Após interferência, Petrobras perde mais de 20%, Ibovespa cai 5% e dólar sobe

A troca de comando na Petrobras por iniciativa do presidente Jair Bolsonaro, bem como outras declarações suas sugerindo que haverá novas mudanças na estatal e possivelmente intervenções no setor elétrico, deterioraram o sentimento de investidores em relação a ativos brasileiros.

A crise leva as ações da Petrobras a perder cerca de 20%, se estende para todo o mercado financeiro e derruba também outras estatais e o Ibovespa. O dólar abriu acima de R$ 5,50 e só moderou o avanço após atuação do Banco Central no mercado. E os juros futuros reagem ao aumento do risco e também sobem.

Os investidores continuam a digerir a decisão de Bolsonaro de indicar, na sexta-feira, o general Joaquim da Luna e Silva para a presidência da estatal, no lugar de Roberto Castello Branco. Na manhã de hoje, Bolsonaro voltou à carga, criticando Castello Branco por trabalhar remotamente na pandemia e dizendo que ele ganha R$ 50 mil por semana. Segundo Bolsonaro, a atual política de preços da companhia atende a certos grupos e a Lei de Responsabilidade Fiscal prevê que, em estado de calamidade pública, a companhia “deve olhar para outros objetivos”.

A canetada do presidente sobre a estatal tem implicações mais amplas, nota a Capital Economics. "A decisão de Bolsonaro aponta para uma maior intervenção do governo na economia e pode ser um prelúdio de maior afrouxamento fiscal também. Isto sugere que os mercados financeiros locais devem se manter sob pressão e eleva as chances de uma alta da Selic já na próxima reunião do Copom, em março", diz a consultoria em relatório.

Por volta das 13h30, o principal índice da bolsa tinha queda de 5,20%, aos 112.272 pontos, com giro intenso de R$ 28 bilhões e projeção de chegar a R$ 64,716 bilhões no fim do dia.

As ações da Petrobras lideram o movimento - tanto de queda da bolsa quanto de volume de negociação. Há pouco, Petrobras ON tinha perda de 20,66%, aos R$ 21,50, enquanto Petrobras PN recuava 20,53%, aos R$ 21,72 - o giro na preferencial chegava ao valor significativo de R$ 6 bilhões. O movimento reflete ainda uma série de rebaixamentos de recomendação por parte de bancos e corretoras.

É a maior desvalorização dos papéis para um dia só de negociação desde março de 2020 quando o mercado sofria os piores momentos da crise deflagra pela pandemia da covid-19. O tombo das ações em dois dias - até a mínima do de hoje - é de 27% e 21%, respectivamente.

Com isso, em apenas dois pregões, a Petrobras já perdeu R$ 100 bilhões em valor de...

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