Apesar da crise política, cresce número de candidatos

ELEIÇÕES 2016

Crise política, baixa confiança da população nos partidos e fim do financiamento privado de campanha. O cenário da disputa eleitoral deste ano tinha tudo para desmotivar o lançamento de candidaturas. Sem recursos, a saída para as legendas seria reduzir o número de competidores. Mas não foi isso que aconteceu. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que o Brasil terá 485 mil candidatos a prefeito, vice-prefeitos e vereadores, um volume quase 1% maior que o registrado em 2012. O comparativo considera todos os registros antes do julgamento feito pelo TSE, a quem cabe deferir ou não as candidaturas.

Pelos dados, a crise parece ter afetado mais as estratégias do PT. Entre os partidos que disputam prefeituras, a legenda reduziu quase à metade as suas candidaturas. Serão 992 frente aos 1,8 mil de 2012. PTB e PR também apresentam variação negativa no período. Apesar disso, o número de candidatos a prefeito, considerando todos as siglas, é 3% maior este ano. O PMDB lidera a lista com mais de 2,3 mil candidatos.

Para o professor Sérgio Braga, do programa de pós-graduação em ciência política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), os dados sinalizam que o sistema político nacional precisa ser compreendido para além das regras eleitorais e do financiamento de campanha. Segundo ele, o maior número de candidaturas mostra que a crise gerou oportunidade para o surgimento de novos candidatos.

" O sistema político brasileiro passou por uma crise séria nos últimos anos, com manifestações de rua, organização de novos partidos, surgimento de novos atores relevantes. No Brasil, há também o que chamo de motivo “salvacionista”. O sujeito pensa: “sou honesto e cidadão de bem”, logo posso contribuir para a melhoria da sociedade brasileira " diz Braga.

Para Luciana Veiga, professor associada da Universidade Federal do Estado do Rio (Uni-Rio), a queda no número de candidatos petistas a prefeito reflete a crise pela qual passa o partido, com os efeitos da Operação Lava-Jato e o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.

" O desgaste do PT não se verifica de forma uniformizada. Há mais rejeição em Santa Catarina e menos em Pernambuco, apenas para ilustrar. Diante desse quadro, ficou mais difícil para o PT montar coligações e encabeçar chapas. Pode haver situações...

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