Agentes autônomos e plataformas repudiam campanha do Itaú

“Acho interessante o cara que vende capitalização falando mal do cara que vende COE”. Assim Raphael Paschoarelli, professor de finanças da FEA/USP e do Insper, resume a briga aberta pelo Itaú Unibanco na sua campanha que estreou ontem em horário nobre da TV. Com um novo posicionamento para investimentos como pano de fundo, as peças fazem críticas ao modelo de distribuição das corretoras via agentes autônomos de investimentos, num diálogo estrelado pelo ator Marcos Veras nas duas pontas.

O conteúdo expõe potenciais conflitos que saíram das agências bancárias - a venda baseada em metas - para o universo dos assessores de investimentos, que têm a sua remuneração baseada em comissões, parte do spread dos títulos que vendem ou rebates em fundos de investimentos. A categoria se multiplicou com o avanço das plataformas digitais como XP Investimentos, Guide, Órama ou BTG Pactual.

“Acho que o Itaú assimilou o golpe e agora vai para o contra-ataque. É uma nova postura de um banco raiz que nunca tinha feito campanha apontando as mazelas dos concorrentes”, diz Paschoarelli. “Mas eu acho que o Itaú pegou um pouco pesado ao afirmar que o assessor disse que não tinha risco.” Para o professor, os dois lados têm razão porque em toda atividade há bons e maus profissionais.

O mote da desbancarização foi amplamente explorado pela XP, que detém a maior rede de agentes autônomos do país, com quase 7 mil e 680 escritórios plugados a sua plataforma. Uma fatia de 49,9% do negócio foi vendida para o Itaú em 2017. O banco foi diluído na oferta inicial de ações (IPO) feita na Nasdaq no fim do ano passado e permanece como minoritário. Esta força de vendas tem sido responsável pela escalada da XP, que hoje tem R$ 412 bilhões em ativos sob custódia.

Nos últimos anos o Itaú vem se adaptando aos novos tempos e à concorrência das corretoras. Abriu a sua plataforma para fundos e títulos bancários de terceiros. A remuneração dos gerentes passou a ser condicionada a metas de captação e índices de satisfação dos clientes, não mais àquilo que vendem, o que vale para produtos próprios e externos.

A Associação Brasileira de Agentes Autônomos de Investimentos (ABAAI) se manifestou por meio de uma nota nas redes sociais repudiando a propaganda veiculada “injuriando o trabalho de mais de 12 mil profissionais credenciados e certificados”, acrescentando defender a transparência na informação aos seus investidores. “Ao longo da pandemia, os agentes autônomos de investimentos tiveram...

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