Arquitetura de Fóruns e Tribunais

AutorLuiz Guilherme Marques
Páginas171-172
arquitEtura dE fóruNs E tribuNais
Há assuntos que podem ser tidos como mera fantasia de sonhador, mas
que, na verdade, são muito mais importantes do que muita gente ima-
gina: um deles é a arquitetura dos prédios onde funcionam os departamentos
da Justiça.
Comecemos por fazer uma comparação: a arquitetura dos “shopping cen-
ters”, por exemplo, costuma ser de tal qualicação que qualquer pessoa que
entre em um deles tende a sentir-se tão bem a ponto de querer passar ali
um dia inteiro sem o mínimo desejo de ir embora. Os atuais grandes su-
permercados também têm primado por essa qualidade arquitetônica, numa
combinação de formas e cores, que prendem as donas de casa por horas a
o, levando-as a comprar até o desnecessário.
Por que, então, nos prédios onde funcionam os setores do Serviço Pú-
blico, inclusive os da Justiça, não se investe nesse tipo de qualidade arquite-
tônica?
Em primeiro lugar é preciso denir-se o que se pretende com a Justiça:
se a proposta é de impactar a sensibilidade das pessoas impondo-lhes o cha-
mado “respeito” à moda dos tempos passados, em que a Justiça priorizava o
caráter punitivo, castigador, então, nesse caso, deve-se continuar a construir
prédios com as características imponentes, opressoras, dos tempos passados,
que deprimem os cidadãos que ali ingressam e, realmente, a maior parte da
população faz questão de nunca entrar em nenhum fórum ou tribunal, sen-
tindo verdadeiro mal estar.
Se, ao contrário, pretende-se transformar as “casas da Justiça” em ambien-
tes de “cura” da desonestidade, da agressividade, do espírito demandista, o
tipo de construção tem de ser totalmente diferente.
Compete, então, aos arquitetos, engenheiros, cromoterapeutas, terapeu-
tas holísticos, psicólogos, médicos psiquiatras e neurologistas e outros pro-
ssionais da engenharia e da saúde coletar infor mações e, trabalhando em
equipe, idealizar uma arquitetura em que se consigam resultados positivos
para a indução à honestidade, à calma e ao espírito conciliador.
Há tempos atrás escrevi um artigo intitulado “Judiciário cor de rosa”, basea-
do em estudos realizados nos Estados Unidos, que culminaram na utilização
de um tom especíco de rosa, de efeito calmante, em diversas penitenciárias
e hospitais psiquiátricos naquele país, onde não se “rasga dinheiro” e que não
tem tendências místicas, mas sim puramente pragmáticas.
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