dos autos à origem para regular prosseguimento do feito sem a necessidade de apresentação de nova procuração.

Foram oferecidas contrarrazões (Evento 46), com alegação preliminar de violação à dialeticidade recursal.

É o relatório.

VOTO

O recurso atende aos requisitos de admissibilidade e dele conheço, afastando-se, de pronto, a preliminar de violação ao princípio da dialeticidade arguida pela parte ré em contrarrazões. Afinal, as razões apresentadas pela parte autora contrapõem-se de forma suficiente às premissas exaradas na sentença, permitindo entrever o foco de sua insurgência e viabilizando a apreciação de seu mérito.

Trata-se de ação por meio da qual a parte autora, alegando ter sido surpreendida com descontos em seu benefício previdenciário referentes a contratos de empréstimo que não celebrou ou não recorda ter celebrado, pretende a declaração de inexistência de relação jurídica controvertida, a restituição em dobro dos valores descontados de seus proventos e a condenação da parte ré ao pagamento de indenização por danos morais.

A sentença, como visto, julgou o feito extinto, sem resolução do mérito, justificando a providência no não atendimento, pela parte autora, de comando exarado em decisão anterior, que determinou a regularização de sua representação processual, mediante juntada de nova procuração, com firma reconhecida em cartório.

Nesse contexto é que tem lugar o recurso de apelação interposto pela parte autora, que tenciona a desconstituição da sentença para que os autos sigam seu curso regular perante o juízo de origem, sem a necessidade de adoção de quaisquer providências adicionais em relação à sua representação processual.

É inegável, pelo compulsar dos autos, que a referida determinação de apresentação de novo instrumento de mandato não restou atendida pela parte autora após ter sido especificamente intimada para tanto.

No entanto, em um exame atento da questão controvertida, antecipo que a inércia da parte foi justificada, tendo em vista que o comando judicial que lhe foi direcionado revela-se desarrazoado e desprovido de alicerce legal.

Para que assim se conclua, é preciso observar, em primeiro lugar que, nos termos do art. 654 do CC, "Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante."

Veja-se, nesse sentido, que a lei dispensa grandes formalidades para a outorga da procuração, que exige, em suma, a capacidade do outorgante e a aposição de sua assinatura. Ainda que seja possível a confecção do instrumento na...

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