As categorias históricas do trabalho nos censos latino-americanos

AutorAndré Gambier Campos
CargoDoutor, Técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em Brasília
Páginas153-157

Page 154

Este documento enfoca o histórico das categorias analíticas de trabalho nos censos demográficos de alguns países latino-americanos. Mais do que trazer respostas definitivas, ele procura abrir espaço para perguntas sobre como, desde o início do século XIX, evoluíram as categorias relativas ao trabalho nos censos.

Em verdade, este artigo integra um esforço de elaboração de uma agenda de pesquisa, que ainda está por se desenvolver no futuro. Uma agenda preocupada com a história das estatísticas censitárias; sendo estas compreendidas não como instrumentos, mas sim como objetos de análise (SENRA, 2008).

De início, diga-se que a realização de censos foi uma preocupação de diversos países latino-americanos, desde seu surgimento como nações independentes no século XIX. Esses censos permitiram que os Estados conhecessem seus cidadãos — em termos de agregados, distribuições e perfis —, o que se revelou crucial para sua estruturação (SENRA, 1996, 1998, 1999, 2002)

Nesse sentido, o México realizou um censo, com características ‘modernas’, no ano de 1895. O Brasil efetuou um censo desse tipo um pouco antes, no ano de 1872. Já o Chile realizou um censo muito antes, no ano de 1813. Desde então, esses países dedicaram-se a efetuar recenseamentos, que estiveram a cargo de órgãos estatais e especializados na produção de informações (IBGE, 2006; INE, 2009; INEGI, 1996; SENRA, 2009).

Como características gerais de tais censos, que se tornaram mais claras no decorrer do tempo, talvez se possam mencionar as seguintes: informações coletadas por funcionários estatais, com periodicidade quase decenal, mediante a realização de entrevistas domiciliares, abrangendo toda a população e todo o território, com uso de métodos de levantamento planejados, por meio de instrumentos de coleta padronizados, seguindo os cânones internacionais e enfocando aspectos cada vez mais numerosos e complexos da vida da população (SENRA, 1999).

A respeito desta última característica, vale ressaltar que, de modo crescente ao longo do tempo, os censos se constituíram em pesquisas de múltiplos propósitos. Com eles, os Estados pretenderam recolher informações sobre o tamanho da população, sua localização no território, seu perfil e assim por diante. Ademais, informações não só sobre a população em sentido estrito, mas também em sentido ampliado, incluindo sua habitação, seu entorno geográfico, entre outros temas.

Com uma abordagem histórica, a agenda de pesquisa descrita neste artigo pretende verificar como as categorias analíticas de trabalho, utilizadas pelos censos latino-americanos, variaram no decorrer do tempo, ou seja, tal agenda almeja focar sua atenção em temas relacionados à inserção da população no mercado laboral (participação, desocupação, ocupação, rendimento etc.). Dessa forma, não se...

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